Base do Governo Lula só aprova medidas se tiver cargos e emendas em troca, alertou Arthur Lira
O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, disse a Lula que a liberação de verbas do orçamento é importante para a formação de uma base parlamentar forte
Pela segunda vez, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), alertou, ontem, o presidente Lula quanto à instável base do Governo no Congresso. O encontro se deu pela manhã, antes da tentativa de se colocar em votação o projeto de combate às fake news, que acabou não entrando em votação justamente porque Lira não se convenceu de números suficientes para a sua aprovação.
Lira evitou um vexame do Governo, que sairia derrotado. Coube ao relator da proposta, Orlando Silva (PCdoB-SP), recomendar ao presidente da Câmara a retirada da pauta. “Especulamos alguns caminhos alternativos para que a lei tenha algum mecanismo de fiscalização que possa cumprir a lei”, disse Silva. “Nós não tivemos tempo útil para analisar todas essas sugestões”, completou.
O que, na verdade, está ocorrendo na base do Governo? Falta de votos pela insatisfação de uma penca de deputados pelo tratamento do Governo. Enquanto o presidente Lula não nomear os cargos de segundo escalão pendentes e liberar bilhões em emendas parlamentares pendentes, o que se diz no Congresso é que nada será aprovado.
O Governo tem pela frente grandes desafios que dependem de uma maioria folgada na Câmara e no Senado, como as PECs da reforma tributária e do arcabouço fiscal. Lira disse a Lula que a liberação de verbas do orçamento federal é mais efetiva do que a distribuição de cargos para a formação de uma base parlamentar forte no Congresso.
Em entrevista ao jornal O Globo, no último fim de semana, Arthur Lira reclamou da atuação do ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha. Lula entendeu como um pedido público da cabeça do ministro do qual não pretende abrir mão. O presidente da Câmara cobrou agilidade também na nomeação do restante do segundo escalão federal.
Isso também está emperrando a pauta no Congresso. A bancada nordestina tem cobrado as nomeações dos comandantes da Sudene e da Codevasf. Segundo circula na bancada pernambucana na Câmara, no caso na Sudene Padilha ainda não decidiu porque não quer contrariar o senador Humberto Costa, mas também não pode atender tudo que ele pede.
O senador, além da Sudene, está pleiteando a nomeação do dirigente da Hemobrás, cuja sede fica em Goiana, na Zona da Mata. E fala-se também em outros cargos. Até agora, entretanto, o PT não conseguiu nomear ninguém no Estado, com exceção da nova dirigente da Fundação Joaquim Nabuco, ligada à senadora Teresa Leitão.
Por Magno Martins
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