A lógica e o risco da filiação ao PSD
Partido que protagonizou a política brasileira junto com o PT nos anos 1990, 2000 e começo dos anos 2010, o PSDB não elegeu um só prefeito de capital nas eleições municipais deste ano. Há quatro anos, havia conseguido emplacar quatro. Era a segunda legenda com mais prefeitos em capitais, atrás apenas do MDB. Neste ano, os tucanos só elegeram dois prefeitos em primeiro turno nas 103 maiores cidades brasileiras, aquelas que têm mais de 200 mil eleitores — Santo André (SP) e Caruaru.
O partido já vinha definhando municipalmente mesmo antes da eleição. Das 17 grandes prefeituras que conquistou há quatro anos, só manteve dez. O maior símbolo do fiasco está em São Paulo, cidade em que o PSDB venceu nas duas últimas eleições, com João Doria em 2016, no primeiro turno, e Bruno Covas em 2020.
Neste ano, o deputado federal Aécio Neves (MG) e o presidente da legenda, Marconi Perillo, que são alguns dos poucos líderes históricos que restam no partido, patrocinaram a filiação e a candidatura de José Luiz Datena, que antes havia se filiado ao PSB, com a perspectiva de ser vice na chapa de Tabata Amaral.
Completando uma dezena de partidos em menos de dez anos, Datena havia antes ensaiado por quatro vezes se candidatar a um cargo eletivo, sempre desistindo na última hora. Desta vez foi até o final, mas amargou a quinta colocação na disputa, com 112.344 dos votos, o equivalente a 1,84% do total. O próprio ex-apresentador qualificou seu desempenho como “péssimo” e “horrível”.
E AGORA, PREFEITOS?
Se trocar o PSDB pelo PSD, como se especula, o que a governadora Raquel Lyra dirá aos 32 prefeitos que a legenda tucana elegeu entre o primeiro e o segundo turno no Estado, incluindo Paulista, cidade de maior expressão? Terá sido em vão, igualmente, o trabalho competente – e de formiguinha – feito pelo presidente estadual tucano, Fred Loyo, um dos principais responsáveis pela aderência que o partido conquistou no Estado no pleito municipal?
Entre o discurso e a realidade
Por falar em Fred Loyo, em entrevista ao Frente a Frente, tão logo foram abertas as urnas do segundo turno em Pernambuco, no qual o PSDB saiu vitorioso em Paulista, o dirigente estadual da legenda atribuiu o crescimento de cinco para 32 prefeituras à força e liderança da governadora Raquel Lyra. Dá para entender o abandono da legenda pela governadora depois de criar o discurso diante do PSB, seu principal adversário em 2026, de que elegeu o maior número de prefeitos nas eleições municipais deste ano?
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