Debate entre candidatos do Recife teve propostas, críticas ao PSB e polêmica das creches
Blog Dantas Barreto
Participaram João Campos, Gilson Machado, Daniel Coelho, Dani Portela e Tecio Teles
Os
candidatos à Prefeitura do Recife participaram, nesta terça-feira (1),
de debate realizado pelo Sistema Jornal do Commercio. Apesar de
discutirem propostas para a cidade, a maior parte do tempo de fala dos
prefeituráveis foi dedicada a criticar os últimos 12 anos de gestão do
PSB, partido do atual prefeito João Campos, que lidera as pesquisas com
ampla vantagem.
Foram convidados os candidatos
cujos partidos possuem ao menos cinco representantes no Congresso
Nacional: Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL),
João Campos (PSB) e Tecio Teles (Novo). A mediação foi da jornalista
Anne Barreto.
Abrindo a rodada de perguntas,
Gilson Machado questionou Campos sobre a polêmica das creches, citando
auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e apontou que uma das
empresas vencedoras das licitações foi criada quatro dias depois do
lançamento do edital.
O prefeito candidato à
reeleição rebateu as críticas, detalhando o processo de licitação e
construção das unidades, e afirmando que o TCE manteve o funcionamento
das creches. “O TCE foi em cinco unidades e garantiu o funcionamento de
todas elas”, declarou.
Ainda, João Campos destacou que Machado foi punido 313 vezes pela Justiça Eleitoral pela insistência em citar a polêmica.
Saneamento e críticas à Compesa
Na
rodada de perguntas temáticas sorteadas pela mediadora, Daniel Coelho
questionou João Campos sobre saneamento. “A PPP feita há 11 anos não
avançou no saneamento. Recife caiu dez posições no ranking”, criticou.
O
prefeito rebateu, apontando que investiu R$ 250 milhões no segmento e
criou o Promorar, e propôs a urbanização integrada com ligação
intradomiciliar. Ainda, partiu para o ataque e criticou a atuação da
Compesa, responsabilidade do Governo do Estado. “De cada dez buracos,
oito são da Compesa”, disparou.
Coelho defendeu
a gestão de Raquel Lyra. “Estão governando o Recife há 12 anos e o
Estado há 16 anos. Quem entregou a compesa quebrada? Paulo Câmara e o
chefe de gabinete João Campos”, declarou.
Na
tréplica, João Campos disse que Coelho “não consegue falar de propostas,
tem dificuldade de reconhecer que estamos trabalhando muito”.
“Acabou com a violência no RJ”
Campos
perguntou para Gilson Machado sobre suas propostas para a geração de
empregos. O candidato do PL criticou novamente a gestão atual.
Divergindo do tema, Machado apresentou propostas para segurança pública,
apontando o general Braga Netto como secretário.
“O
bandido na nossa gestão ou vai arrumar emprego ou sair da cidade. Meu
secretário vai ser o general Braga Netto, que acabou com a violência no
Rio de Janeiro”, disse, sem apresentar dados que comprovem a erradicação
da violência no Estado sudestino.
Campos
afirmou que Gilson apenas “falou mal do Recife”, fazendo o adversário
apresentar mais propostas de oportunidades para o setor cultural na
tréplica.
Desigualdade
Em
pergunta para Gilson Machado sobre os índices de desigualdade e
insegurança alimentar na capital, Daniel Coelho teceu mais críticas à
gestão João Campos, relembrando que teve seu primeiro guia eleitoral
sobre o tema retirado da programação pela Justiça Eleitoral.
Machado
respondeu se unindo a Coelho com mais disparos contra Campos,
comparando a situação atual do Recife à série de TV “The Walking Dead”,
temática de mortos-vivos.
Armamento da Guarda Municipal
No
primeiro bloco, Teles questionou Dani Portela sobre o armamento da
Guarda Municipal. A deputada estadual se posicionou contra o armamento, e
afirmou que pretende implementar o Sistema Único de Segurança Pública
do Governo Federal.
Já no segundo bloco, Gilson
Machado perguntou sobre o armamento da Guarda Municipal para Teles. O
candidato do PL abriu espaço para o adversário bater em João Campos, mas
Teles decidiu detalhar suas propostas, como a criação de uma academia
para capacitar os guardas e ampliar a iluminação pública.
Machado
propôs câmeras de vigilância escondidas e com reconhecimento facial, e
parceria com o Governo do Estado para utilizar a academia da Polícia
Militar.
Transporte público e gestão metropolitana
Na
primeira rodada, Dani Portela perguntou sobre transporte público para
Daniel Coelho, criticando também a gestão da governadora Raquel Lyra
(PSDB), aliada do ex-secretário estadual de Turismo. Coelho defendeu a
tarifa única criada pela atual gestão, mas a Prefeitura precisa “fazer
sua parte”.
“Recife
precisa de prefeito que não terceirize o problema”, disse Coelho.
Portela rebateu: “Temos tarifa única, mas é uma das passagens mais caras
do país, com o pior serviço prestado à população”.
Já
na segunda parte do debate, Tecio Teles perguntou para Portela sobre as
propostas para a condução da gestão da Região Metropolitana do Recife. A
psolista afirmou que o foco de seu governo seria combater as
desigualdades e atender as áreas descobertas, nas fronteiras do Recife
com outras cidades.
Teles criticou a
“terceirização das responsabilidades” pelos municípios, que jogam
problemas comuns para a gestão estadual ou federal, usando o transporte
público como exemplo. “Falta a liderança de um prefeito que tenha a
capacidade de juntar as pessoas na mesa”, disse.
Para
Portela, pouco pode ser feito no transporte público sem ‘abrir a caixa
preta’. ”É preciso que Recife, que tem assento no Consórcio, mude o
cálculo dessa tarifa. Hoje, é calculado por passageiro. Impera a lógica
do caos. Quanto mais lotado, mais lucrativo é para as mesmas empresas há
15 anos. Quem perde é o usuário”, declarou.
Drenagem
Campos
questionou Teles sobre suas propostas para a drenagem na capital
pernambucana. O candidato do Novo usou sua resposta para associar os
últimos 12 anos de gestão do PSB ao atual prefeito.
Saúde
Fechando
as rodadas de perguntas, Dani Portela questionou Daniel Coelho sobre
saúde, e criticou o uso de Parcerias Público-Privadas para o segmento,
argumentando que os serviços não são de qualidade, e a saúde deveria ser
100% estatal.
Coelho defendeu as PPPs e propôs
a implementação de telemedicina para agilizar a consulta do cidadão com
o clínico-geral, e o exame com o médico especialista. Ainda, garantiu
que vai ampliar em 50% as equipes odontológicas caso eleito, e fazer
concurso para psicólogos e psiquiatras para atender pessoas no espectro
autista.
DP
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