"Vamos ter que protestar mais", diz Sindicato dos Rodoviários após categoria fechar ruas do Recife
Os rodoviários fecharam ruas do Centro do Recife no final da manhã desta sexta-feira (26) - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco
Os rodoviários fecharam ruas do Centro do Recife no final da manhã desta sexta-feira (26), para pedir ajuda do governo nas negociações com a Urbana PE, mas não foi recebido no palácio
Na manhã desta sexta-feira (26), rodoviários fecharam diversas ruas do Centro do Recife em protesto para cobrar o auxílio do Governo do Estado nas negociações com a Urbana-PE, que administra as empresas permissionárias de ônibus. Os trabalhadores estão em negociação em busca de reajustes para a categoria.
O protesto
O trajeto do protesto finalizou em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, sede da administração de Pernambuco, onde esperavam ser atendidos por algum representante para que tratativas fossem realizadas. Porém, não foram recebidos.
De acordo com Aldo Lima, presidente do sindicato dos rodoviários, a comitiva não foi recebida na sede do Governo de Pernamabuco porque a governadora Raquel Lyra está em Brasília. "Vamos ter que protestar mais", disse o líder sindical.
Procurada pela reportagem, à respeito de nota oficial, a Secretaria de Mobilidade informou que quem responde pela questão é a Urbana-PE. O mesmo foi dito pelo Grande Recife Consórcio.
Em nota, a Urbana-PE informou que tratou sobre a negociação coletiva da categoria dos rodoviários desde o início do mês de julho.
"As empresas buscaram um acordo com o Sindicato dos Rodoviários, apresentaram propostas concretas e se mantiveram abertas ao diálogo desde que a população não fosse penalizada com paralisações ilegais de um serviço essencial", informou parte da nota.
A Urbana-PE lamentou ainda que "a atitude das lideranças rodoviárias continue causando transtornos para a população e impeça novos avanços para a categoria".
Entenda as propostas
Ao todo, a categoria já passou por quatro rodadas de negociação com a Urbana-PE. A última delas foi na quarta-feira (24), quando a empresa propôs, de acordo com os motoristas, 0,5% de aumento do salário acima da inflação. O pedido dos rodoviários, no entanto, foi de 5% de reajuste real.
De acordo com Aldo Lima, a Urbana-PE propôs, ainda, um valor de R$ 400 para o vale-alimentação, além de um abono de R$ 180 para quem exerce a dupla função - também não aceitos pela categoria. Há, ainda, a instituição de um plano de saúde para os trabalhadores, que até hoje não contam com o benefício, assim como o controle das horas trabalhadas, que hoje é “totalmente lesivo ao trabalhador rodoviário e que não pode mais continuar da forma como é”.
"Essa proposta ainda é insuficiente. Existe uma demanda da categoria por plano de saúde. Nós somos o único estado do nordeste, e possivelmente do Brasil, que não tem este benefício para o trabalhador. Os motorista estão sendo agredidos, estão adoecendo, morrendo, sem se quer tem a condição de fazer um tratamento médico. As empresas dizem que não tem dinheiro, mas o subsídio encaminhado pelo Governo do Estado deve chegar, até o final deste ano, a R$ 400 milhões", explicou Aldo.
Motoristas reclamam que não há diálogo com o sindicato
Motoristas que foram obrigados a paralisar as atividades nesta sexta-feira (26), na área central do Recife, reclamam que o presidente do sindicato, Aldo Lima, não tem repassado as propostas da Urbana-PE para os trabalhadores sindicalizados.
"Meu questionamento vai diretamente para Aldo Lima, presidente do sindicato dos rodoviários. Porque ele teve várias reuniões com a patronal e até agora ele não passou nada pra categoria. Eu, como sócio e rodoviário, tenho certeza que ele deveria convocar a categoria como sempre foi e dizer o que realmente está acontecendo. Não fazer uma paralisação dessa sem estamos cientes", relatou o motorista Carlos Antônio.
Ainda de acordo com o motorista, a classe não foi previamente comunicada da paralisação que aconteceria nesta sexta (26). "Viemos para o centro e estava tudo parado, tivemos que parar. A gente não aguenta mais".
"No ano passado ele chamou para greve e a categoria apoiou. Nós levamos falta de dois dígitos, descontada no contracheque do trabalhador. Ele tem que parar e entender que não é ele quem manda, é a categoria e não é do jeito que ele quer", concluiu o trabalhador.
Por Gabriela Castello Buarque
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