Presidente e vice da Jovem do Sport ordenaram atentado, mas confundiram ônibus de rivais com coletivo de jogadores, diz polícia
Os dois homens foram presos no Centro do Recife, na quarta (3). Detalhes da ação foram repassados nesta quinta (4)
O presidente e o vice-presidente da Torcida Jovem do Sport foram os mandantes do ataque com bombas e pedras ao ônibus da delegação do Fortaleza, na madrugada do dia 22 de fevereiro deste ano.
É o que apontou, nesta quinta (4), a Polícia Civil pernambucana, que prendeu os dois homens na quarta (3), no Centro do Recife.
No atentado, sete jogadores ficaram feridos. Os crimes foram praticados após o jogo entre os dois times pela 1° fase da Copa do Nordeste 2024.
As capturas fizeram parte da 2° fase da Operação Hooligans.
Ao todo, foram expedidos nove mandados. Até agora, a polícia cumpriu seis e três homens estão foragidos.
Todos os alvos foram indiciados por tentativa de homicídio, associação criminosa, dano a patrimônio e provocação de tumulto.
Explicações
A informação sobre a autoria intelectual do crime foi confirmada pelos investigadores, em entrevista coletiva, na sede da Secretaria de Defesa Social (SDS), no bairro de Santo Amaro, na área Central do Recife.
Ainda segundo a polícia, o atentado ao ônibus do Fortaleza foi ordenado pelos líderes da organizada.
Para os investigadores, os líderes da Jovem pretendiam atacar, na verdade, os rivais da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF).
A corporação afirmou que os comandantes da uniformizada do Sport "acabaram confundindo o ônibus e atacaram o coletivo em que estavam os jogadores do tricolor cearense".
“O presidente e o vice não estavam no local onde ocorreu o crime. Estavam nas proximidades do estádio e deram o comando para que os demais suspeitos atacaram o ônibus do Fortaleza. Como foi feita essa comunicação é que estamos investigando e avançando nas informações levantadas no inquérito. Mas, o que já podemos afirmar é que os dois presos de ontem foram os que ordenaram todo o ataque. Em depoimento, eles negaram, mas a nossa inteligência chegou a este apontamento”, afirmou o delegado responsável pelas investigações, Raul Carvalho, titular da Delegacia de Repressão à Intolerância Desportiva (Deprin).
Agora, a polícia tenta saber quem, de fato, fez a confusão entre os ônibus em que estavam torcedores da organizada e a delegação da equipe cearense.
“Descobrimos, durante o curso das investigações, que o ataque era premeditado a uma organizada rival. Vamos concluir isso no final do inquérito. O ônibus em que estava a delegação do Fortaleza é completamente diferente dos coletivos das organizadas. Então, seria facilmente identificado para não se realizar o ataque, pois seria um ônibus de delegação de um time”, disse o delegado responsável pelas investigações, Raul Carvalho.
Os dois foram detidos durante uma ação de cumprimento de mandados de prisão temporária.
Ele vale por 30 dias e pode ser prorrogado por mais 30.
Entenda o caso
O presidente e o vice-presidente da organizada foram presos na tarde da quarta, na loja de artigos da uniformizada, no Edifício São Cristóvão, na Rua da União, no bairro da Boa Vista, no Centro do Recife.
O ataque aconteceu na BR - 232, no bairro do Curado, na Zona Oeste do Recife.
O ônibus da equipe cearense foi atingido por pedras e bombas, no momento em que o coletivo da delegação passava pela rodovia indo em direção a um hotel, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
As prisões
Agentes da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), grupo de elite da Polícia Civil, fizeram campana nas proximidades da loja da organizada para se certificar se o presidente e o vice estavam presentes.
Assim que os policiais identificaram a presença dos dois, foram até o local e cumpriram os mandados de prisão.
Segundo o delegado titular da Delegacia de Repressão à Intolerância Desportiva (Deprin), Raul Carvalho, o presidente e o vice foram os mandantes do ataque, orquestrado com certa antecedência antes da partida entre pernambucanos e cearenses, na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife.
O nome e a idade dos dois presos não foram divulgados pela corporação.
O vice-presidente já tinha antecedentes criminais por tentativa de homicídio contra um integrante de uma torcida organizada rival. Esse crime ocorreu no ano de 2016.
Com a prisão dos dois líderes da Jovem, chegou a seis o número de prisões dos suspeitos de envolvimento no ataque.
Outros três continuam foragidos, inclusive, um deles é apontado pela polícia como suspeito de ter recebido a ordem dos líderes e organizado todo o atentado.
Além dele, outros dois suspeitos de jogar as pedras e a bomba contra o ônibus da delegação da equipe cearense estão sendo procurados pelo Core.
Ainda segundo o investigador, durante a 1ª fase da operação Hooligans, foi pedido à Justiça a expedição de mandado de prisão temporária contra o presidente e o vice da organizada. Porém, segundo o delegado, o pedido foi negado pelo Judiciário e pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pela falta de provas sustentáveis.
“Dai avançamos no inquérito e a nossa investigação deu robustez a provas materializadas que apontavam que eles foram os mandantes. Nisso, para deflagrar a segunda fase da operação, renovamos o pedido de mandado de prisão contra os dois e, desta vez, foi aceito pela Justiça e, assim, cumprimos as prisões”, destacou Raul Carvalho.
O ataque
No dia 15 de março, durante a deflagração da 1ª fase da Operação Hooligans, o delegado Raul Carvalho, deu detalhes de como foi a dinâmica do ataque.
“Foram três ônibus de três locais diferentes. Eles param na via. Do segundo ônibus, desceram cerca de 50 integrantes. No terceiro ônibus, não desceu ninguém. Do primeiro ônibus, após o fato, desceram outras pessoas", afirmou.
O ônibus do Fortaleza estava sendo escoltado por batedores. O motorista da delegação ainda verificou a situação.
"O ônibus do Fortaleza reduziu um pouco e o batedor deu ordem precisa avançar. Precisava continuar para não acontecer nada. E aí, jogaram duas bombas e diversas pedras dentro do ônibus, que não parou. Imediatamente. A escolta levou esse ônibus. O motorista seguiu. Se tivesse parado ali, provavelmente tudo teria sido pior. Então o ônibus foi escoltado para prosseguir até o primeiro posto médico, onde começou o atendimento aos jogadores“, explicou o delegado.
As testemunhas afirmaram que havia muitos envolvidos.
“Deu realmente a sensação de que eram mais de 50 pessoas. Essa é a dificuldade da investigação”, acrescentou Carvalho.
Conforme as investigações, os agressores aproveitaram que havia pedras entulhadas de uma reforma nas proximidades.
Segundo a polícia, o ataque foi feito por três grupos organizados da Torcida Jovem do Leão, de três locais diferentes: Camaragibe, Casa Amarela e Torrões, todos na Região Metropolitana do Recife (RMR).
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