Lula tem que demitir Lupi
Tão logo estourou o escândalo do INSS, desvio de quase R$ 7 bilhões de contribuições de sacrificados aposentados e pensionistas manipulados por quadrilhas, o Governo Lula e aliados se encarregaram de jogar a roubalheira no colo dos governos passados, sustentando que tudo começou em 2016, no Governo Michel Temer.
Mas nada melhor do que um dia atrás do outro. A TV Globo descobriu que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, foi informado sobre o aumento das denúncias de fraude nos descontos dos benefícios de pensão e aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mas levou cerca de um ano para tomar providências.
A ata de uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social de junho de 2023 mostra que a representante do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), Tonia Galleti, levou o problema ao ministro. O conteúdo do documento foi noticiado pela TV Globo com exclusividade. Galetti havia pedido a inclusão do tema na pauta daquela reunião, mas a solicitação não foi aprovada porque os temas já tinham sido definidos.
Diante disso, ela reforçou o pedido de discussão sobre os Acordos de Cooperação Técnica das entidades que possuíam desconto de mensalidade junto ao INSS. Ela requisitou que fossem apresentadas a quantidade de entidades que possuíam acordos com o INSS, a curva de crescimento dos associados nos últimos 12 meses e uma proposta de regulamentação que trouxesse maior segurança aos trabalhadores, ao INSS e aos órgãos de controle.
De acordo com o documento, o ministro registrara que a solicitação do sindicato era relevante, mas que não haveria condições de fazê-la de imediato, “visto que seria necessário realizar um levantamento mais preciso”. Na ocasião, Lupi solicitou que o tema fosse pautado como primeiro item da reunião seguinte. No entanto, o assunto não foi discutido e só entrou na pauta do Conselho em abril do ano passado.
Ou seja, tudo leva a crer que Lupi está envolvido até o talo com a quadrilha, até porque resistiu em aceitar a demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que, segundo a Polícia Federal, sabia de tudo e escondeu debaixo do tapete. Ambos têm culpa no cartório. O primeiro já foi degolado. Resta saber até quando o presidente Lula vai deixar a Previdência sangrando e nas mãos de um suspeito.
ACREDITE SE QUISER
Procurado pela Folha de São Paulo, o ministro Lupi afirmou que o INSS realizou uma auditoria para apurar denúncias de descontos irregulares. Ele disse que, ao longo desse trabalho, o diretor de Benefícios do instituto foi exonerado “para que conseguíssemos ter um diagnóstico e tomar as providências cabíveis”. O caso é investigado pela CGU (Controladoria-Geral da União) com a Polícia Federal. A operação Sem Desconto, que deu luz ao caso, calculou que entre 2019 e 2024 foram descontados R$ 6,3 bilhões em benefícios previdenciários.

Demitido na gestão Dilma
No final de 2011, na gestão de Dilma, Carlos Lupi, então ministro do Trabalho, foi demitido por corrupção, acusado de irregularidades em convênios firmados pela pasta com Organizações Não-Governamentais (ONGs). Segundo as acusações, assessores do ministro cobravam propina para resolver pendências de ONGs com o ministério. Tudo com o conhecimento de Lupi. A situação do ministro se agravou com a divulgação de imagens que contrariam a versão de que ele não teria usado, em 2009, um avião providenciado por dono de ONG que tinha convênios com a pasta.
Fantasma do PDT
Segundo foi noticiado na época, Lupi era assessor-fantasma do PDT na Câmara dos Deputados em Brasília. O pedetista teria acumulado ilegalmente cargos em Brasília e no Rio. A Comissão de Ética da Presidência recomendou a exoneração dele, após entender “que não tinha explicado a base das acusações, que era a série de convênios irregulares firmados com pessoas do seu partido”, afirmou Sepúlveda Pertence, presidente da Comissão. Dos 37 ministros de Dilma, ele foi o sétimo a cair.
Por Magno Martins
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