Justiça nega pedido de relaxamento da prisão de Rodrigo Carvalheira, diz defesa
Rodrigo Carvalheira permanece preso no Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife
O pedido de Habeas Corpus para o relaxamento de prisão de Rodrigo
Carvalheira, de 34 anos, réu por crimes sexuais, foi negado pela Justiça
pernambucana.
A informação foi confirmada, neste domingo (9), pela defesa do empresário em entrevista a equipe
jurídica de Carvalheira afirmou que pretende recorrer da decisão no
Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda nesta semana.
Segundo
o advogado Wilibrando Albuquerque, o pedido foi negado pelo judiciário
na sexta (7). Carvalheira permanece preso no Centro de Observação
Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e
Lima, no Grande Recife.
O empresário foi preso
pela segunda vez na quinta-feira (7). A segunda prisão foi solicitada
pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por causa de uma ligação do
empresário para o tio de uma suposta vítima, em dezembro de 2023.
“A
decisão saiu na sexta. Sim, vamos recorrer à Brasília. Por isso que
estou por aqui (Brasília) pois caso fosse necessário entrar com recurso
por aqui, o que de fato aconteceu, agora será feito”, destacou o
advogado Wilibrando Albuquerque, que atua na capital federal.
Além de Wilibrando, a defesa do empresário é feita pelos advogados Thiago Guimarães e Dyego Lima.
Audiência de instrução
Segundo
a defesa, no próximo dia 14 de julho, acontecerá a primeira audiência
de instrução de um dos três processos contra Carvalheira por estupro de
vulnerável. Outros dois foram remetidos na semana passado pela Polícia
Civil pernambucana ao MPPE.
“Dia
14 de julho já tem audiência marcada para o primeiro caso. É o
principal processo na nossa avaliação. Na audiência, serão ouvidas as
supostas vítimas, testemunhas de defesa e acusação e o réu será
interrogado. Depois disso, vem a defesa propriamente dita”, explicou o
advogado.
Horas depois da segunda prisão de
Carvalheira, na quinta (6), a equipe jurídica do réu emitiu uma nota
oficial classificando a detenção do empresário como “absurda”.
"Qual
risco? Rodrigo não intimidou absolutamente ninguém. Novamente,
reforçamos que, conforme a Constituição Federal, todos são iguais
perante a lei, com direitos fundamentais inalienáveis que devem ser
respeitados em qualquer circunstância", afirmou.
Investigação
Rodrigo
Carvalheira foi preso no apartamento da família, no bairro de Boa
Viagem, na Zona Sul do Recife, e está no Centro de Observação
Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e
Lima, no Grande Recife.
No dia
31 de maio, a Polícia Civil pernambucana detalhou os cinco inquéritos
que investigaram o empresário, de 34 anos, por envolvimento em crimes
sexuais contra mulheres.
Em três casos, ele foi
indiciado por estupro de vulnerável. Os outros dois prescreveram. Ou
seja, o Estado não tem mais como executar punição.
Segundo
a polícia, Carvalheira teria aproveitado relações de amizade para
estuprar as vítimas sob efeito de álcool ou em estado de sonolência.
A
corporação também afirmou que duas das cinco mulheres tinham 16 anos na
época. Uma delas teria sofrido a violência sexual no dia do próprio
aniversário de 16 anos, em 2009, e a outra, em 2005. Esses dois são os
casos que prescreveram.
“A conduta do
investigado revelou o mesmo método de ação. Foram feitas várias
diligências, algumas sigilosas. A gente constatou que existiam
elementos suficientes para fazer o indiciamento. A gente identificava o
estado de vulnerabilidade das vítimas e o elo de confiança que o
investigado tinha com elas. O que torna elas mais vulneráveis ainda,
pela relação de confiança e retirada de vigilância. Eram relação de
amizade prévia. Outras mulheres que também eram consideradas amigas do
investigado perceberam que passaram pela mesma coisa. Essas vítimas
levavam um bom tempo para perceber que tinham sido vítimas de um crime”,
disse a delegada Jéssica Ramos, titular da 1ª Delegacia Especializada
de Atendimento à Mulher (DEAM).
A investigadora ainda disse que “esses fatos são bem diferentes dos casos de estupro que estamos acostumados a ver".
Segundo
ela, tratava-se de uma relação de grupo de amigos, em que a vítima não
esperava ser abordada de alguma maneira indesejada.
"Aquele
pessoal que faz parte do grupo de amigos se surpreende com atitudes de
violência sexual. Ficaram evidenciadas tentativas de relações sexuais,
quando as vítimas estavam em estado de sonolência ou embriagadas, pelo
uso de álcool. Então, esse estado em que a pessoa se encontra em
sonolência ou embriaguez acaba tornando vulnerável. Ela não consegue
optar, de fato, e saber o que quer ou não quer deixar acontecer.
Algumas vítimas nem se lembram como deixam acontecer as situações.
Então, o ponto-chave é que havia sempre essa relação de amizade e
confiança. Algumas vítimas tiveram somente a coragem de denunciar anos
depois, o que não significa que o crime não deixou de acontecer”,
afirmou.
Por: Wilson Maranhão
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