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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

PONTES DO RECIFE

Conexões do passado ao presente: a história das pontes que transformaram o Recife

                                            Ponte da Torre antigamente (Foto: Arquivo DP)

 

Relembre as histórias da Ponte Giratória, Ponte da Torre e Ponte Buarque de Macedo nesta terceira matéria sobre as pontes do Recife 

 

Matéria sobre as pontes do Recife, serão abordadas as histórias de três estruturas emblemáticas que marcam a paisagem e a cultura da cidade: a Ponte Giratória, a Ponte da Torre e a Ponte Buarque de Macedo. Cada uma delas carrega consigo narrativas de transformação urbana, avanços e o dinamismo de uma cidade cercada por rios.

Como citado no texto anterior, a Ponte Maurício de Nassau, localizada no Centro do Recife, foi a primeira ponte de grande porte da América Latina e deu o pontapé para que novas estruturas do tipo fossem construídas na cidade.

“Essas pontes existem no Recife por uma característica elementar que já tinha sido identificada por Maurício de Nassau. Ao todo, a gente tem mais de 40 pontes, envolvendo pontilhões e pinguelas. As que chamam mais atenção estão situadas na área central. O Recife tem uma estrutura como se fosse um um grande arquipélago, cheio de ilhas”, destaca Edvania Torres, professora de Geografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

Desde o período colonial, essas estruturas permitiram a integração das diversas ilhas que compõem o Recife, facilitando o fluxo de pessoas, mercadorias e ideias. Ao longo dos séculos, a edificação de novas pontes continuou a promover a mobilidade urbana e a expansão da cidade.
 
Ponte Giratória
 
 (Foto: Arquivo DP)
Foto: Arquivo DP
 
Oficialmente nomeada como Ponte 12 de Setembro, a Ponte Giratória liga os bairros de São José e do Recife, cortados pela foz do Rio Capibaribe. Foi construída em 1920 e inaugurada em 5 de dezembro de 1923 e tinha a capacidade de girar para permitir que embarcações passassem pelo rio.

Era uma estrutura rodo-ferroviária e era composta por três lances, sendo um giratório que se locomovia, tornando possível a passagem de barcos veleiros que tinham como partida ou destino os cais fluviais da capital, como o Cais da Alfândega.

“Ela foi instalada após a reforma do porto do Recife exigir a conexão entre o Bairro do Recife e o Bairro de São José, onde foram instalados alguns armazéns do porto que chegaram até os nossos dias. Vale salientar que durantes séculos embarcações de menor calado fundeavam nesse trecho final do rio, onde desembarcavam cargas e pessoas em diversos cais”, explica o professor de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do Instituto Arqueológico, George Cabral. 
 
O historiador destaca que “o mecanismo de giro parou de funcionar por falta de uso, quando o acesso das embarcações deixou de ser necessário. A estrutura de ferro começou a ficar obsoleta e foi substituída por uma ponte de concreto armado, também rodo-ferroviária, que foi solenemente inaugurada em 10 de março de 1971”.

“Ela é um importante elemento articulador na dinâmica dos bairros centrais, principal entrada no bairro do Recife para que vai da Zona Sul”, complementa a professora do Laboratório de Estudos e Ensino sobre o Recife (RecLab) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Mariana Zerbone.

Atualmente, a Ponte Giratória passa por reformas em sua estrutura, de responsabilidade da Prefeitura do Recife, que estimou a entrega para 2026.

Ponte da Torre
 (Foto: Arquivo DP)
Foto: Arquivo DP

A Ponte da Torre foi palco de uma das histórias mais emblemáticas do Recife. A estrutura iria passar por uma reconstrução pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), que visava elevar a ponte. Para isso, seria necessário fazer a demolição dela.
 
A empresa encarregada trouxe um renomado engenheiro japonês, especialista no assunto, que já havia realizado implosões de grandes edifícios em São Paulo. O ato foi amplamente divulgado e atraiu os moradores do Recife, que queriam ver de perto os explosivos em ação. 

Em janeiro de 1978, centenas de pessoas se reuniram para ver a explosão. O barulho foi alto, mas após a poeira abaixar, viu-se que a ponte não havia caído. Enquanto isso, vaias foram ouvidas como forma de reprovação pelo trabalho do engenheiro. 

Houve uma segunda tentativa de demolir a ponte da mesma maneira, mas sem sucesso. A ponte continuou no mesmo lugar e é utilizada até hoje por pedestres e automóveis. 

Em 2019 a Ponte da Torre passou por uma reforma de responsabilidade da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). Os serviços contemplaram a recuperação dos tubulões, das travessas, transversinas e do tabuleiro da ponte, a substituição dos apoios, e a pintura de proteção em todo serviço realizado. Foram investidos mais de R$ 5 milhões.
 
Ponte Buarque de Macedo
 
 (Foto: Diógenes Montenegro/DP )
Foto: Diógenes Montenegro/DP

A Ponte Buarque de Macedo atravessa o Rio Capibaribe, ligando os bairros do Recife e Santo Antônio. Com uma extensão de 288,30 metros, é a ponte mais longa entre as situadas no centro do Recife.
 
Originalmente, em 1845, foi construída uma ponte de madeira conhecida como "Ponte Provisória". Por determinação de Buarque de Macedo, então ministro dos transportes, e sob a supervisão do engenheiro Alfredo Lisboa, a construção da ponte definitiva foi iniciada em 1882 e recebeu o nome do ministro. 

A inauguração oficial ocorreu em 20 de outubro de 1890. Ela foi reconstruída em 1922, no governo de José Rufino Bezerra Cavalcanti e reinaugurada em 1923, na administração do governo sucessor Sergio Loreto.

Em 2023 a ponte passou a ter mão dupla e teve o tráfego invertido.

As duas matérias que contam um pouco sobre a história das pontes do Recife mostram como estas estruturas foram moldadas e se tornaram cada vez mãos essenciais para a funcionalidade da cidade. Na próxima reportagem, será mostrado como as pontes contribuem para o turismo e dia a dia das pessoas. 
 
Por: Adelmo Lucena

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