Biden ignora pressões por desistência e prevê retomada da campanha eleitoral
Apesar de seu desempenho ruim em um debate contra Trump em junho, Biden continua convencido de que é a pessoa mais qualificada para derrotá-lo nas urnas
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
não se intimidou nesta sexta-feira (19) diante dos democratas que pedem
que ele desista e planeja retomar a campanha na próxima semana, com o
objetivo de combater a visão "sombria" de seu rival Donald Trump.
Especulou-se nas últimas horas que Biden poderia
abandonar a corrida pela reeleição neste fim de semana devido à
crescente pressão do Partido Democrata, preocupado com sua capacidade
física e mental para governar em um segundo mandato.
No entanto, Biden, obstinado e naturalmente otimista, parece ter descartado essa possibilidade por enquanto.
"Há
muito em jogo e a escolha é clara. Vamos vencer juntos", escreveu o
presidente de 81 anos em um comunicado de sua casa de praia em Delaware
(leste), onde se isolou após testar positivo para covid-19.
Seus sintomas "melhoraram significativamente", informou seu médico da Casa Branca, Kevin O'Connor.
Apesar de seu desempenho ruim em um debate contra Trump em
junho, Biden continua no comando e está convencido de que é a pessoa
mais qualificada para derrotar o republicano nas urnas, como fez em
2020.
"A visão sombria de Donald Trump para o futuro não
representa quem somos como americanos", afirmou no comunicado,
referindo-se ao discurso que o magnata de 78 anos fez para encerrar a
convenção republicana na quinta-feira, dias depois de sobreviver a uma
tentativa de assassinato.
"Voltarei à campanha na próxima semana para continuar expondo a ameaça" do programa de Trump, insistiu.
"Não se enganem"
Apesar disso,
sete outros parlamentares democratas da Câmara dos Representantes e um
quarto senador se juntaram aos questionamentos de seu partido e pediram
que Biden ceda o lugar a outro candidato.
Quatro deles assinaram uma carta conjunta instando o presidente a "passar o bastão".
No
total, já são cerca de 30, incluindo membros dos grupos afro-americanos
e hispânicos, que até agora haviam ficado à margem da polêmica.
Por
outro lado, o braço político dos hispânicos no Congresso, BOLD PAC,
saiu em defesa da candidatura de Biden nesta sexta-feira.
Esta
administração “demonstrou um compromisso inabalável com os latinos”,
afirma a sua presidente, Linda Sánchez, em um comunicado.
“Não
se enganem, os latinos de todo o país sofrerão as consequências de uma
segunda presidência de Trump”, acrescenta, referindo-se a uma comunidade
que se inclina principalmente para os democratas, mas na qual os
republicanos vêm ganhando terreno.
Várias pesquisas
recentes apontam para uma vitória do republicano até mesmo nos
estados-chave (aqueles em que os eleitores escolhem com base no
candidato e em outros fatores e não no partido), que são essenciais para
obter a vitória.
Um doador importante, Michael Moritz,
investidor do Vale do Silício, disse que "infelizmente o presidente
Biden precisa escolher: vaidade ou virtude", segundo o New York Times.
Citando
fontes anônimas, a imprensa americana afirma que Biden está elaborando
um plano para uma desistência digna nos próximos dias.
O tempo está se esgotando
A
equipe de campanha do democrata reagiu nesta sexta-feira reconhecendo
uma forte queda no apoio, mas insistiu que o octogenário ainda é o
melhor candidato.
"Certamente o presidente está nesta corrida", afirmou sua chefe de campanha Jen O'Malley Dillon à MSNBC.
No entanto, vários democratas influentes acreditam que o tempo está se esgotando.
A
pressão aumentou na quinta-feira, quando a imprensa noticiou que o
ex-presidente Barack Obama, a ex-presidente da Câmara dos Representantes
Nancy Pelosi e os atuais líderes do partido no Congresso expressaram
sua preocupação nos bastidores.
O líder da minoria
democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, foi evasivo
nesta sexta-feira e disse à rádio WNYC “que a decisão é dele”.
A
NBC News assegura que alguns familiares de Biden têm "discutido" como
ele poderia renunciar, mas ainda não tomaram uma decisão.
Seria
um "plano cuidadosamente calculado" para dar certa dignidade a uma
decisão historicamente tardia, a menos de quatro meses das eleições.
Qualquer decisão que ele tome deve evitar um caos no Partido Democrata em torno de seu sucessor como candidato.
A vice-presidente Kamala Harris é a favorita, mas a escolha não é automática e ela poderia enfrentar outros democratas de peso.
Enquanto isso, Trump foi aclamado por uma multidão na convenção republicana, onde, cercado por sua família, incluindo sua esposa Melania, ele descreveu a tentativa de assassinato da qual foi alvo e pediu votos para implementar seu programa e seu lema "Make America Great Again".
Por: AFP
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