Os 30 anos do real e as memórias que marcam a história da economia
De acordo com dados do IBGE, o PIB de Pernambuco subiu de 8 bilhões em 1994 para 16 bilhões em 1995, período que representou a fase inicial do Plano Real no país
O real completa 30 anos de existência nesta
segunda-feira (1º). O sistema monetário nacional foi lançado no governo
Itamar Franco em 1994. Na época, os brasileiros não podiam se planejar
financeiramente devido a hiperinflação, que refletia na mudança diária
dos preços dos produtos. A Transição da moeda trouxe impactos econômicos
e marcou a memória dos brasileiros.
De
acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o PIB de Pernambuco subiu de 8 bilhões em 1994 para 16 bilhões
em 1995, período que marcou a transição entre o cruzeiro novo e o real
no país. Antes do Plano Real, o IPCA, índice que mede a variação da
inflação, chegou a alcançar 48,0 no Recife.
Após
diversas tentativas de acabar com a alta inflação nos governos
anteriores, o presidente Itamar Franco convidou Fernando Henrique
Cardoso para assumir o cargo de Ministro da Fazenda, com o intuito de
reorganizar a economia do Brasil por meio da instalação do Plano Real.
No início de 1994 a inflação chegou a 40% ao mês no país, ou três mil
por cento ao ano.
A
consolidação do Plano Real trouxe condições para a economia voltar a
crescer e isso foi um dos fatores que impulsionaram o governo de
Fernando Henrique Cardoso, que governou por dois mandatos consecutivos
no país com a inflação sob controle. O presidente da época comandou o
Brasil entre 1995 e 2002.
“O
segundo governo de Fernando Henrique, que foi até 2002, coincidiu, no
caso de Pernambuco, com o Governo Jarbas Vasconcelos. Foi aí que se
criaram as condições para surgir a refinaria do petróleo, a Petroquímica
Suape. Começaram a fazer as primeiras negociações para receber a
indústria automotiva, houve a modernização das indústrias de alimentos e
bebidas. Isso não se deve ao Plano Real, mas quando existe uma economia
mais estável, do ponto de vista de preços, você também tem uma
estabilidade fiscal e criam-se as pré-condições para que a economia
cresça sem atropelos como recessão, desemprego, inflação e juros altos”,
lembra Jorge Jatobá, economista e sócio-diretor da Ceplan Consultoria.
Ele foi secretário da Fazenda no governo Jarbas Vasconcelos em
Pernambuco, de 1999 até 2003.
O
presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe),
Bruno Veloso, conta que as empresas passaram a buscar o crédito, porque
antes, na situação de hiperinflação, além da correção, também tinham
que arcar com os juros que eram muito altos. Então os investimentos eram
difíceis de acontecer. “Depois que nós tivemos um equilíbrio monetário,
a previsibilidade de quanto poderia ser gasto estimulou as empresas de
uma maneira geral, inclusive no norte e nordeste, que passaram a
produzir mais e diversificar também a sua produção, fazendo investimento
em macro equipamentos. O país passou a viver um momento bem diferente”,
destaca Veloso.
“Foi
um plano implantado sem uma imposição, no qual a economia em todos os
setores conseguiu se adequar bem, e a construção civil entre eles. Tanto
que fomos bastante beneficiados com a conquista dessa estabilidade, por
ter nos permitido e a sociedade também, a um melhor planejamento, tanto
na parte imobiliária quanto nas obras de infraestrutura”, conta o
presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de
Pernambuco (Sinduscon-PE), Antônio Cláudio Couto.
No
setor automotivo, a partir da estabilização da moeda, o consumidor
passou a poder ter uma noção exata do peso do valor do carro no
orçamento, facilitando ainda mais o seu financiamento. “A economia teve
um impulso muito grande a partir da estabilização da moeda, as vendas
que estavam na faixa de um milhão e pouco antes da estabilidade da
moeda, logo depois disso, já saltaram para um milhão e setecentos, se
aproximando do marco de dois milhões. Essa estabilidade proporcionou
também a chegada de novos fabricantes de automóveis ao país na segunda
metade dos anos 90, aumentando muito a competitividade interna”, destaca
a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(ANFAVEA).
Já o setor de exportação açucareira de Pernambuco foi impactado negativamente pela transição monetária. A paridade do real com o dólar, no início da sua implantação, refletiu na queda das exportações do produto. “Apesar do Plano Real ter domado a hiperinflação, mas na questão da reforma interna houve uma paridade com o dólar, que passou a ser muito usado para a importação. Com essa paridade um a um, a exportação passou a ser menor do que as importações, foi quando o Brasil reduziu muitas barreiras, importando automóveis e uma série de bens. Com isso, impactou as exportações nacionais e o açúcar sofreu com a queda”, relata Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE e Presidente Executivo da NovaBio.
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