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sábado, 29 de junho de 2024

MEIO-AMBIENTE

Presença de microplásticos no litoral pernambucano é ''alarmante'', diz instituto

Os resultados mostraram uma média de mais de 300 fragmentos de microplásticos em cada amostra de 200 ml de sedimento (Foto: Divulgação)

 

Praia do Paiva tem a maior concentração de microplásticos do estado, revela a pesquisa 
 
Um estudo desenvolvido pelo Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) revelou dados preocupantes que evidenciam a urgência de ações para combater esse problema ambiental. O estudo, liderado pelo biólogo e coordenador Múcio Banja e pela pesquisadora Jéssica Mendes, foi divulgado nesta sexta-feira (28).

A pesquisa faz parte de um trabalho iniciado em 2019 em naufrágios na costa pernambucana. A partir de 2022 foi iniciada a coleta de amostras de sedimentos em diferentes praias da região, incluindo Paiva, Suape, Porto de Galinhas e Tamandaré. 

Os resultados mostraram uma média de mais de 300 fragmentos de microplásticos em cada amostra de 200 ml de sedimento, evidenciando a presença significativa desses resíduos nas praias estudadas.

Uma coleta feita este ano mostrou que a praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, apresentou a maior quantidade de microplásticos (695 fragmentos no total), superando até mesmo praias com maior atividade turística, como Porto de Galinhas (320 fragmentos). 

O Paiva possui uma reserva ambiental e é pouco habitado, o que “levanta questionamentos sobre as fontes de contaminação e a necessidade de investigar a influência de fatores ambientais e humanos nesse cenário”, segundo o instituto.
 
Além disso, a pesquisa também está explorando a presença de microplásticos em animais marinhos, como as esponjas que são animais filtradores e que capturam partículas presentes nas correntes marítimas. 

Os resultados preliminares indicam uma quantidade alarmante de microplásticos acumulados nesses organismos, o que ressalta a importância de entender os impactos dessa contaminação na fauna marinha.

"A quantidade de microplásticos encontrados em nossas amostras é extremamente preocupante", disse Jéssica Mendes. "Essa contaminação representa um sério risco para o ecossistema marinho e para a saúde humana."
 
"O impacto dos microplásticos no meio ambiente é muitas vezes subestimado pela população", comentou Múcio Banja. "No entanto, esses pequenos fragmentos representam uma ameaça real à vida marinha e ao equilíbrio dos ecossistemas costeiros."

Os pesquisadores do IATI ressaltam que esses resultados são apenas o começo de um estudo mais amplo e que ainda há muito a ser investigado.
 
Técnica 

O estudo, realizado ao longo de períodos de estiagem e chuvoso, contou com a coleta de sedimentos por mergulho autônomo. As amostras foram submetidas a protocolos de análise que incluíram separação do sedimento e dos microplásticos por meio de flotação, identificação em microscópio estereoscópio e análise granulométrica para classificação sedimentológica.

Os resultados revelaram a presença de 1.406 partículas de microplásticos nas amostras analisadas, com destaque para o nylon azul, que representou 63% do total. Todas as praias estudadas apresentaram registros desses micropoluentes, sendo a praia do Paiva a mais afetada.

A pesquisa também buscou correlacionar a presença de microplásticos com fatores como ação das correntes marinhas e influência dos rios como o Jaboatão (praia do Paiva), Massangana e Tatuoca (praia de Suape). 

Os resultados indicaram uma associação direta entre a presença de microplásticos e a dinâmica costeira, destacando a praia do Paiva como uma área especialmente sensível aos impactos antrópicos (ações realizadas pelo homem).

Além de estudar a presença de microplásticos no sedimento litoral, o IATI está desenvolvendo tecnologias inovadoras para separar as pequenas partículas de microplásticos dos corpos dos animais estudados. Para isso, estão sendo desenvolvidos métodos para dissolver a matéria orgânica associados a distúrbios controlados, a partir de vibrações e produção de microbolhas ultrassônicas, que deverão otimizar os resultados dos estudos. 

Sobre o Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI)

O Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) é uma entidade privada sem fins lucrativos e, como um instituto de ciência e tecnologia (ICT), se dedica ao desenvolvimento de soluções inovadoras para enfrentar desafios tanto tecnológicos quanto ambientais. 

Com sede no Recife, conta com uma equipe de mais de 150 cientistas e especialistas altamente qualificados para a construção de um futuro sustentável.
 
Por: Adelmo Lucena

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