Saída de Paulo Câmara do PSB teria sido causada por 'veto' do partido ao seu nome para ministério
Tendo sido governador de Pernambuco por dois mandatos consecutivos, Paulo Câmara anunciou, nesta sexta-feira, sua saída do PSB. De acordo com uma fonte ouvida pelo Diario, o motivo da desfiliação seria por Paulo ter tido seu nome vetado pela bancada socialista na Câmara na escolha para ocupar ministério no governo Lula. O escolhido foi o ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB-SP). Prefeito do Recife, João Campos (PSB) foi um dos nomes em Pernambuco que articulou a bancada pela preferência de França, o que teria desagradado Câmara.
“O acordo feito por João Campos com a bancada federal do partido para indicar alguém de São Paulo, foi lido por Paulo Câmara como um movimento de exclusão ao nome dele, e estando se sentido excluído, não fazia mais sentido permanecer no PSB”, declarou uma fonte em reserva, que também destacou o fato de Câmara ser o único governador do Nordeste que não se tornou ministro.
“Não é que Paulo fosse contra Márcio França ser ministro, mas ele queria ter apoio do partido no estado dele e a compreensão dele é que essa ausência de apoio foi o que impediu que ele fosse ministro”, continuou o entrevistado que diz não entender a decisão tomada pela sigla.
“Não entendo qual o tamanho da divergência que leva o PSB de Pernambuco a deixar de apoiar um ministro no estado, que iria trazer coisas importantes para cá, para apoiar um nome de São Paulo, sabendo que o presidente da República queria Paulo Câmara ministro”, completou informando que caso o nome escolhido fosse Câmara a pasta oferecida não seria o Ministério de Portos (hoje ocupada por Márcio França). “Seria um ministério muito mais importante”, asseverou.
Questionado sobre o assunto, o presidente do PSB em Pernambuco, Sileno Guedes disse não saber dos desentendimentos entre Paulo Câmara e João Campos. “Ele (Paulo Câmara) não me falou nada disso e eu não tenho conhecimento de nenhum desentendimento entre eles. Na verdade, ambos têm um papel importante na executiva nacional do partido e partilhavam sempre as tarefas partidárias”, explicou.
Sileno Guedes também comentou sobre a saída de Paulo Câmara e destacou que apesar da desfiliação o partido “vai continuar seu ritmo”. “Perder um quadro como Paulo Câmara é sempre um prejuízo, mas o partido está sempre em renovação, partido político é isso”, disse Guedes. “Esse é um ano que a sigla aproveita para organizar suas bases já que não teremos eleição e o PSB vai continuar seu ritmo, seu trabalho, como sempre fez há mais de 70 anos.”
Em contrapartida, a fonte ouvida inicialmente pelo Diario, comentou que a saída de Câmara pode ser um abre-alas para a desfiliação de outras lideranças. “Com pouco mais de 20 dias que o partido está na oposição no estado ter uma baixa desse tamanho não é bom. Paulo Câmara foi governador de Pernambuco por dois mandatos. Não é pequeno o tamanho do problema e que pode ser um estimulador para outros líderes do partido também resolverem sair”.
Sileno Guedes também disse que essa era uma decisão que vinha sendo maturada por Câmara, apesar de pegar muitos de surpresa. “Essa decisão do (ex)governador Paulo Câmara, como tudo o que ele faz, foi com muita serenidade. Ele ingressou na vida partidária para cumprir a tarefa de disputar as eleições de 2014, e agora ele entende que encerrou essa necessidade dessa habilitação partidária”, revelou Sileno, reiterando o que Câmara anunciou nos trechos iniciais do documento oficial.
“Ao tempo que finalizei a honrosa tarefa de ser governador de Pernambuco também avaliei concluída minha história partidária junto ao PSB”, escreveu o ex-governador em trecho de carta direcionada ao presidentes nacional do PSB, Carlos Siqueira. “Quero agradecer a todos os companheiros e companheiras de partido que sempre estiveram ao meu lado nesse período, nas pessoas do nosso presidente nacional, Carlos Siqueira e estadual, Sileno Guedes”, continuou. O anúncio feita por Câmara acontece dias depois de ter retornado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), onde é auditor concursado, O anúncio foi publicado no Diário Oficial da Corte, no dia 16 de janeiro deste ano.
Por: Elizabeth Souza
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