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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

INSPEÇÃO

Mais de 3 mil prédios-caixão correm algum risco de desabar no Grande Recife

Prédio do Conjunto Beira-Mar desabou em 7 de julho (Foto: Rafael Vieira/DP)


Dados do Itep foram discutidos, nesta quinta (26), durante vistoria feita por comissão do Senado Federal

Cerca de 3,3 mil prédios-caixões localizados na Região Metropolitana do Recife (RMR) apresentam algum grau de risco de desabamento.
 
O número levantado pelo setor de engenharia civil do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) expõe o drama das mais de 40 mil pessoas que vivem nesses imóveis ameaçados.

Segundo o Itep, 133 prédios-caixões no Grande Recife estão no grau 4, o mais grave da escala de risco de desmoronamento. Outros mais 1.200 estão no grau 3, e mais de dois mil imóveis no grau 2 de risco.

Em busca de soluções para evitar desabamentos como o de um edifício que deixou 14 mortos em Paulista, em julho deste ano, uma comitiva da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, fez diligências, nesta quinta (26), em prédios-caixões localizados em três cidades do Grande Recife. O problema também foi tema de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

O local da tragédia, o bloco D 10 do Conjunto Habitacional Beira-Mar, no bairro do Janga, foi visitado pela comitiva. Moradores dos prédios restantes fizeram campana para acompanhar a inspeção e cobraram providências.

De acordo com o senador Humberto Costa (PT), um relatório da visita será elaborado de forma urgente e apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A intenção, segundo o parlamentar, é pedir a criação de um Grupo de Trabalho (GT).

“É uma situação vergonhosa que haja esse problema há décadas e que não se tenha encontrado uma solução. Vamos discutir com o presidente Lula. Quero entregar o relatório o mais breve possível para que o Governo Federal crie um grupo de trabalho para discutir soluções definitivas”, enfatizou o senador.

Além dele, também acompanharam as diligências a senadora Teresa Leitão (PT), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB), a desembargadora federal Joana Carolina, o desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) Erik Simões, o presidente em exercício do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Clovis Segundo, além de representantes do Ministério das Cidades, do Itep, da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES)..

A comitiva foi recebida pelo prefeito de Paulista, Yves Ribeiro (MDB), vaiado por moradores que cobram soluções. Muitos deles se queixaram de que não estão sendo amparados pela gestão municipal.

“É o caso mais grave (Conjunto Beira-Mar). São pessoas que não tem casa, que mesmo correndo o risco, foram para lá por falta de moradia. O programa Minha Casa Minha Vida pode ser uma alternativa. Pelo o que tive a oportunidade de conversar com a governadora Raquel Lyra e o ministro das Cidades, Jader Barbalho, o desejo de ambos é de implementar esta alternativa”, destacou Humberto.

Olinda 

Edifício Iguana fica em Olinda (Foto: Rafael Vieira/DP)
Edifício Iguana fica em Olinda (Foto: Rafael Vieira/DP)

A comitiva, inclusive, prometeu que cobrará auxílio-moradia para os moradores que tiveram que sair de suas casas. Fora isso, uma opção, segundo o senador Humberto Costa, é que se crie um plano no município, em conjunto com o Governo do Estado e Federal, para que sejam implementados novos habitacionais.

Recife 

Residencial Bosque das Madeiras, no Cordeiro, está sendo reestruturados por recursos dos próprios moradores (Rafael Vieira/DP)
Residencial Bosque das Madeiras, no Cordeiro, está sendo reestruturados por recursos dos próprios moradores (Rafael Vieira/DP)

A última visita da comitiva foi ao Residencial Bosque das Madeiras, no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife, onde os oito blocos foram diagnosticados com o grau 4 de risco de desmoronamento, há três anos. Lá, por iniciativa dos moradores, a cada mês é arrecadado um valor extra no condomínio, de R$ 330, para a reforma dos edifícios. 

Dois oito blocos, três já foram recuperados, e os demais seguem em obras por uma construtora contratada pelos moradores. Todos os serviços estão orçados em cerca de R$ 700 mil, mas até o final da reestruturação, esse montante pode subir para R$ 1 milhão. 

“Tem sido um trabalho árduo. A partir de 2020, começamos as obras estruturais e já entregamos três blocos. São recursos próprios, com a ajuda de moradores e da administração. Mas, claro, se tivesse o incentivo dos órgão públicos, seria melhor para que não houvesse interdição”, destacou a síndica do condomínio, Joelma Pessoa. 

A reportagem do Diario entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Habitação do Recife para saber se há algum projeto municipal que trate da problemática dos prédios-caixões na cidade. Entretanto, até a publicação desta matéria, não houve resposta.

Por: Wilson Maranhão

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