Debates: eleições do Recife à espera do "grande encontro"
Foto: Rafael Vieira, Francisco Silva e Priscilla Melo/DP Foto
Recife deve ter dois debates agendados nos próximos dias
Faltando
três semanas para o dia 6 de outubro, o público aguarda ansiosamente o
grande encontro entre os candidatos ao pleito do Recife. O momento em
que os postulantes irão se encontrar cara a cara e perguntar, retrucar
e, até mesmo, se atacar para mostrar aos eleitores quem tem a melhor
proposta para a capital pernambucana.
Recife deve ter dois debates agendados nos próximos dias, um na Rede
Globo e outro na TV Jornal. Para eles, serão convocados os principais
candidatos ao pleito recifense, João Campos (PSB), Daniel Coelho (PSD),
Gilson Machado (PL), Dani Portela (PSol) e Técio Teles (Avante).
Apesar
de populares, os debates não possuem mais a mesma influência de outras
épocas. De acordo com o cientista político José Nivaldo, é possível
afirmar que os debates já não são mais decisivos como se acreditava.
“O
peso do debate varia de caso para caso, e de eleição para eleição. O
debate tem um peso diferente quando todos os candidatos vão para todos
os debates, e quando alguns candidatos não vão para nenhum. São
situações tão diferentes que não dá para falar genericamente, como se
dizia que o debate é decisivo na eleição”, apontou.
Para
Nivaldo, os debates possuem sua importância para o pleito e o processo
democrático, mas apenas os mais tradicionais podem acabar influenciando
os rumos da campanha.
“O
debate da Rede Globo é decisivo, já vi muitas vezes eleições serem
decididas por conta dele. Chama mais atenção por ser o último e por ser
na emissora de maior audiência. Porém, a qualquer momento do processo
eleitoral um debate pode ser importante”, afirmou.
No
entanto, Nivaldo analisa que mesmo aqueles debates que chegam a
impactar uma eleição costumam ser a culminância de outros fatores. “O
debate nunca é o único fator para decidir os destinos de uma eleição. É
um dos fatores. Há processos eleitorais em que o debate não muda nada, e
há processos em que o debate decide, sim, a eleição”, explicou.
Como
exemplo, o cientista político relembrou a eleição de 2000 para a
Prefeitura do Recife, quando João Paulo (PT) saiu vitorioso contra
Roberto Magalhães (UB), que aparecia com vantagem nas pesquisas.
“Um
ausente na eleição de 2000, Roberto Magalhães tinha uma vantagem enorme
na eleição e não foi para os debates. Quando resolveu ir, era tarde.
Perdeu a eleição. Todo mundo foi e bateu nele. Mas, claro, esse não foi o
único fator”, declarou.
A ausência nos debates
parece ser uma estratégia cada vez mais comum entre candidatos, seja em
eleições municipais ou nacionais, priorizando entrevistas individuais
ou apenas a própria propaganda política. Apesar dos adversários
criticarem a postura do faltoso, por vezes vista como “antidemocrática”,
a jogada pode ser justificada.
“Em
algumas circunstâncias, se justifica um político não querer ir ao
debate. Havendo um clima de baixaria, insultos e desrespeitos, ou uma
posição de liderança confortável já avaliada através de pesquisas que
não vai perder nada”, explicou o cientista político.
Ainda,
uma participação pouco incisiva em um debate acalorado pode acabar
prejudicando o candidato que estava na vantagem e não quis se
comprometer."Nem
sempre baixaria tira voto. Debate é debate. Diante da agressão
gratuita, os oponentes do agressor tem que saber se defender. Às vezes,
uma agressão ganha um debate porque os outros não sabem se defender”,
analisou Nivaldo.
Apesar de enraizado no
tradicional modelo de debates entre políticos, o cientista avalia que a
troca de ofensas, o diálogo pouco propositivo e as interferências
externas empobrecem o diálogo.
“O que se
estraga um debate é a agressão gratuita ou interferência dos mediadores
intensiva. Um debate deve ser sempre o mais livre possível, com
candidatos formulando as perguntas entre si”, criticou.
Por: Guilherme Anjos
Por: Mareu Araújo
Por: Mareu Araújo
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