Ministério Público inspeciona áreas de risco após denúncias de desapropriações irregulares, no Recife
Diante das possíveis irregularidades, foi instaurado um Inquérito Civil
com o propósito de investigar as desapropriações nas áreas da ZEI (Foto:
Reprodução/MPPE)
As desapropriações estariam sendo promovidas pela Prefeitura do Recife em áreas consideradas Zonas Especiais de Interesse Social
O Ministério Público de Pernambuco
(MPPE) inspecionou áreas de barreira em risco e mangue no Recife para
investigar possíveis irregularidades envolvendo desapropriações
promovidas pela Prefeitura do Recife em áreas consideradas Zonas
Especiais de Interesse Social (ZEIS). A ação foi coordenada pela 35ª
Promotoria de Justiça Defesa da Cidadania da Capital, com atuação em
Habitação e Urbanismo.
Desde
o início de setembro, a Promotora de Justiça Fernanda Henriques da
Nóbrega tem investigado possíveis irregularidades. As inspeções foram
feitas na Avenida Doutor Dirceu Velloso Toscano de Brito e 1ª Travessa
Toscano de Brito, conhecida como Vila do Icapuí, bairro do Pina; como
também inspecionou uma barreira com risco de deslizamento, localizada na
Rua Naum, no Alto do Passarinho, Zona Norte do Recife.
O
MPPE iniciou as inspeções no dia 3 de setembro, quando averiguou
denúncias sobre desapropriações irregulares em imóveis na Avenida Doutor
Dirceu Velloso Toscano de Brito e na 1ª Travessa Toscano de Brito.
Segundo
o Ministério Público, os moradores relataram que estavam sendo
pressionados a desocupar suas casas por meio de ameaças e que as
indenizações oferecidas pela Prefeitura seriam muito abaixo do valor de
mercado, resultando em prejuízos significativos para as famílias
afetadas.
O
MPPE destacou que na vistoria foram constatadas situações preocupantes,
como demolições parciais de imóveis após as desapropriações, sem a
remoção adequada dos entulhos gerados.
As
inspeções revelaram que a permanência desses resíduos tem comprometido a
segurança e a limpeza nas áreas, além de favorecer a proliferação de
roedores e insetos, representando riscos sérios à saúde pública das
comunidades vizinhas.
Diante
das possíveis irregularidades, foi instaurado um Inquérito Civil com o
propósito de investigar as desapropriações nas áreas da ZEIS.
“O
inquérito busca esclarecer as denúncias e garantir que os direitos dos
moradores sejam respeitados, especialmente em relação à segurança, à
saúde pública e à justa compensação financeira pelos imóveis
desapropriados”, afirmou a Promotora de Justiça Fernanda Henriques da
Nóbrega.
Uma outra inspeção foi realizada no dia 10 de setembro, desta vez na Rua Naum, no Alto do Passarinho, Zona Norte do Recife.
De
acordo com o MPPE, a inspeção averiguou as condições das casas
localizadas próximas à barreira e tirou dúvidas da comunidade, que tem
manifestado preocupação com a situação.
Na
vistoria, os técnicos avaliaram as possíveis consequências caso ocorra o
desabamento, destacando a vulnerabilidade das moradias e a urgência de
medidas preventivas para proteger os moradores. Após a inspeção, foram
emitidas novas deliberações direcionadas à Prefeitura do Recife.
O que diz a Prefeitura do Recife
Prefeitura do recife emitiu uma nota esclarecendo que o “projeto de
urbanização das margens do Rio Pina vai transformar a vida de 12 mil
moradores de seis comunidades da área, englobando a Zona Especial de
Interesse Social (ZEIS) Encanta Moça/Pina, que compreende as comunidades
de Areinha, Encanta Moça, Bode I e II, Beira Rio/Pina e Jardim Beira
Rio”.
A
gestão municipal destacou que os “habitacionais Encanta Moça 1 e 2
foram entregues e já estão beneficiando famílias previamente cadastradas
das palafitas do Rio Pina. Parte das famílias cadastradas que não foram
incluídas na lista final dos 600 beneficiários dos habitacionais
Encanta Moça será contemplada com apartamentos em outro habitacional a
ser construído nas proximidades”
Segundo
a gestão, estas pessoas estão recebendo auxílio moradia no valor de R$
300 por mês. A outra parte recebeu indenização pelas benfeitorias
realizadas nas casas.
“A
Autarquia de Urbanização do Recife (URB) aproveita para explicar que
cada imóvel é avaliado individualmente e recebe um valor que varia de
acordo com questões como existência de documentação legal, área
construída e benfeitorias realizadas pelos moradores. Os valores
oferecidos são baseados em tabela atualizada anualmente e validada pelos
órgãos de controle, como Tribunal de Contas do Estado e Caixa Econômica
Federal”, diz a nota.
Por: Adelmo Lucena
Nenhum comentário:
Postar um comentário