Presença de microplásticos no litoral pernambucano é ''alarmante'', diz instituto
Os resultados mostraram uma média de mais de 300 fragmentos de
microplásticos em cada amostra de 200 ml de sedimento (Foto: Divulgação)
Praia do Paiva tem a maior concentração de microplásticos do estado, revela a pesquisa
Um estudo desenvolvido pelo Instituto Avançado de
Tecnologia e Inovação (IATI) revelou dados preocupantes que evidenciam a
urgência de ações para combater esse problema ambiental. O estudo,
liderado pelo biólogo e coordenador Múcio Banja e pela pesquisadora
Jéssica Mendes, foi divulgado nesta sexta-feira (28).
A
pesquisa faz parte de um trabalho iniciado em 2019 em naufrágios na
costa pernambucana. A partir de 2022 foi iniciada a coleta de amostras
de sedimentos em diferentes praias da região, incluindo Paiva, Suape,
Porto de Galinhas e Tamandaré.
Os resultados
mostraram uma média de mais de 300 fragmentos de microplásticos em cada
amostra de 200 ml de sedimento, evidenciando a presença significativa
desses resíduos nas praias estudadas.
Uma
coleta feita este ano mostrou que a praia do Paiva, no Cabo de Santo
Agostinho, apresentou a maior quantidade de microplásticos (695
fragmentos no total), superando até mesmo praias com maior atividade
turística, como Porto de Galinhas (320 fragmentos).
O
Paiva possui uma reserva ambiental e é pouco habitado, o que “levanta
questionamentos sobre as fontes de contaminação e a necessidade de
investigar a influência de fatores ambientais e humanos nesse cenário”,
segundo o instituto.
Além
disso, a pesquisa também está explorando a presença de microplásticos
em animais marinhos, como as esponjas que são animais filtradores e que
capturam partículas presentes nas correntes marítimas.
Os
resultados preliminares indicam uma quantidade alarmante de
microplásticos acumulados nesses organismos, o que ressalta a
importância de entender os impactos dessa contaminação na fauna marinha.
"A quantidade de microplásticos encontrados em nossas amostras é extremamente preocupante", disse Jéssica Mendes. "Essa contaminação representa um sério risco para o ecossistema marinho e para a saúde humana."
"O impacto dos microplásticos no meio ambiente é muitas vezes subestimado pela população", comentou Múcio Banja. "No entanto, esses pequenos fragmentos representam uma ameaça real à vida marinha e ao equilíbrio dos ecossistemas costeiros."
Os
pesquisadores do IATI ressaltam que esses resultados são apenas o
começo de um estudo mais amplo e que ainda há muito a ser investigado.
Técnica
O
estudo, realizado ao longo de períodos de estiagem e chuvoso, contou
com a coleta de sedimentos por mergulho autônomo. As amostras foram
submetidas a protocolos de análise que incluíram separação do sedimento e
dos microplásticos por meio de flotação, identificação em microscópio
estereoscópio e análise granulométrica para classificação
sedimentológica.
Os resultados revelaram a
presença de 1.406 partículas de microplásticos nas amostras analisadas,
com destaque para o nylon azul, que representou 63% do total. Todas as
praias estudadas apresentaram registros desses micropoluentes, sendo a
praia do Paiva a mais afetada.
A pesquisa
também buscou correlacionar a presença de microplásticos com fatores
como ação das correntes marinhas e influência dos rios como o Jaboatão
(praia do Paiva), Massangana e Tatuoca (praia de Suape).
Os
resultados indicaram uma associação direta entre a presença de
microplásticos e a dinâmica costeira, destacando a praia do Paiva como
uma área especialmente sensível aos impactos antrópicos (ações
realizadas pelo homem).
Além de estudar a
presença de microplásticos no sedimento litoral, o IATI está
desenvolvendo tecnologias inovadoras para separar as pequenas partículas
de microplásticos dos corpos dos animais estudados. Para isso, estão
sendo desenvolvidos métodos para dissolver a matéria orgânica associados
a distúrbios controlados, a partir de vibrações e produção de
microbolhas ultrassônicas, que deverão otimizar os resultados dos
estudos.
Sobre o Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI)
O
Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) é uma entidade
privada sem fins lucrativos e, como um instituto de ciência e tecnologia
(ICT), se dedica ao desenvolvimento de soluções inovadoras para
enfrentar desafios tanto tecnológicos quanto ambientais.
Com
sede no Recife, conta com uma equipe de mais de 150 cientistas e
especialistas altamente qualificados para a construção de um futuro
sustentável.
Por: Adelmo Lucena
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