GREVE NA EDUCAÇÃO

Professores votam por greve nas escolas municipais do Recife

Nova assembleia convocada para o dia 29 poderá deflagrar movimento grevista pelo Piso Salarial (Filipe Gondim/AI Simpere)

Professoras e professores da Rede Municipal de Ensino do Recife decidiram pelo indicativo de greve geral em reivindicação em defesa do piso salarial da categoria, com os 14,95% anunciados pelo Ministério da Educação (MEC) no início do ano e repercussão em todas as faixas salariais. Segundo o Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere), cerca de mil profissionais lotaram o Teatro da Boa Vista, onde ocorreu a assembleia, das 8 às 11h desta terça-feira, quando houve unanimidade na votação pela greve. A Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife (Seduc Recife) não respondeu à maioria das perguntas da reportagem e, por nota, registrou que “espera que a categoria possa negociar de modo que a greve não seja deflagrada”.

Segundo o Simpere, a Prefeitura do Recife oferece apenas 6,95% de reajuste para os salários, além de um bônus que não é incorporado aos salários. A Seduc Recife confirmou a proposta de reajuste salarial, acrescida de 8% de abono (a parte que não é incorporada aos salários), que totalizam 14,95%, percentual equivalente ao reajuste do piso, na proposta que não foi aceita pela categoria. A nota afirma que a Prefeitura do Recife desde janeiro cumpre o piso salarial de R$ 4.420,55 dos professores, garantido pela Lei 11.738-2018), mas acrescenta que para profissionais com vencimentos acima do piso a gestão discute reajuste com o Simpere desde o início de fevereiro.

Impasse

A Seduc Recife afirma que não houve contraproposta da categoria e que “recebeu com surpresa a decretação da greve diante das negociações em andamento e aguarda a comunicação formal do Sindicato”, acrescentando que “ainda não houve paralisação das atividades nas unidades escolares e que está prevista uma nova assembleia para o dia 29 de março. Uma paralisação está marcada para esta quarta-feira, com ato público às 13h, no Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães (Geraldão), na Imbiribeira, Região Sul da Capital, onde estará o presidente Lula.

Para a coordenadora geral do Simpere, Jaqueline Dornelas, é preciso valorizar a educação pública e os professores e professoras. “O piso incorporado à nossa carreira é um direito e simboliza o investimento em quem sustenta a educação pública”, diz. “Não vamos abrir mão e não aceitaremos a política de bonificação", acrescenta. Outra assembleia está programada para a próxima quarta-feira, quando vai ser votada a deflagração da greve das professoras e dos professores do ensino público municipal do Recife.

A nota da Seduc Recife, a Prefeitura indica que “a interrupção das atividades nas unidades escolares vai impactar diretamente a vida dos mais de 95 mil estudantes da rede, que terão prejuízos de aprendizagem e problemas no cumprimento do calendário no ano letivo”. Alega, ainda, que também haveria “prejuízos do acesso à alimentação escolar, pois não há condições de receber estudantes nas escolas e creches sem a presença dos professores, com prejuízos para crianças e suas famílias”.

A Seduc Recife não respondeu perguntas sobre o quadro de professoras e professores da Rede Municipal de Educação da Capital, as remunerações praticadas conforme o tipo de vínculo e o impacto da aplicação do reajuste do piso salarial para todas as faixas salariais de modo a não gerar achatamento da remuneração na base. Segundo Jaqueline Dornelas, a Prefeitura do Recife retirou R$ 20 milhões do orçamento da educação pública para pagar dívida. “Se há dinheiro, qual é o motivo de não valorizar profissionais da educação que tanto se dedicam às escolas públicas da cidade? É preciso pagar o reajuste justo e para todas as professoras e professores, aposentados e ativos”, diz. A Seduc também não respondeu se procede a informação da retirada de R$ 20 milhões do orçamento da educação pública para pagar dívida nem que dívida seria essa. 

Com informações da Assessoria de Comunicação do Simpere.