Mesmo sendo réus por envolvimento em sequência de mortes, oficiais da PM de Pernambuco ganham promoção
Sequência de crimes aconteceu no ano passo (Foto: Arquivo)
Dois tenenentes-coronéis foram promovidos a coronel e informações foram divulgadas, nesta quinta (25), no Diário Oficial
Dois oficiais da Polícia Militar, réus na Justiça pernambucana por
envolvimento em uma sequência de mortes ocorrida em Camaragibe, no
Grande Recife, no ano passado, foram promovidos pelo Governo de
Pernambuco.
Os nomes dos tenentes-coronéis Fábio
Roberto Rufino da Silva e Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco estão
na lista de promoção para coronel divulgada, nesta quinta (25), no
Diário Oficial do Executivo.
No texto, há informações sobre as promoções dos dois.
"Promover
ao posto de Coronel PM, pelo critério de promoção requerida, de acordo
com os Artigos 13 e 45 da Lei Complementar nº 470, de 21 de dezembro de
2021, o Tenente-Coronel QOPM Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco,
matrícula nº 9402365, com efeito retroativo a 1º de julho de 2024".
"Promover
ao posto de Coronel PM, pelo critério de promoção requerida, de acordo
com os Artigos 13 e 45 da Lei Complementar nº 470, de 21 de dezembro de
2021, o Tenente-Coronel QOPM Fábio Roberto Rufino da Silva, matrícula
nº 9402535, com efeito retroativo a 1º de julho de 2024".
Segundo
normas da PM, a promoção requerida ou por invalidez permanente poderá
ser realizada mediante portaria do Comandante Geral, por delegação do
governador.
Entenda
Na época do crime, Fábio era comandante do 20º Batalhão da PM.
Ele era o responsável pelo policiamento ostensivo na cidade.
Marcos Túlio ocupava o segundo posto de comando da inteligência da PM.
Os dois são réus por triplo homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas).
Por causa disso, foram afastados das funções públicas por determinação da Justiça.
O que aconteceu
A
sequência de assassinatos teve início após as mortes do soldado Eduardo
Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e do cabo Rodolfo José da Silva,
de 38 anos.
Os dois foram até o bairro de
Tabatinga verificar a denúncia de que o vigilante Alex da Silva Barbosa
teria efetuado disparos de arma de fogo, de cima de um telhado.
O fato aconteceu na noite de 14 de setembro de 2023.
Quando os policiais chegaram ao local, houve troca de tiros com Alex.
O vigilante usou como escudo humano Ana Letícia Carias da Silva, de 19 anos. Os dois PMs morreram, e Alex conseguiu fugir.
O primo de Ana, de 14 anos, foi baleado, mas sobreviveu.
Horas depois, na busca por Alex, familiares dele foram mortos.
Foram
executados a tiros três irmãos de Alex, identificados como Ágata Ayanne
da Silva, 30, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos
de 25. Ágata chegou a transmitir ao vivo, por meio do Instagram, o
crime. Ela e Amerson morreram na hora. Apuynã faleceu após ser socorrido
e encaminhado para o Hospital da Restauração, no Recife.
No
dia 15, os corpos da mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e da
esposa dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, foram achados num
canavial na cidade de Paudalho, Mata Norte do Estado. Duas horas depois,
Alex foi morto em Tabatinga.
Réus
Em março deste ano, o MPPE denunciou 12 policiais militares. Entre eles estavam Fábio Roberto e Marcos Túlio.
A Justiça aceitou a denúncia e todos os acusados se tornaram réus.
Cinco seguiram presos preventivamente e os outros sete foram afastados das funções.
O que diz a SDS
A Secretaria de Defesa Social (SDS) emitiu nota se posicionando sobre o assunto.
Confira a nota na íntegra:
"Em
resposta às promoções dos oficiais publicadas no Diário Oficial desta
quinta-feira (25), a SDS esclarece que a promoção em questão não foi por
mérito ou bravura, mas sim um direito assegurado por lei, desde que o
tempo estipulado seja cumprido. O ato cumpriu a estrita observância dos
Princípios da Moralidade e da Legalidade, conforme art. 37, da
Constituição Federal, já que foram publicados de acordo com o que
preconiza a Lei Complementar nº 460/2021, a qual assegura o direito ao
militar do Estado, que possuir, nos termos da legislação, tempo de
serviço com contribuição e de natureza militar no Estado de Pernambuco.
Importante
ressaltar que a referida lei apenas menciona como impedimento o fato do
militar estar em cumprimento de pena aplicada por sentença criminal
transitada em julgado. E, como os processos em curso, seja na esfera
administrativa ou criminal, não foram concluídos ou transitados em
julgado, não houve impeditivo legal para os servidores ascenderem em
suas patentes militar".
DP
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