Morno e repetitivo: o debate da TV Globo entre candidatos do Recife
Candidatos à prefeitura do Recife participaram do último debate destas eleições nesta quinta-feira (3) (Globo/Brenda Alcântara)
Foram convidados Dani Portela, Daniel Coelho, Gilson Machado e João Campos; Tecio Teles chegou a comparecer ao estúdio após briga judicial, mas foi impedido de participar
Os candidatos à Prefeitura do Recife participaram, na noite desta
quinta-feira (3), do último debate do primeiro turno das eleições
municipais deste ano, realizado pela TV Globo. Como característico desta
campanha na capital pernambucana, o evento foi marcado por discursos
repetitivos e pouca discussão sobre propostas.
Foram
convidados os prefeituráveis cujos partidos possuem ao menos cinco
parlamentares no Congresso Nacional: Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho
(PSD), Gilson Machado (PL) e João Campos (PSB).
O
candidato Tecio Teles (Novo) brigou na Justiça para ser convidado ao
debate, e chegou a comparecer aos estúdios Globo e participar da foto
oficial. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que sua
presença era facultativa pela emissora, e foi impedido de participar.
Embates
O
prefeito João Campos, como de praxe, priorizou recapitular o que fez ao
longo dos quatro anos de sua gestão. Ao questionar seus adversários por
propostas, aproveitava o tempo que gastavam com críticas ao seu
gabinete para apontar a falta de apresentação de planos para a cidade.
“Um time aqui só faz falar e agredir”, disse.
Campos
também não deixou de criticar os adversários, em especial Daniel
Coelho, ao citar que não teria feito emendas parlamentares para temas
urgentes da cidade durante seu tempo como deputado. Além disso, também
apontou deficiências no Governo do Estado, mas sem citar a governadora
Raquel Lyra (PSDB).
Gilson Machado e Daniel
Coelho, por outro lado, optaram por utilizar seus tempos de fala para
tentar desidratar o atual prefeito com críticas aos últimos 12 anos de
prefeitura do PSB, visando diminuir a diferença do favoritismo
registrado nas pesquisas e levar a disputa para um segundo turno.
Assim
como no debate da última terça-feira (1º), a polêmica das das creches
da prefeitura do Recife foram citadas para criticar Campos. Daniel
Coelho citou nominalmente funcionários dos equipamentos envolvidos nas
denúncias, e questionou a relação pessoal de Campos com eles. O prefeito
alegou desconhecê-los apesar das funções de chefia que assumem, mas
garantiu que erros serão punidos.
A pauta de
habitação também foi ponto de discussão entre Campos e Coelho. O
candidato do PSD questionou o prefeito sobre o número de casas populares
construídas em sua gestão, o menor desde a administração de João Paulo
(PT), entre 2004 e 2008. O socialista esquivou da pergunta, criticou o
adversário por ter utilizado dados desatualizados do déficit de
habitação da capital em seu material de campanha, que acabou suspenso, e
alegou que ele estaria “usando dados para manipular e iludir as
pessoas”. Daniel afirmou que estava sendo atacado pelo atual gestor.
A
morte de uma criança em uma academia municipal nesta quinta também
virou pauta pelo candidato do PL, mas não se tornou um tema recorrente
em respeito à família da vítima.
A deputada
estadual Dani Portela, por sua vez, decidiu trazer pautas nacionais para
o debate, questionando João Campos sobre seu alinhamento político,
criticando o governo Bolsonaro defendido por Machado, e associando
Daniel Coelho ao ex-presidente Michel Temer (MDB).
Em
resposta a psolista, Campos afirmou ser um “progressista de
centro-esquerda”, e Coelho apontou que votou pela cassação de Temer, por
isso não seria um “garoto-propaganda” de sua gestão. Machado, por sua
vez, defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nunca na história do
Brasil um presidente fez tanto pelas mulheres”, declarou.
Por: Guilherme Anjos
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