Alepe aprova fornecimento de medicamentos derivados de cannabis em Pernambuco
Blog Dantas Barreto
Derivados da Cannabis são utilizados por pessoas com deficiência, patologias associadas a dores crônicas, crianças com microcefalia e autismo severo
O projeto de lei que regulamenta a Política Estadual de
Fornecimento de Medicamentos e Produtos à Base de Cannabis foi aprovado
por unanimidade, em primeiro discussão, pela Assembleia Legislativa de
Pernambuco (Alepe) nesta segunda-feira (4).
A proposta visa garantir o fornecimento gratuito dos remédios pela rede estadual de saúde.
Por serem muito caros, inclusive importados, os fármacos são de difícil acesso às pessoas de baixa renda.
Os
derivados da Cannabis, como o canabidiol e tetrahidrocanabinol, são
utilizados por pessoas com deficiência, patologias associadas a dores
crônicas, crianças com microcefalia e autismo severo.
Na
próxima semana, o projeto de lei será votado em segunda discussão. Como
foi aprovado por unanimidade, a tendência é que o resultado seja
mantido para ir à sanção da governadora Raquel Lyra (PSDB).
Autoria
O
texto aprovado une o substitutivo ao Projeto de Lei Ordinária Nº
1803/2024, de autoria de João Paulo e o PL 474/2023, de Luciano Duque
(SD).
“A
aprovação dessa lei é a democratização do acesso a um medicamento
natural, derivado de plantas. Estamos dando um olhar para a saúde das
pessoas. Há uma quebra de paradigmas, inclusive, com a compreensão da
bancada evangélica de que os farmacoquímicos não resolvem os problemas. O
remédio natural é caro e à medida que se democratiza o acesso, a
tendência é reduzir o custo”, salientou Duque.
Na
avaliação de João Paulo, a aprovação do projeto “foi crucial para os
pacientes que sofrem muito e possibilita que o Estado forneça”.
“Pernambuco
e, especialmente, a Assembleia dão um exemplo com essa aprovação por
unanimidade. Foi um avanço significativo”, acrescentou.
De
acordo com o deputado, entre 2022 e 2023, o Estado pagou mais de R$ 1,5
milhão por medicamentos, após decisões judiciais favoráveis aos
pacientes.
Beneficiadas
A auxiliar administrativa Cristina Maria do Nascimento acompanhou a votação do projeto e comemorou a aprovação.
Ela
sofre de dores crônicas, depressão e ansiedade e como está desempregada
ficou sem condições de comprar o medicamento à base de cannabis.
“Eu
comprava o medicamento por R$ 220 e quando perdi o emprego procurei a
Associação Aliança Medicinal e consegui entrar no grupo de cota de
pessoas com baixa renda. Esse óleo é muito importante parque me ajuda a
dormir melhor, mudou a minha qualidade de vida. Quando tomava
medicamentos químicos só fazia me intoxicar e não resolvia meu
problema”, contou Cristina.
A Associação Aliança Medicinal citada tem sede em Olinda e foi fundada em 2020 por Hélida Lacerda.
Ela
relatou que tem um filho com três patologias, e como não tinha
condições de comprar o fármaco, começou a plantar cannabis em casa e
produzir o óleo.
Outras mães a procuraram, e foi daí que surgiu a iniciativa de criar a Associação.
“Atualmente, a Associação Aliança Medicinal é a única autorizada em Pernambuco a plantar
cannabis e produzir o medicamento. Temos sete mil associados em todo o
Brasil e fornecemos gratuitamente para 700 pessoas”, contou Hélida.
Ela
disse que os preços dos medicamentos vendidos pela associação varia
entre R$ 150 e R$ 190, mas o preço de mercado, principalmente dos
produtos importados, supera R$ 1 mil, e isso dificulta o acesso.
“Esse projeto vai garantir às pessoas de baixa renda o fornecimento através do SUS”, ressaltou.
Por: Ricardo Dantas Barreto
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