Corpo de sanfoneiro é achado às margens da BR-101, no Recife; amigos suspeitam de latrocínio
Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, o corpo do músico foi localizado em via pública, com ferimentos provocados por objeto perfuro cortante
Na última sexta-feira (28), o acordeonista e sanfoneiro José Alexandre da Silva Neto, de 43 anos, foi encontrado morto às margens da BR-101, no bairro de Passarinho, no Recife. Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, o corpo do músico foi localizado em via pública, com ferimentos provocados por objeto perfuro cortante. Amigos e familiares afirmam que os instrumentos de trabalho do artista (4 sanfonas) foram roubados e suspeitam que o crime tenha sido um latrocínio (roubo seguido de morte). O músico deixa dois filhos de 16 e 12 anos.
Nascido em Santa Catarina, Alexandre morava em Pernambuco há mais de 20 anos e era um músico experiente e conhecido no cenário regional. O sanfoneiro trabalhava com vários artistas do Estado, como os cantores Roberto Cruz e Andrezza Formiga, além de fazer parte do Grupo Cascabulho. Através das redes sociais, os integrantes do Cascabulho lamentaram o crime e pediram justiça.
“Nós do Grupo Cascabulho viemos por meio desta externar nosso mais profundo sentimento de tristeza, dor e indignação pelo falecimento do nosso acordeonista/sanfoneiro Alexandre Neto, vítima de um possível latrocínio no Recife. Vale salientar que todos os seus instrumentos foram subtraídos. Desde já, contamos com total empenho do Governo de Pernambuco, através de sua Secretaria de Defesa Social, para elucidação desse ato de violência e covardia. Seremos incansáveis na cobrança de uma resolução célere. Estamos destroçados. Siga na paz, irmão”, disse.
Em nota, a PCPE informou que registrou, através da Força Tarefa de Homicídios na Capital, a ocorrência de homicídio consumado. “Após a realização da perícia, o corpo do músico foi encaminhado para o IML. Um inquérito policial foi instaurado e outras informações poderão ser repassadas em momento oportuno”, destacou.
Segundo o cantor e compositor, Roberto Cruz, amigo e parceiro de trabalho do sanfoneiro, a última informação que os familiares e amigos tiveram de Alexandre foi na noite da quinta-feira (27). “Na quinta, ele chegou no Recife, após fazer um show em Caruaru com os meninos do Cascabulho. Eu falei até com os meninos, que estavam no velório, e disseram que deixaram ele no Recife no final da tarde, todo mundo muito tranquilo e ele teria ido para casa”.
Após chegar em casa, o músico avisou a namorada que iria ensaiar com um amigo e levaria dois instrumentos.
“Ela [a namorada] perguntou ‘dois instrumentos para que?’, porque são dois instrumentos caros e depois disso ela não conseguiu mais falar com ele, eram 20h na quinta. Ela tentou o dia todo na sexta, se desesperou, não teve mais contato com ele, e saiu ligando para as pessoas. Quando a gente soube também tentou se comunicar com ele, mas tudo havia sumido, documento, celular. Ele só foi localizado no sábado (29) no IML”, destacou Roberto.
Antes de ir ao Instituto Médico Legal (IML), os amigos e familiares foram até a casa do músico, no bairro de Afogados, Zona Oeste da capital pernambucana. Lá, descobriram que os quatro instrumentos do sanfoneiro não estavam na residência.
Muito conhecido no meio, Alexandre era uma pessoa querida, sem maldade e um excelente profissional, apontou Roberto. “A impressão que dá é que essas pessoas sabiam que ele tinha esses instrumentos, não é um latrocínio qualquer que a pessoa chega, coloca uma arma e leva. [...] O que a gente tem que fazer é pedir justiça para que as autoridades tomem providência, investiguem a fundo e o caso não fique só nas estáticas”.
O velório do músico aconteceu neste domingo (30) no bairro Santo Amaro, área central do Recife. Após a despedida, o corpo foi encaminhado para Santa Catarina, para ser sepultado. Os pais e a maior parte dos irmãos do músico residem no Estado.
Por Tarsila Castro
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