Episódio de torcedor morto após ser atingido por vaso sanitário no Arruda completa 10 anos; relembre o caso
(Foto: Paulo Paiva/DP)
Paulo Ricardo Gomes da Silva tinha 26 anos e estava na torcida visitante quando foi atingido; condenados continuam presos
10 anos atrás, mais um episódio de violência nos estádios de futebol marcava o futebol pernambucano. Entretanto, desta vez, a crueldade, a desumanização e o desfecho deixou a todos consternados. Paulo Ricardo Gomes da Silva foi assassinado ao sair do Arruda após uma partida entre Santa Cruz e Paraná, atingido por uma privada, arremessada do anel superior do estádio e o atingindo em cheio, na rua das Moças. Paulo morreu na hora. Ele era torcedor do Sport, e foi acompanhar a partida na torcida visitante.
O caso
Santa Cruz e Paraná se enfrentaram no Arruda no dia 02 de maio de 2014, em jogo válido pela Série B daquele ano. Entretanto, as facções organizadas dos dois times se identificavam como rivais, o que sempre causa conflitos violentos antes e depois dos jogos. Em alguns casos, até durante a partida. Naquela noite chuvosa, Paulo Ricardo foi até o Arruda acompanhar a partida na torcida visitante, após receber um convite para fotografar os integrantes. Ele só não sabia que aquele seria seus últimos cliques.
Paulo era soldador naval, e tinha 26 anos. Após a partida, dois vasos sanitários foram arremessados na torcida do Paraná, que estava saindo do estádio. Ele tinha ligações com a Torcida Jovem, aliada da torcida organizada do Paraná, e foi convidado a estar presente no lugar de outro integrante, que não pode comparecer ao jogo.
Os criminosos
Três homens foram identificados como responsáveis pelo assassinato brutal de Paulo. Everton Filipe Santiago e Luiz Cabral de Araújo Neto estavam foragidos após o acontecido e acabaram sendo encontrados dias depois. O primeiro, em uma escola no bairro de Ouro Preto, em Olinda. O segundo, estava escondido em uma cidade do interior do Rio Grande do Norte. Waldir Pessoa, o terceiro envolvido, entregou-se para a Polícia.
A sentença
O julgamento aconteceu no dia 02 de setembro de 2015. Após 12 horas de júri popular, Waldir Pessoa Firmo Júnior foi condenado a 28 anos e nove meses de prisão, Everton Filipe Santiago de Santana a 28 anos e seis meses e Luiz Cabral de Araújo Neto a 25 anos de reclusão.
Depois de dois pedidos de apelação no Ministério Público, as penas foram alteradas. Waldir foi condenado a 45 anos, Luiz Cabral a 51 anos e três meses e Everton Filipe a 57 anos de reclusão. Todas as penas cumpridas em regime fechado.
Indenização à família
O Santa Cruz e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foram condenados a indenizar a família de Paulo em aproximadamente R$ 1,2 milhão de reais. O clube e a CBF também terão de pagar uma pensão mensal no valor de R$ 438,62. Até o momento, nenhum dos dois valores foi pago por nenhuma das instituições.
Uma década se passou, e apesar dos criminosos terem sido devidamente responsabilizados, nada trará de volta Paulo para o convívio familiar, ciclos de amizade e profissionais. Relembrar o caso é, antes de tudo, respeitar a memória de um ser humano que foi assassinado em uma ocasião que não deveria ser. Depois de tanto tempo, vemos que a violência extrema continua no futebol de Pernambuco, e ainda torcemos para que dias melhores, mais seguros e saudáveis cheguem para os torcedores do futebol brasileiro.
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