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domingo, 3 de novembro de 2024

ABSURDO QUE NINGUÉM RESOLVE

Paciente paga R$ 1.200 mensais a plano de saúde e não consegue atendimento

Há quem diga que criou-se uma indústria de ações judiciais contra os planos privados de saúde. Com certeza, motivo, as pessoas têm de sobra, para tentar reparar injustiças por eles cometidas. Porque ninguém vai perder tempo, ter dor de cabeça, e gastar dinheiro com advogado se estiver satisfeito com o cumprimento de seus direitos. Paga-se caro, mas em boa parte deles, há uma grande dificuldade na hora em que o segurado precisa de atendimento médico, hospitalar, cirurgias.

A reclamação mais recente vem de Genival Paparazzi, fotógrafo autônomo, que há uma semana  pena no Recife em busca de atendimento para sua mãe de criação, Maria Tereza Vieira, que encontra-se com uma série de problemas de saúde, que terminaram com o desconforto de uma “acentuada ascite”, segundo atesta o resultado de ressonância magnética da pelve. 

A ascite é caracterizada por líquido no abdômen decorrente de doenças que vão de insuficiência renal ou hepática ao câncer. Segundo a paciente, ela vem peregrinando em busca de atendimento há uns três meses, mas a procura se intensificou a partir do último sábado, quando seu estado de saúde piorou. Com 74 anos, perdeu muito peso com a doença, mas está cansada de rodar. Conforme o filho, ela paga R$ 1.200 mensais ao plano de saúde com muito sacrifício. Porém na hora que precisa de médico é mais difícil  conseguir um do que se fosse no SUS. Ele  relatou que nesta semana houve dia que chegou às 16h no HapVida, mas saiu meia noite, sem atendimento.

Disse, ainda, que precisou pegar um táxi para peregrinar por outras unidades do Hapvida, porque não havia ambulância disponível para o transporte da paciente. “Foram momentos sofridos. Ela está magrinha, a barriga imensa, precisando de cirurgia para tirar dois miomas e vai ter que esperar até o dia 6 de novembro para ser atendida”, reclama Paparazzi, que contou o calvário enfrentado nesta semana para minorar o sofrimento da mãe. “Os miomas podem até esperar, mas… e o líquido na barriga, que é uma situação de urgência?”

“Ela está atrás de médico do HapVida há três meses. Como o estado de saúde se agravou, procuramos internamento, para tirar a água da barriga desde o último sábado. Até agora nada. Passamos por três endereços: Rua do Paissandu, Avenida Caxangá, Rua da Baixa Verde, para fazer o procedimento. Não havia uma ambulância para o transporte nem cirurgião segundo fomos informados”, desabafou o fotógrafo. “Coitada, pagar tão caro e na hora que precisa de atendimento, vive um calvário de um canto para outro, tudo em vão, quando deveria estar em repouso”.

O Oxe Recife não conseguiu ouvir a posição da empresa. Caso chegue alguma resposta, ela será publicada nesse espaço. Mas… sinceramente, deixar uma pessoa idosa,  com líquido no abdômen por tanto tempo sem atendimento é um motivo para o paciente procurar mesmo seus direitos na justiça. Em caso contrário, para que se cobrar uma mensalidade de R$ 1.200 sem que o segurado tenha a atenção médica a que tem direito no momento que mais precisa? Depois, os planos de saúde ainda se queixam da “indústria de ações judiciais”. Eu mesma já acionei o meu, que não é o HapVida.

Uma de minhas filhas também já o fez com o dela. No meu caso, mensalidades extorsivas. Já venci duas etapas. Esperando o veredicto. No de minha filha, o plano negou-se a pagar parte das despesas de internação de um parente próximo, que inclusive foi a óbito. E o absurdo era tão flagrante, nesse caso, que a empresa nem contestou. Indenizou logo os gastos havidos com hospital. Não sou médica, mas é sabido que a ascite é um risco para o paciente. Que tão logo aparece é preciso retirar a água por punção ou medicamentos. Imediatamente. E que deixar a barriga cheia de líquido por vários dias pode implicar até em risco de vida para o paciente.

Por Letícia Lins*

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