Tagliaferro, ex-perito do TSE, faz novas revelações sobre o trabalho com Moraes: “não existia alternativa”
Recente entrevista de Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), trouxe à tona sua preocupação com possíveis retaliações por parte do ministro Alexandre de Moraes. Especialista em crimes cibernéticos, Tagliaferro desempenhou papel crucial no tribunal, conduzindo investigações e relatórios sob orientação direta do ministro.
Apesar de sua cooperação integral nas diligências exigidas, Tagliaferro expressa receio quanto às ações do ministro. Ele afirmou que, mesmo residindo de forma fixa e colaborando com a justiça, teme represálias pessoais devido à natureza sensível de suas investigações.
O trabalho de Eduardo Tagliaferro no TSE
Durante as tumultuadas eleições de 2022, Tagliaferro atuou no TSE sob imensa pressão e com uma carga de trabalho intensa. Segundo ele, inúmeras demandas surgiam de diversas fontes, algumas das quais pareciam estar fora do escopo do tribunal eleitoral. “Muitos pedidos que recebíamos não estavam diretamente ligados às eleições, o que gerava certa estranheza”, disse o ex-perito.
Tagliaferro mencionou que, apesar de suas dúvidas, sempre procurou seguir as instruções superiores, acreditando na legalidade e justificativa dessas ordens. A lealdade ao cargo e a responsabilidade profissional, no entanto, não eliminam seus temores sobre possíveis implicações futuras.
Por que Tagliaferro teme retaliação?
A preocupação de Tagliaferro sobre retaliações se deve, em parte, à experiência de seu advogado, Eduardo Kuntz. Kuntz, que defende outros clientes em casos supervisionados por Alexandre de Moraes, relatou que alguns desses indivíduos enfrentaram prisões, mesmo sem a concordância da Procuradoria Geral da República. Tal histórico alimenta o medo de que Tagliaferro possa enfrentar uma situação similar.
“Se algo acontecer a Tagliaferro, será mais um exemplo de possíveis excessos de poder por parte do ministro”, declarou Kuntz. Essas palavras refletem uma desconfiança crescente sobre a condução de investigações e a aplicação de medidas legais envolvendo figuras de autoridade.
Controvérsias do inquérito conduzido por Moraes
Relatório apresentado pelo jornal Folha de S. Paulo indicou que o setor de combate à desinformação do TSE recebeu solicitações informais diretamente do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Essas revelações culminaram na instauração de um inquérito, no qual Tagliaferro estava envolvido.
Em depoimento à Polícia Federal, Tagliaferro explicou que entregou seu celular a um compadre, conforme solicitado, mas o dispositivo acabou retornando em condições inadequadas para a investigação, sem qualquer invólucro ou lacre.
Condução do Inquérito do STF
Kuntz pretende recorrer ao Supremo para trancar o inquérito, argumentando que houve violação do Regimento Interno. Segundo o advogado, apenas o presidente do STF possui autoridade para instaurar inquéritos de ofício e, caso o faça, o caso deve ser sorteado para outros ministros. Kuntz criticou o que percebe como manipulação indevida do sistema por Moraes.
Suporte e Opiniões Divergentes
O ministro Alexandre de Moraes defende a legalidade de suas ações, sendo apoiado publicamente por outros ministros, incluindo Flávio Dino, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia, além da Procuradoria-Geral da República.
- O TSE sob escrutínio devido a investigações não oficiais.
- Preocupações crescentes sobre possíveis abusos de poder.
- O debate contínuo sobre a conduta e as decisões legais de figuras públicas de autoridade.
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O ministro ser apoiado por seus pares não tem nenhum valor, afinal são seus parceiros de crimes.
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