Em meio a manifestações, Câmara de Olinda aprova Títulos de Cidadão para Bolsonaro e João Campos
Rafael Vieira/DP Foto
Único voto contrário à honraria para o ex-presidente foi da vereadora Eugênia Lima (PT)
Apesar das manifestações em frente à Câmara Municipal de Olinda e nas galerias da Casa, os vereadores aprovaram a entrega de um Título de Cidadão Olindense para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (8), por 14 votos contra um. Curiosamente, o projeto que homenageia o prefeito do Recife, João Campos (PSB), com a mesma honraria também foi aprovado na sessão, por unanimidade.
A única parlamentar que se opôs ao título para Bolsonaro foi Eugênia Lima (PT). Seu voto, inclusive, foi motivo de discussão no plenário. A vereadora pediu para justificar sua posição, mas foi impedida pela Mesa Diretora, sob a justificativa de que o momento já teria passado e que ela estaria “descumprindo o regimento interno”.
“Isso é um atentado à nossa democracia. Bolsonaro está sendo acusado de fazer parte de uma organização criminosa que tentou matar o atual presidente, vice-presidente e de um ministro do Supremo, além de tentar dar um golpe de Estado. Se estivéssemos vivendo esse golpe, a Câmara nem aqui estaria. Fico muito surpresa porque Olinda é uma cidade revolucionária, ao longo da história ela é conhecida com as lutas libertárias. É inadmissível termos que entregar esse título”, disse Eugênia.
A deputada estadual Dani Portela (PSOL) participou do protesto e acompanhou a sessão no plenário da Câmara Municipal. Ela repudiou a atitude da Mesa Diretora e defendeu a petista.
A proposta de homenagem a Bolsonaro é de autoria do vereador Alessandro Sarmento (PL). Ele defendeu o princípio democrático do Legislativo, composto por representantes de todos os lados do espectro político.
“Somos eleitos com votos proporcionais. Eu represento o voto dos patriotas, conservadores e cristãos. Nada mais justo do que a democracia que dá um passo gigante hoje aqui em Olinda. É natural que as forças contrárias queiram se opor, mas hoje a democracia prevaleceu e Jair Bolsonaro é o mais novo cidadão olindense”, afirmou.
Ainda, Sarmento comparou a batalha judicial de Bolsonaro à história do povo olindense. O ex-presidente da República é réu, acusado de comandar a tentativa de golpe de Estado em 2022, e está inelegível até 2030.
“O título representa, hoje, a luta de Bolsonaro pela liberdade. Essa perseguição que ele está sofrendo é digna do que o olindense sofreu no passado: os índios Caetés, os índios Tabajara e a própria Guerra dos Mascates. Quando nós expulsamos os holandeses de Olinda, mostramos mais uma vez a hegemonia e soberania do povo olindense”, declarou.
Manifestações
Dani Portela e Eugênia Lima lideraram os protestos, mobilizando a população para pressionar os demais vereadores a se opor à proposta. Nos cartazes, os manifestantes também expuseram mensagens contra a anistia dos condenados pelo 8 de janeiro e dos acusados por comandar a trama golpista.
Manifestantes bolsonaristas também marcaram presença na frente da Câmara para celebrar a homenagem ao ex-presidente e contrapor aos protestos de esquerda, mas foram minoria nas galerias.
De acordo com informações extraoficiais, a Câmara teria barrado a entrada de manifestantes na Casa e desligado os ar-condicionados do plenário.
Por: Guilherme Anjos
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