Estudo revela segredo para chegar aos 100 anos - e não é exercício físico
Pesquisadoras da Espanha constataram que pessoas com maiores chances de viver mais sobre aquelas que adotam hábitos e pensamentos mais positivos
Já parou para pensar qual o segredo para viver mais de 100 anos? Se a resposta teve a ver com a prática de exercícios físicos regulares, saiba que há outro hábito mais importante: a sua personalidade.
Sim, de acordo com um estudo feito por um grupo de pesquisadoras da Universidade de Madrid e da Escola Andaluza de de Saúde Pública, também na Espanha, constataram uma característica em comum entre as pessoas que vivem mais: elas adotam hábitos e pensamentos mais positivos.
“Considerando que as pessoas mais felizes têm probabilidade de viver mais, questionámo-nos se os centenários saudáveis partilham recursos psicológicos ou características de personalidade positivas que lhes permitiram enfrentar situações traumáticas e os desafios da vida com mais sucesso”, explica a equipe no artigo, publicado pelas pesquisadoras Dolores Merino, Marta Sánchez-Ortega e Elvira Elvira-Flores, do centro de ensino madrilenho, e Inmaculada Mateo-Rodríguez, da Escola Andaluza de de Saúde Pública.
Ao entrevistar 19 pessoas com idades entre 100 e 107 anos – 16 das quais eram mulheres – as investigadoras isolaram oito pontos fortes psicológicos que eram comuns aos centenários. “Todos eles estão relacionados com a saúde física e mental”, observam.
Vitalidade
O primeiro ponto diz respeito à vitalidade da pessoa. De acordo com as pesquisadoras, a vitalidade refere-se à sentir-vivo e com energia. "Os centenários entrevistados têm uma forte ligação à vida, que não só vivem, mas claramente querem continuar a viver”, escrevem.
Os idosos entrevistados falaram sobre praticar exercícios diariamente; frequentar grupos sociais; jogar jogos como cartas ou sudoku – basicamente apenas permanecer ativo, tanto mental quanto fisicamente.
Sociabilidade
Ter relações sociais é a segunda prática elencada pelas pesquisadoras. O ponto, segundo elas, é não se limitar a manter contato apenas com amigos e conhecidos. O pulo do gato da longevidade é socializar com conhecidos e pessoas fora do ciclo social.
Em outras palavras, estar comprometido, segundo o estudo das pesquisadoras, é estabelecer um "vínculo psicológico com aquilo com que se compromete”. A pessoa pode ser comprometida com o trabalho, a sua família, amigos, até mesmo objetivos pessoais. Os centenários entrevistados pelas acadêmicas relataram valorizar algo que eles persistiram.
Responsabilidade e controle da vida
O quarto ponto fundamental para chegar aos 100 anos é manter um senso de controle na própria vida.
“[Centenários, em geral, mostram: autonomia, domínio ambiental e praticidade”, escrevem os autores. “Em geral… eles tomaram suas próprias decisões, assumiram o controle de suas próprias vidas e as direcionaram para onde queriam ir”, afirmaram as pesquisadoras.
Motivado intelectualmente
O quinto lugar da lista é aquele que é praticamente sinônimo de juventude: ser motivado intelectualmente. Isso significa ser curioso, ter amor por aprender e aprender sozinho.
Os entrevistados relataram viajar por toda parte, treinar seus cérebros com coisas como quebra-cabeças lógicos e, acima de tudo, ler.
“Mesmo aqueles que não podiam ir à escola aprenderam a ler e escrever por conta própria”, observam os autores, “o que indica um claro interesse em aprender, especialmente se considerarmos que quando eram crianças o analfabetismo na Espanha era de 60%.”
Positividade
As pesquisadoras definiram positividade não como simplesmente “ter uma perspectiva ensolarada” ou “sorrindo muito” – era mais em termos de gratidão pelo que é bom e de capacidade de superar o que é ruim.
“A vida me deu tudo, graças a Deus”, relatou uma senhora de 100 anos. “Isso me causou decepções, como a perda de parentes, mas graças a Deus não passei por momentos ruins.”
Resiliência
As pesquisadoras buscaram saber detalhes da vida dos centenários e relataram algumas histórias apuradas. Confira:
“As histórias que contam refletem episódios extremamente difíceis de suas vidas, como: separação dos pais durante a infância, maridos abusivos, perda do companheiro ou mesmo dos filhos, ficar trancado em casa um quarto na casa de repouso por causa do covid-19, etc.”, explica o artigo.
“Isso se soma à Guerra Civil Espanhola, que todos viveram no final da adolescência ou na idade adulta”, acrescentam os autores. “Apesar de tudo isso, os centenários souberam levar a vida adiante, em alguns casos redirecioná-la e, sobretudo, não se deixarem prejudicar psicologicamente pela vivência das adversidades”.
Inteligência
A última característica necessária para ter uma vida longeva é buscar a inteligência. “Não é à toa que a inteligência é um dos melhores preditores de longevidade”, escreveram no artigo.
Isso ocorre potencialmente porque, por definição, permite que uma pessoa pense abstratamente, planeje com antecedência, use novas informações para raciocinar e resolver problemas. Essas habilidades são úteis quando se adota rotinas do dia a dia, como cuidar de sua saúde.
Correio Braziliense.
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