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sexta-feira, 15 de março de 2024

ATENTADO CONTRA O FORTALEZA

Ônibus, pedras e bombas: entenda a dinâmica do ataque ao time do Fortaleza

ônibus foi atacado com pedras e bombas (Foto: Arquivo)


Atentado foi praticado por três grupos da Torcida Jovem do Leão, de três locais diferentes: Camaragibe, Casa Amarela e Torrões

A Polícia Civil deu detalhes, nesta sexta-feira (15), sobre a dinâmica da ação criminosa contra o ônibus da delegação do Fortaleza, na madrugada do dia 23 de fevereiro. Ao todo, sete jogadores ficaram feridos. 

Na Operação Hooligans, deflagrada hoje, foram presos três integrantes da torcida organizada do Sport chamada de Jovem do Leão, a antiga Torcida Jovem.
 
Eles fizeram uma emboscada na BR-232, no Curado, na Zona Oeste do Recife, após a partida Sport X Fortaleza pela Copa do Nordeste. Por causa desse crime, tipificado como tentativa de homicídio, tumulto e dando, o Sport foi punido pela Justiça Desportiva, sendo obrigado a mandar jogos sem torcida.  
 
Operação Hooligan
 
A Justiça expediu 14 mandados, sendo sete de prisão temporária (válida por 30 dias) e sete de busca e apreensão, realizados nas cidades do Recife e também em Camaragibe e Paulista, na Região Metropolitana. 
 
Três mandados de prisão foram cumpridos, pois quatro suspeitos encontram-se foragidos. 
 
Segundo a polícia, o ataque foi feito por três grupos organizados da Torcida Jovem do Leão, de três locais diferentes: Camaragibe, Casa Amarela e Torrões, todos na Região Metropolitana do Recife (RMR).  
 
Ainda de acordo com a Polícia Civil, no atentado, foram arremessadas uma bomba de fabricação caseira e várias pedras que estavam no acostamento da BR-232, nas proximidades do Atacadão dos Presentes, no bairro do Curado, na Zona Oeste do Recife. 

As informações foram repassadas em coletiva à imprensa, na sede da Polícia Civil, no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife. 

O ataque 

Segundo o delegado titular da Delegacia de Repressão à Intolerância Desportiva (Deprin), Raul Carvalho, responsável pelas investigações, o ataque à delegação do Fortaleza foi premeditado.
 
O ônibus foi atacado por criminosos que estavam em três outros coletivos, todos integrantes da Torcida Jovem do Leão. 
 
Segundo a investigação, os autores armaram uma emboscada.
Para a polícia, eles acreditavam que no ônibus atacado estavam, na verdade, torcedores da organizada identificada como Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF).
 
O investigador explicou a dinâmica do ataque. 

“Foram três ônibus de três locais diferentes. Eles param na via. Do segundo ônibus, desceram cerca de 50 integrantes. No terceiro ônibus, não desceu ninguém.  Do primeiro ônibus, após o fato, desceram outras pessoas", afirmou.
 
O ônibus do Fortaleza estava sendo escoltado por batedores. O motorista da delegação ainda verificou a situação.
 
"O ônibus do Fortaleza reduziu um pouco e o batedor deu ordem precisa avançar. Precisava continuar para não acontecer nada. E aí, jogaram duas bombas e diversas pedras dentro do ônibus, que não parou. Imediatamente. A escolta levou esse ônibus. O motorista seguiu. Se tivesse parado ali, provavelmente tudo teria sido pior. Então o ônibus foi escoltado para prosseguir até o primeiro posto médico, onde começou o atendimento aos jogadores“, explicou o delegado. 
 
As testemunhas afirmaram que foram muitos envolvidos.
 
“Deu realmente a sensação de que eram mais de 50 pessoas. Essa é a dificuldade da investigação”, acrescentou Carvalho. 

De acordo com as investigações, os agressores aproveitaram que havia pedras entulhadas de uma reforma nas proximidades. 

Organização

Ainda segundo o delegado, o ataque ao ônibus do Fortaleza partiu da ordem de “diretores” de grupos desmembrados da Torcida Jovem do Leão. 

Ele comentou que houve uma ordem para que o pessoal do ônibus descesse do coletivo, exatamente como uma forma de mesclar quem praticou as ações e quem não participou.
O delegado Raul Carvalho detalhou como foi a dinâmica do ataque ao ônibus da delegação do Fortaleza  (Foto: Rafael Vieira/DP )
O delegado Raul Carvalho detalhou como foi a dinâmica do ataque ao ônibus da delegação do Fortaleza (Foto: Rafael Vieira/DP )

"Então, existe a participação de mais pessoas e estamos investigando para identificar todos. Deixo claro que não houve ajuda da Torcida Jovem do Leão para repassar informações que ajudassem nas investigações. Esqueçam a ideia de que vivemos no tempo em que a pessoa se reúne com bondes de 20 a 30 pessoas e vão fazer um ataque a outras pessoas. Isso se trata de um grupo organizado”, enfatizou o investigador. 

Investigação

Segundo o delegado responsável pelas investigações que resultaram na deflagração da Operação Hooligans, Raul Carvalho, as prisões dos suspeitos aconteceram mais de 20 dias após o ataque devido “a complexidade do caso”, já que o investigador ressaltou que o local onde aconteceu o ataque era precário de iluminação pública e desguarnecido de câmeras de videomonitoramento, pois se tratava de uma rodovia federal. 

“A complexidade se deu justamente pelo ataque ter acontecido em uma área de iluminação precária e sem câmeras de videomonitoramento. Diante a todo o cenário tivemos essa complexidade para trabalhar, mas de forma célere, conseguimos identificar os autores e quem de fato premeditou e deu a ordem para que o ataque ao ônibus acontecesse. Pela repercussão foi o principal desafio para nós esse ano, pois foi um fato repletamente atípico que resultou em lesões graves aos jogadores do Fortaleza. Não temos precedentes anteriores nesse sentido. Ano passado investigamos dois homicídios envolvendo brigas de torcidas organizadas, mas simplesmente a perda da vida não tem solução de seguir adiante, Mas, este ano sim, um caso de repercussão que gerou um grande trabalho de nossa equipe de investigação”, destacou o delegado. 

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