Violência contra a mulher: campanha ganha as ruas do Recife para dizer "basta!"
Instituto Banco Vermelho realizou ações em espaços públicos, no dia que marca a luta contra esse tipo de crime
Em 2017, o dia 5 de abril passou a ser marcado como o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio.
A lei que institui a data foi sancionada pelo Governo do Estado como um marco para a necessidade da atenção para o combate à violência contra a mulher
O dia também foi instituído para homenagear a vitoriense Mirella Sena, morta naquele dia, por um vizinho, na Zona Sul do Recife.
Para marcar a data, nesta sexta (5), o Instituto Banco Vermelho, realizou um manifesto pelo "Feminicídio Zero".
Representantes da instituição circularam pelas ruas do centro do Recife na tarde para dizer "basta!"
Chamando a atenção do público, o movimento levou placas para locais de grande concentração, como o Marco Zero.
Também convidou pessoas para que fizessem fotos para compartilhamento em suas redes sociais.
“Hoje, 5 de abril, é o dia da lei de combate ao feminicídio, uma lei Estadual que leva o nome de uma das vítimas deste crime, inclusive construímos lá em Vitória e Santo Antão, um banco, em memória de Mirella Sena, que foi uma jovem que teve a sua vida ceifada por esse crime tão cruel e que a gente tem combatido aqui, utilizando, mais uma vez, outro elemento urbano. Nós costumamos usar o banco, como elemento de reflexão e de prevenção, e hoje nós estamos trazendo para essa luta uma placa de trânsito, uma placa que diz, pare. Porque, na verdade, é isso que nós estamos querendo dizer aqui: 'Pare, nenhuma mulher a mais'. Nós não podemos admitir, enquanto sociedade civil. E a gente tem que pressionar o poder público, de fato, Pernambuco hoje ocupa o primeiro lugar, infelizmente e nós não gostaríamos de ostentar o primeiro lugar em feminicídio. Então, hoje aqui, essa placa de trânsito, representa um pare. Nós não admitimos mais nenhuma mulher sendo morta pelo fato dela ser mulher”, pontua Andrea Rodrigues, presidente do Instituto Banco Vermelho.
Projetos e articulações
Ainda marcando o Dia de Combate ao Feminicídio em Pernambuco, a Câmara Municipal do Recife aprovou e protocolou, nesta sexta, para ser incluído no calendário municipal o “Projeto Banco Vermelho”, proposto pela vereadora Liana Cirne (PT).
O Projeto consiste na instalação de bancos na cor vermelha em espaços públicos de grande circulação de pessoas, por meio das iniciativas do Instituto Banco Vermelho.
Os equipamentos contarão com frases de estímulo à reflexão, na busca pelo Feminicídio Zero e contatos de emergência para denúncia e suporte às vítimas.
A intervenção urbana terá por finalidade prevenir e combater o feminicídio e a violência de gênero, bem como fornecer informações sobre o acesso à rede de apoio para as vítimas.
O Instituto também conta com um Projeto de Lei Estadual protocolado proposto pela deputada Dani Portela, um Projeto de Lei Federal já aprovado e frente de articulação direta junto ao Senado Federal, proposto pela Deputada Maria Arraes (Solidariedade).
Homenagem a Mirella
Placa pede fim dos feminicídios (Foto: Ruan Pablo/DP) |
Em 8 de março deste ano, a gestão municipal de Vitória de Santo Antão realizou ação de engajamento com o Instituto Banco Vermelho, dentro das iniciativas voltadas ao Dia Internacional da Mulher, para homenagear a vitoriense e fisioterapeuta Mirella Sena, vítima de feminicídio em abril de 2017, em um crime brutal de gênero, cometido pelo seu vizinho.
Na ocasião, a prefeitura da cidade, por meio da Secretaria da Mulher de Vitória de Santo Antão, realizou a instalação de um banco vermelho gigante na Praça Severino Ferrer de Morais (Praça do Fórum) com uma marcante ilustração do rosto de Mirella.
Emocionada, a mãe de Mirella agradeceu a lembrança atribuída à sua filha.
“Mirella era um ser de luz, mas que infelizmente foi morta em um ato de covardia por um vizinho que só queria tirar a sua vida por pura maldade. Eternizar seu nome aqui, na cidade onde ela viveu por grande parte de sua trajetória, nos enche de emoção. Ela estudou por vários colégios daqui, tinha vários amigos. Fez toda sua história e foi morar no Recife. Até hoje, sentimos sua falta. Mas agora temos o nome dela eternizado não somente em nossos corações”, destacou Suely Araújo.
O Instituto
O Instituto Banco Vermelho (IBV) é uma entidade brasileira. Com a fundação e início das suas atividades em novembro de 2023, seu propósito nasceu da inquietação de duas mulheres pernambucanas, Andrea Rodrigues e Paula Limongi, que, impactadas pela crueldade do feminicídio, transformaram o luto em luta.
A Diretora Executiva do IBV, Paula Limongi falou da importância do movimento e destacou que o projeto de lei aprovado em esfera federal, já tem em tramitação também nas esferas estadual e municipal.
“O Instituto Banco Vermelho nasce do luto de duas mulheres pernambucanas que perderam suas amigas para o feminicídio, e ele surge por meio de uma luta urbana e também convida toda a sociedade civil a lutar pelo feminicídio zero. Trabalhamos com intervenções urbanas como o Banco Vermelho. No Recife já temos 25 bancos instalados. Temos bancos gigantes em Caruaru, um banco gigante em Vitória de Santo Antão e também na Uninassau, que é um parceiro educativo nosso. Hoje, dia 5 de abril, é o dia do combate ao feminicídio, lei estadual Mirella Sena, e a gente tá muito feliz também comemorando um grande ato que é a conquista de mais um projeto de lei, dessa vez municipal. Então, o Instituto Banco Vermelho já conta com três projetos de lei, sendo um municipal, um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado, e um projeto de lei federal, protocolado pela deputada federal Maria Raiz, este último que já foi aprovado na Câmara e subiu para aprovação no Senado. Então, por meio de muita luta e poder social a gente consegue lutar pelo feminicídio zero."
Portanto, tendo como sua principal missão a luta pelo feminicídio zero, o IBV atua para engajar a sociedade civil e o poder público no enfrentamento à violência de gênero por meio de iniciativas de intervenção e ocupação urbana, projetos educativos, ações culturais e campanhas de mobilização, entre outras atividades.
Por: Aimé Kyrillos
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