Aluno é impedido de participar de festa do Dia das Mães de escola do Recife por ser neuroatípico
O caso aconteceu na Escola Doutor Antônio Correia (Foto: Rodolfo Loepert/Prefeitura do Recife )
Prefeitura abriu Procedimento Administrativo Disciplinar para apurar o caso
Um aluno de 6 anos da Escola Doutor Antônio Correia, da rede municipal do Recife, foi impedido por uma professora de participar da homenagem de Dia das Mães sob o argumento de que as músicas da festa poderiam deixá-lo atordoado por ele ser neuroatípico. O caso foi exposto nesta quarta-feira (15) pela educadora Rayza Bazano em um vídeo no Instagram.
De acordo com a educadora fez a denúncia, a mãe do menino recebeu uma mensagem através do WhatsApp, no dia 9 de maio, pedindo que a criança ficasse de fora da celebração pois a situação era considerada “perigosa” para ela.
“A professora sente que esse momento de festividade com muita gritaria, com som alto e pessoas desconhecidas num ambiente escolar é perigoso”, dizia a o texto.
Ainda na conversa, a funcionária da escola diz que "quando houve a inauguração da escola quando o prefeito veio, [o menino] não conseguia socializar e nem responder a comandos. Então por essa questão, a professora orienta que em dias de festividade ele não venha”, completa a mensagem.
No vídeo publicado no Instagram, a educadora Rayza mostrou as mensagens que a mãe recebeu e disse que o aluno “foi proibido de participar de todas as datas festivas da escola, que como a própria professora cita, é um dia letivo como outro qualquer”.
Rayza ainda chamou atenção para o direito que crianças atípicas possuem de serem acompanhadas por um auxiliar dentro da sala de aula.
“Eu queria lembrar que o desenvolvimento pedagógico não é apenas aprender a ler e somar e sim a socializar. As festas são essenciais no desenvolvimento de uma criança. Não estão apenas impedido que [o menino] participe das festas como ele participe de um dia normal de educação”, acrescentou.
Caso será investigado
Também através do Instagram, o prefeito João Campos repudiou a atitude da professora da Doutor Antônio Correia.
“Isso é um completo absurdo. Nós não podemos tolerar esse tipo de ato. De imediato pedi para abrir um PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar) pela Controladoria do Município e garanto a vocês que tudo será apurado e havendo a constatação disso, haverá uma punição rigorosa, porque isso não pode ser admitido na nossa cidade”, disse.
Por meio de nota, a Secretaria de Educação repudiou "toda e qualquer situação discriminatória em relação a estudantes com deficiência ou transtorno (neuroatípico) da Educação Especial Inclusiva e que, em nenhum momento, repassou tal orientação para a escola ou para a docente. A gestão já está tomando as providências necessárias de apuração e processo administrativo adequado".
A pasta ainda destacou que instituiu a Política Pública de Educação Especial Inclusiva para os estudantes da Rede Municipal de Ensino do Recife através do decreto de Nº 36.309.
A Política Pública visa “assegurar o acesso, a permanência, a participação plena e a aprendizagem de crianças, adolescentes, jovens e adultos com deficiência, transtorno do espectro autista - TEA, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade - TDAH, transtornos de aprendizagem e altas habilidades/superdotação”.
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