30 anos sem Senna: legado do tricampeão da Fórmula 1 segue presente entre as gerações
Piloto morreu após um grave acidente em Ímola, no Grande Prêmio de San Marino (Foto: ANDREAS SOLARO/AFP)
Cleyton Pinteiro, Beto Monteiro e Kiko Porto, todos com a vida ligada ao automobilismo, relatam como Ayrton ainda impacta os brasileiros até hoje
Há 30 anos, o Brasil perdia uma das suas principais personalidades esportivas de todos os tempos. Ayrton Senna da Silva, ou simplesmente Ayrton Senna, deixou uma nação inteira de luto após sofrer um acidente fazendo aquilo que ele mais gostava da vida: correr. Tricampeão mundial de Fórmula 1, o piloto conseguiu, em vários domingos, parar boa parte do país só para torcer por ele. Hoje, três décadas após seu trágico acidente, ele ainda continua vivo na mente e nos corações de torcedores e de pilotos, que vêem em Ayrton um exemplo de profissionalismo, de postura dentro das pistas e de preparação para as adversidades.
No dia 1° de maio de 1994, o Brasil ficou um pouco mais triste. Era mais um domingo em que Senna ia fazer mais uma corrida, com esperanças de mais uma boa colocação e, quem sabe, ver a bandeira verde e amarela tremulando na volta da vitória do tradicional Grande Prêmio de San Marino, em Ímola. Entretanto, um grave acidente interrompeu a carreira de um dos mais talentosos pilotos da história do esporte, encerrando ali a vida de Ayrton.
Senna bateu na temida curva Tamburello. Desde então, regras de segurança na modalidade foram modificadas, a fim de aumentar ainda mais a segurança dos pilotos e evitar mais tragédias.
O Esportes DP entrevistou três gerações de pernambucanos que, de alguma maneira, têm o automobilismo presente em suas vidas. Cleyton Pinteiro, Beto Monteiro e Kiko Porto falaram um pouco sobre o que Ayrton Senna representou (e representa em suas vivências, o que ele deixou após sua partida e como ele ainda impacta nas gerações de pilotos brasileiros, trinta anos após sua partida.
Cleyton Pinteiro, ex-presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), ficou bastante emocionado ao lembrar daquele fatídico 1° de maio de 1994. “As manhãs e tardes de domingo nunca mais foram as mesmas. Foi a primeira vez que vi meu pai chorar”, destacou o empresário, que se encontra distante do automobilismo há mais de seis anos.
Entretanto, Ayrton traz mais lembranças boas do que tristes. “Em 1995 eu estava em um restaurante, em Paris, e fui pagar minha conta com um cartão de crédito. Na ocasião, o cartão possuía o rosto de Senna impresso nele, por ser do Instituto Ayrton Senna. O gerente do restaurante, ao ver o cartão, ficou admirado com aquilo e começou a me pedir o cartão! Ele insistiu tanto que ao chegar ao Brasil, pedi outro cartão ao banco e enviei o bendito cartão para ele”, lembrou Cleyton, como forma de evidenciar o quanto o piloto era querido pelo mundo inteiro.
O ex-presidente da CBA também falou sobre a união que o piloto conseguiu trazer ao Brasil. Ele era unanimidade. A única vez que uma unanimidade não é burra. Ele conseguia trazer a união em um país tão diferente como o nosso”, complementou.
Para Cleyton, Senna continua sendo o nome do automobilismo brasileiro. “Senna foi muito marcante. Tantos anos depois, ainda é a maior referência do automobilismo brasileiro”, afirmou.
Para Beto Monteiro, piloto tetracampeão brasileiro de Fórmula Truck, Ayrton Senna sempre foi inspiração. “Eu sou da geração que acompanhou, que torceu, que viveu a construção de Senna. Para mim, ele sempre foi referência de força de vontade, de dedicação, de preparação física e de foco”, destacou o piloto, que também compete na Nascar Brasil.
Beto crê que muito do seu ‘ser piloto’ é inspirado em Senna. “Até hoje eu faço coisas involuntárias que aprendi com ele. Como sentir o carro ao máximo, tecnicamente falando, toda a parte de entendimento técnico, porquê tá bem porquê tá mal, é conta desta referência que tenho dele”, complementou o piloto.
Ayrton está presente até no estilo do capacete de Monteiro. “Meu capacete é pintado de verde e amarelo porque eu queria essa representatividade que Senna traz, sempre respeitando minha individualidade e sem querer me comparar com ele”, lembrou o piloto, que confessou ser confundido com Ayrton quando corria na Europa. “Em 1997, eu estava na Fórmula 3, na Europa. Não sei porquê, muita gente achava que eu lembrava ele. Deve ser o fato de ser brasileiro”, falou Beto.
O piloto ainda acha que Senna impacta positivamente nas gerações até hoje. “Muitos sabem e desfrutam disso hoje em dia. Mas, a molecada não têm ideia do quanto foi importante para a gente”, destacou.
Entretanto, a nova geração de pilotos vem demonstrando um total respeito àqueles que antecederam e fizeram história no esporte. Kiko Porto, pernambucano que atualmente está participando da categoria Lamborghini Super Trofeo, nos Estados Unidos, se mostrou bastante consciente do que Ayrton Senna representa para todo o Brasil. “Ayrton para mim é um marco no no esporte brasileiro. Não só como piloto de Fórmula 1, mas como atleta. Eu acho que o que ele fez pelo Brasil, representar o país mundo afora da forma que foi representado e estampar as cores do Brasil pelo mundo foi algo que todo brasileiro devia ser grato por isso”, falou.
Kiko também destacou a gana de Senna dentro das pistas. “A gente sabe da velocidade que ele tinha, a gente sabe de toda técnica que ele aplicava contra os adversários, mas muito além disso, a gente sabe da paixão que ele tinha pelo esporte, e todo o fã de automobilismo sabe que essa paixão era algo que a gente não vê todo dia, que essa paixão se revertia em um trabalho muito forte, dentro e fora das Pistas”, complementou.
Por fim, o jovem piloto fala em continuar o legado. “Seguir os passos dele e o admirar com certeza influencia na minha vida, e na vida de outros pilotos e atletas, de sempre buscar seu limite todos os dias e almejar sempre o melhor”, concluiu.
Entre pessoas que nunca viram Senna correr ao vivo e outras que tiveram o prazer de acompanhar e torcer por ele, o fato é que o piloto impactou e impacta de uma maneira inexplicável a vida de brasileiros até hoje. Que neste dia 1° de maio, fique ainda mais evidente o quão ele foi importante para o esporte nacional, e que todas as homenagens e lembranças deste ser humano extraordinário são feitas com toda a justiça que lhe é merecida.
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