Mãe denuncia que criança de 3 anos foi vítima de abuso sexual em creche no Recife
A mãe denunciou o caso à Polícia Civil. Um boletim de ocorrência foi
registrado e a criança passou por exame sexológico no Instituto de
Medicina Legal (IML), também em Santo Amaro (Foto: Divulgação)
Segundo ela, o crime foi cometido por um professor. Polícia Civil investiga o caso
A mãe de uma menina de 3 anos denunciou, nesta sexta-feira (24),
que sua filha foi vítima de violência sexual em uma creche localizada no
Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife. Segundo a mulher, o crime
foi cometido por um professor da instituição.
A mãe, de 25 anos, relatou que tomou conhecimento do abuso quando a
filha reclamou de dor nas partes íntimas. A criança estava matriculada
na creche há cerca de um mês.
“Ela ficou duas semanas doente e retornou nessa segunda. Na terça, foi que aconteceu isso. Ao chegar na casa da avó, ela me disse que não conseguia fazer xixi. Me falou que fazia força, mas não conseguia urinar. Foi aí que ela pediu para tomar banho”, contou.
“Pedi
para que dissesse a verdade. Ela me disse que ‘foi o tio que mexeu no
'piupiu' muitas vezes’ e que doía muito”, disse a mãe.
A
mulher, então, procurou a diretoria da creche para saber quem era
responsável por dar banho na menina, e foi comunicada que apenas as
professoras tinham esta função.
“Eu
ressaltei à diretora que na minha casa quem dá banho na minha filha sou
eu, e que nenhum homem, nem mesmo meu ex-marido, dá banho nela. Não
porque desconfiava, mas é que minha filha não se sentia confortável com
um homem dando banho nela”, afirmou.
Polícia investiga o caso
A
mãe denunciou o caso à Polícia Civil. Um boletim de ocorrência foi
registrado e a criança passou por exame sexológico no Instituto de
Medicina Legal (IML), também em Santo Amaro. O laudo pericial deve ser
concluído em até 30 dias.
A Polícia Civil de
Pernambuco informou, por meio de nota, que investiga o caso como
"estupro de vulneráve" e que um inquérito policial foi aberto.
“Eu
pretendo, com certeza, tirar ela da creche. Não confio de jeito nenhum.
Ela está tendo febre, diarreia e crises de ansiedade. Não sai de perto
de mim de jeito nenhum. Ela está amedrontada. Ontem ela teve uma crise
que nunca vi antes. Ficou se mordendo, puxando o cabelo e chorava muito.
Não tenho condição nenhuma de procurar um psicólogo e ela precisa de um
apoio médico. Espero que a prefeitura (do Recife) entre em contato
conosco para nos oferecer esse apoio”, finalizou a mãe.
Secretaria de Educação do Recife e creche se pronunciam
O Diario entrou em contato com a Secretaria de Educação do Recife, que destacou que “repudia todo e qualquer tipo de assédio ou violência dentro das unidades de ensino que compõem a rede municipal”. A pasta ainda disse que “está acompanhando de perto as investigações".
A
Secretaria de Educação também esclareceu que a creche é uma unidade em
parceria e que o profissional citado no envolvimento do caso da criança
não compõe o quadro de docentes da Rede Municipal de Ensino do Recife.
“A
pasta informa também que está ciente do caso relatado pela família da
criança, já conversou com a equipe de gestão da creche e que o
profissional foi desligado da unidade de forma imediata”, finaliza a nota.
O
Instituto Ternura postou uma nota de repúdio nas redes sociais e
expressou “sua firme posição contra qualquer forma de violação cometida
contra as crianças atendidas em nossas unidades”.
“Reiteramos
nosso compromisso em promover um ambiente seguro e acolhedor para todas
as crianças, repudiando veementemente quaisquer atos que violem sua
dignidade e integridade. Estamos comprometidos em trabalhar
incansavelmente para colaborar com as autoridades competentes na
investigação e apuração do caso”, informa a nota.
O instituto ainda destacou que está “tomando
as medidas cabíveis, uma delas é informar que o ‘professor’ citado, já
não faz parte do nosso quadro, bem como a disposição para esclarecimento
e apoio, não recebemos notificação oficial dos órgãos competentes sobre
tal ocorrência. Ressaltamos que não temos conhecimento de relatos de
suspeitas por parte dos familiares da criança, mas sim por terceiros”.
Especialista analisa o caso
A
advogada Maria Paula Magalhães explica que há uma responsabilidade
administrativa por parte da prefeitura, uma vez que ela responde por
qualquer ato de seus agentes, incluindo servidores terceirizados.
Segundo a profissional, há uma responsabilidade objetiva.
"Mesmo
ela [a prefeitura] não dando causa a isso, ela não tendo culpa ou dolo,
ela responde objetivamente por aquela situação. E existe também uma
responsabilidade que seria de responder por qualquer dano causado a
outra pessoa. Verifico, de acordo com as particularidades do que
aconteceu com a criança, que vai ter um dano psicológico, pode ter
também um dano físico e um dano emocional", explicou a advogada.
"Mesmo
tendo posicionamentos diversos, entendo que existe uma responsabilidade
da Prefeitura. Ela faz repasse de verbas, encaminha a criança para
aquela unidade de ensino. Sendo ONG, ela precisa fiscalizar, saber para
quem está repassando. Claro que as instituições não têm como controlar
determinados comportamentos humanos, mas ainda assim ela responde pelos
atos de seus agentes. Por isso, em caso de condenações para a
instituição, ela pode se valer do seu direito de regresso, que seria,
por exemplo, a Prefeitura cobrar o que pagou para a ONG ou a ONG cobrar
do funcionário", completa a profissional.
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