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sábado, 6 de julho de 2024

JOGADA POLÍTICA

Em Brasília, Michele Collins manobra para impedir que suplente assuma como vereador do Recife

                                       Crédito: montagem a partir de imagens do Instagram

 

A vereadora do Recife missionária Michele Collins (PP) quer desafiar as leis da física e ocupar dois lugares no espaço ao mesmo tempo. Mas a tendência é que o próprio partido não compre a manobra negacionista. Ela assumiu o cargo de deputada federal, na última quarta-feira (3), com a licença de Clarissa Tércio (PP), pré-candidata a prefeita de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana. À Casa José Mariano, Michele solicitou 120 dias de licença, deixando o assento vago — o regimento interno e a Constituição Federal estabelecem que o suplente só ocupa o cargo em afastamentos superiores a esse prazo.

Acontece que parte do PP entrou na briga para que o suplente Amaro Cipriano, conhecido como Maguari, assuma a cadeira. Para isso, está usando um atestado médico de Michele para turbinar essa conta. Ela deu entrada num hospital em Brasília no domingo (30) e recebeu três dias de licença, ultrapassando, portanto, os 120 dias — a Marco Zero teve acesso ao atestado. Com base nessa alegação, o diretório estadual do PP requereu a nomeação de Maguari.

A manobra dela, segundo os bastidores, seria para impedir que ele venha a usar a estrutura do gabinete durante a campanha. Vereador da cidade por duas vezes, Maguari — que, até 2020, estava no PSB — quer voltar à Câmara Municipal e já está com a pré-candidatura na rua.

Um dos focos da missionária este ano, que ainda pode ser lançada pelo partido como pré-candidata à prefeita, é eleger o filho mais novo, fruto do casamento com o deputado estadual pastor Cleiton Collins (PP), o jovem Alef Collins. Ela desistiu de disputar a reeleição para apoiá-lo. Alef é estudante de Direito e presidente da juventude do partido em Pernambuco. Tem passe livre em todas as agendas dos pais e acompanha o casal circulando quase que diariamente na Câmara do Recife ou na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Michele e Cleiton Collins com o filho mais novo e pré-candidato a vereador, Alef. Crédito: @alefcollins 

 

Suas pautas também são herdadas: é “defensor da família, da vida e contra as drogas”. Entre a igreja, a comunidade terapêutica da família, chamada Saravida (uma das mais estruturadas de Pernambuco), as casas legislativas e as ruas, a campanha de Alef quer conquistar o eleitorado evangélico para que ele assuma o papel político desempenhado pela mãe. A reportagem procurou Michele, mas não obteve retorno da equipe dela.

Em conversa com a MZ, Maguari tentou não colocar lenha na fogueira. Disse que a questão, que chamou de “imbróglio”, está sendo resolvida pelo partido e que aguarda a posicionamento oficial do presidente da Casa, Romerinho Jatobá (PSB). “Estou aqui na minha retaguarda. Estou em campanha, fazendo o porta a porta, explicando a importância do meu retorno à Câmara”, afirmou.

Romerinho explicou à reportagem que “uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou que estados e municípios também precisam seguir essa regra da Constituição, o que significa que eles não podem chamar suplentes para substituir um político por um período de licença igual ou inferior a 120 dias”. Sobre o requerimento do PP para que Maguari assuma, ele falou que “está seguindo os trâmites internos que resultarão em sua apreciação e resposta em tempo hábil”. A MZ também perguntou como fica o uso da estrutura de gabinete caso Maguari assuma a cadeira e caso ele não assuma. O presidente disse que esse tema “está sendo objeto de análise”.

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