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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

ELEIÇÕES 2024

Debates: eleições do Recife à espera do "grande encontro"
                                   Foto: Rafael Vieira, Francisco Silva e Priscilla Melo/DP Foto

 

Recife deve ter dois debates agendados nos próximos dias
 

Faltando três semanas para o dia 6 de outubro, o público aguarda ansiosamente o grande encontro entre os candidatos ao pleito do Recife. O momento em que os postulantes irão se encontrar cara a cara e perguntar, retrucar e, até mesmo, se atacar para mostrar aos eleitores quem tem a melhor proposta para a capital pernambucana. 

Recife deve ter dois debates agendados nos próximos dias, um na Rede Globo e outro na TV Jornal. Para eles, serão convocados os principais candidatos ao pleito recifense, João Campos (PSB), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL), Dani Portela (PSol) e Técio Teles (Avante).  

Apesar de populares, os debates não possuem mais a mesma influência de outras épocas. De acordo com o cientista político José Nivaldo, é possível afirmar que os debates já não são mais decisivos como se acreditava.

“O peso do debate varia de caso para caso, e de eleição para eleição. O debate tem um peso diferente quando todos os candidatos vão para todos os debates, e quando alguns candidatos não vão para nenhum. São situações tão diferentes que não dá para falar genericamente, como se dizia que o debate é decisivo na eleição”, apontou.

Para Nivaldo, os debates possuem sua importância para o pleito e o processo democrático, mas apenas os mais tradicionais podem acabar influenciando os rumos da campanha.  
 
“O debate da Rede Globo é decisivo, já vi muitas vezes eleições serem decididas por conta dele. Chama mais atenção por ser o último e por ser na emissora de maior audiência. Porém, a qualquer momento do processo eleitoral um debate pode ser importante”, afirmou.

No entanto, Nivaldo analisa que mesmo aqueles debates que chegam a impactar uma eleição costumam ser a culminância de outros fatores. “O debate nunca é o único fator para decidir os destinos de uma eleição. É um dos fatores. Há processos eleitorais em que o debate não muda nada, e há processos em que o debate decide, sim, a eleição”, explicou. 
 
Como exemplo, o cientista político relembrou a eleição de 2000 para a Prefeitura do Recife, quando João Paulo (PT) saiu vitorioso contra Roberto Magalhães (UB), que aparecia com vantagem nas pesquisas.

“Um ausente na eleição de 2000, Roberto Magalhães tinha uma vantagem enorme na eleição e não foi para os debates. Quando resolveu ir, era tarde. Perdeu a eleição. Todo mundo foi e bateu nele. Mas, claro, esse não foi o único fator”, declarou.

A ausência nos debates parece ser uma estratégia cada vez mais comum entre candidatos, seja em eleições municipais ou nacionais, priorizando entrevistas individuais ou apenas a própria propaganda política. Apesar dos adversários criticarem a postura do faltoso, por vezes vista como “antidemocrática”, a jogada pode ser justificada.
 
“Em algumas circunstâncias, se justifica um político não querer ir ao debate. Havendo um clima de baixaria, insultos e desrespeitos, ou uma posição de liderança confortável já avaliada através de pesquisas que não vai perder nada”, explicou o cientista político.

Ainda, uma participação pouco incisiva em um debate acalorado pode acabar prejudicando o candidato que estava na vantagem e não quis se comprometer."Nem sempre baixaria tira voto. Debate é debate. Diante da agressão gratuita, os oponentes do agressor tem que saber se defender. Às vezes, uma agressão ganha um debate porque os outros não sabem se defender”, analisou Nivaldo.

Apesar de enraizado no tradicional modelo de debates entre políticos, o cientista avalia que a troca de ofensas, o diálogo pouco propositivo e as interferências externas empobrecem o diálogo.

“O que se estraga um debate é a agressão gratuita ou interferência dos mediadores intensiva. Um debate deve ser sempre o mais livre possível, com candidatos formulando as perguntas entre si”, criticou.
 
Por: Guilherme Anjos
Por: Mareu Araújo

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