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terça-feira, 15 de abril de 2025

CRISE NA EDUCAÇÃO NO GOVERNO LULA

Universidades federais no Estado alertam: se não aumentarem os orçamentos das universidades ainda este ano, poderá faltar dinheiro pros contratos, pagamentos e assistência

Reitores da UFPE, URFPE, Univasf e Ufap se reuniram para cobrar recompoisição de orçamento ao Governo Lula (Foto: Rafael Vieira/DP )


Representantes da UFPE, UFRPE, Univasf e Ufap participaram de reunião e cobraram ao Governo Lula a recomposição do orçamento


Os reitores das universidades federais em Pernambuco fizeram uma alerta, nesta terça (15): não há recursos para cumprir contratos, efetuar pagamentos e garantir a assistência aos estudantes.

Em entrevista coletiva, na sede da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o reitor Alfredo Gomes declarou: 
"Se não houver reajustes nos repasses pelo Governo Federal, só temos verbas até agosto. Depois, vamos ter que fazer cortes e atingiremos contratos e assistência estudantil".

Na Rural, os recursos existentes só cobrem o previsto para oito meses. 
 
Encontro 

Além de Gomes, participaram da coletiva da reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Maria José Sena, o reitor da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), Télio Nobre Leite,  e da Ufap, Airon Aparecido Silva de Melo. 

Ainda de acordo com Alfredo Gomes,  na UFPE a situação é "de muita dificuldade". 

"O nosso orçamento de 2025 é menor do que o orçamento de 2024, estamos também funcionando à base de 1/18 avos por mês. Ou seja, o recurso que é para, normalmente, ser executado em um ano,  está previsto para ser executado em um ano e meio. "Isso é absolutamente inviável para você honrar os contratos e compromissos da universidade para mês a mês". 
 
Ele divulgou alguns dados sobre o orçamento da instituição e falou sobre as perdas orçamentárias.
 
"Nesses R$ 8 milhões que perdemos, R$ 2,1  são de assistência estudantil. Também  perdemos do funcionamento da universidade, de maneira geral, R$ 4.6 milhões, que é para os contratos. E outras ações, que tem outras rubricas, mais R$ 1,3 milhão".  

Fazendo uma projeção e tomando como base a recomposição pela inflação, Gomes disse que  o orçamento da universidade deveria ser hoje, de R$ 395 milhões. 

Rural 

Reitora da UFRPE, Maria José Sena afirmou há um dado "muito preocupante":  "Daqui a pouco, a gente não vai ter mais como nem abrir a universidade no mês de janeiro e 2026". 
 
A gestora disse, ainda, que a UFRPE está com aviso de corte de energia. “Nós estamos hoje devendo todos os contratos.” 
 
Sena alertou também que o orçamento só cobre oito meses de despesas. "A  gente não consegue fechar o ano de jeito nenhum”, ressaltou. 
 
Atualmente, segundo ela, a  Rural tem uma dívida de R$ 7,7 milhões, só de 2024. 
 
A instituição precisa, ao todo, de UFRPE precisa de R$ 32 milhões para quitar as dívidas de 2024 e terminar este ano. 
 
Univasf
 
Reitor da Univasf, Télio Nobre afirmou que é "desafiador" conseguir dar conta desse débito no próprio orçamento de 2025.
 
A gente entrou em 2025, reduzindo cerca de 35% desses contratos, com dedicação exclusiva de mão de obra, com a proposta de redução de 10% dos contratos, serviço continuado, como  água, energia, por exemplo, gerenciamento da frota, passagens diárias. Buscamos  reduzir mais de 40% das demais despesas", disse. 
Ainda segundo o reitor, a instituição só tem recursos para  mais quatro a  seis meses, entre agosto e setembro.
 
“As universidades não vão fechar. Os reitores estão comprometidos, mas a situação está piorando. O governo precisa estar atento para aliviar nossa situação”, declarou. 

“São os contratos principais: pagamento de serviços terceirizados de mão de obra, de educação exclusiva, vigilância, motorista, limpeza, manutenção. Também os relativos pagamentos de água, energia. Nesse últimos caso, é vão quase 30% do nosso custo", afirmou Télio.  
 
Ufape

O reitor da Ufape afirmou que, depois de agosto, a situação ficará insustentável. "Não aguentaremos mais”, disparou Airon Melo. 
 
Recomposição
 
No encontro dos reitores, Gomes ressaltou a importância de apelar ao Ministério da Educação e ao Governo Federal  para conquistar a  recomposição orçamentária imediata. 
 
Sobre a dificuldade de honrar compromisso, ele afirmou que a UFPE não tem recurso para pagar as revisões de  contratos. São R$ 9 milhões. 
 
A universidade tem mais de 60 contratos, ao todo. Somando com a assistência estudantil, os custos chegam a R$ 13 milhões ao mês. 
"Nosso orçamento disponível hoje é em torno de R$ 10 milhões. A gente tem que ajustar e negociar, obviamente, para fazer isso", acrescentou.  
 
Para ele, a situação é "absolutamente insustentável e incompatível com o papel histórico, acadêmico, científico, das universidades federais". 
 
Gomes disse, ainda, que a  reunião desta terça representa  um movimento dos reitores do Estado de Pernambuco, que , "dizendo claramente para as universidades também que cheguem junto nesse processo, para a nossa associação e também obviamente para o governo que precisamos atuar fortemente para a recomposição do orçamento".

Dados
 
O reitor da UFPE informou que, em 2014, o orçamento da universidade era de R$ 213 milhões. Em 2025, ele é de R$ 170 milhões. 
 
"Temos mais de R$ 40 milhões a menos. De lá pra cá, não apenas melhoramos em termos de qualidade, vocês viram avaliações dos cursos recentemente, mas temos mais graduação, mais custo de graduação, temos mais laboratórios, temos mais progresso pós-graduação e obviamente isso não casa com diminuição do orçamento". 
 
Por fim, ele declarou: "É preciso crescer o orçamento e crescer de forma responsável, com pré-visibilidade, para que nós possamos atuar obviamente e prestar o serviço de relevância que sempre prestamos aqui no estado e no Brasil".
 
Perfil
 
A UFPE possui 13 centros acadêmicos distribuídos nos três Campi: Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru. 
 
São 109 cursos de graduação, sendo 104 cursos na modalidade presencial e 5 cursos na modalidade a distância.
 
"Temos 42 mil estudantes, sendo 8 mil  de pós-graduação, mestrado, doutorado e 33 mil  estudantes de graduação", afirmou Alfredo Gomes.

Por: Nicolle Gomes 

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