Uruguai vence Gana, mas ambos são eliminados da Copa do Mundo
O resultado tornou-se insuficiente para a Celeste que está eliminada da Copa do Mundo (Foto: AFP)
Em jogo armado à sua maneira, uruguaios vencem sem grandes custos com brilho de Arrascaeta, mas ficam pelo caminho por poucos gols marcados na fase de grupos
Um time procurava pelo futebol pendente por apresentar em toda a fase inicial da competição e o outro buscava vingar-se de uma mancha histórica. Entretanto, apesar do triunfo do Uruguai por 2 x 0 sobre Gana, na manhã desta sexta-feira (2/12), no Estádio de Al-Janoub, em Al-Wakrah, nenhuma das seleções conseguiu seu objetivo e estão eliminadas da Copa do Mundo Qatar-2022.
A estranha apatia dos africanos foi prato cheio para o aproveitamento dos charrúas no aspecto do jogo físico e congestionado no meio campo. A maior prova da demora no acerto dos sul-americanos em sua formação inicial foi a presença do meia do Flamengo, Arrascaeta, dono do jogo. Apesar do bom jogo e da vitória, um fator inesperado mandou a celeste de volta para Montevidéu mais cedo.
O resultado tornou-se insuficiente para os platinos, pois a Coreia do Sul marcou mais gols no Grupo H, sobretudo após virar surpreendentemente sobre Portugal, em um dos últimos critérios para definir o rival da Seleção Brasileira nas oitavas de final.
O jogo
Tudo começou bem estudado: os uruguaios queriam a bola e pouco achavam em espaços para adentrar a defensiva rival, enquanto os ganeses entravam no jogo físico com e sem a posse do esférico. A linha do meio-campo armada pelo técnico Diego Alonso (diga-se de passagem, a ideal para a disputa deste grupo) travava as ideias e deixava o cotejo à maneira tradicional dos cisplatinos.
O contra-ataque se apresentou uma saída interessante para quando houvesse a chance de ser concretizado, com as recomposições de retaguarda eficazes para cortar as investidas, sobretudo pelo centro. Se tratava de uma partida amarrada, aos moldes dos sul-americanos e servindo aos africanos. Em tema de finalizações, a primeira viria a acontecer somente com 14 minutos, com Jordan Ayew testando rasteiro para defesa de Sergio Rochet.
Entretanto, no rebote do goleiro, houve o contato com a antecipação de Mohammed Kudus. Um impedimento foi equivocadamente anotado. Entretanto, o árbitro de vídeo chamou o alemão Daniel Siebert para corrigir sua marcação: pênalti para Gana. André Ayew bateu fraco e rasteiro para defesa no canto esquerdo do arqueiro do Nacional de Montevidéu.
Aos 22, os celestes tiveram sua primeira chance clara. Darwin Núñez roubou a bola da defesa, entregou a Giorgian De Arrascaeta, que devolveu em grande passe para o atacante do Liverpool inglês: o número 11 tocou de cavadinha e faria um belo gol, não fosse o corte salvador de Mohammed Salisu antes que o esférico atravessasse a meta.
Aos 25, veio o golpe através da cabeça do meia flamenguista. Luís Suárez recebeu na área, cortou um marcador e finalizou à meta. Arrascaeta apareceu para conferir um rebote lento, pelo ar, após a defesa de Lawrence Ati-Zigi, desafogando os charrúas, os últimos a colocar a bola na rede nesta edição da Copa do Mundo.
O nome do camisa dez voltou a brilhar mais uma vez aos 31, com linda finalização em passe pelo alto, servido por Suárez. De peito de pé, o esférico foi rasante e inalcançável a qualquer reflexo do arqueiro, provando que Diego Alonso estava errado o tempo todo ao deixar o homem revelado no Defensor como suplente. Lugar de 10 é em campo.
O duelo não deixou de estar físico em momento algum, sobretudo após o gol. O colegiado responsável por mediar o jogo não se furtava em marcar faltas, entendendo o contexto apoiado pelas duas equipes, sem aplicar cartões. A primeira metade terminou com 13 infrações marcadas.
As Estrelas Negras aspiravam a irradiar na etapa final, diferentemente do visto no primeiro ato. Já nos primeiros segundos, Osman Bukari, uma das novidades oferecidas pelo técnico Otto Addo, teve a chance de reduzir o prejuízo ao finalizar cruzado e para fora. O tento seria anulado pois Kudus se encontrava em impedimento e ainda acertou Rochet no lance.
Os platinos não se intimidaram em correr para marcar e ao tentar paralisar o ritmo do confronto assim que conseguia ter a posse ofensiva. Aos 11 minutos, a tática fez efeito: Núñez recebeu bola na área e teve carga de Daniel Amartey. O árbitro foi ao monitor à beira do terreno de jogo e, incontestavelmente, manteve a marcação de campo, sem assinalar pênalti para os sul-americanos.
Mesmo com o esférico e com campo, era muito difícil aos africanos adentrar à área rival. Tentativas por todos os setores, pelo chão e pelo alto, não faltaram, mas não obtiveram o devido sucesso. Em contrapartida, a Celeste Olímpica era mais perigosa, com exemplo na finalização próxima ao arco aos 19, em trama na área rival, oferecida por Facundo Pellistri. Aos 24, foi a vez de Federico Valverde, ao pegar forte de fora da área, exigindo reação rápida de Ati-Zigi.
Uma oportunidade voltou a aparecer para os ganeses aos 33 minutos, com Antoine Semenyo aproveitando um furo da defesa em erro no corte e finalizou cruzado, não tão próximo da meta. Aos 40, Kudus testou de fora da área e exigiu excelente trabalho de Rochet, que mandou a bola contra o pé da trave.
Apenas com a ciência do tento agônico dos coreanos frente aos portugueses, os charrúas se lançaram desesperadamente ao ataque. O banco de reservas dos platinos se colocou incrédulo com a situação que se colocava, por eliminar-se pela diferença de gols marcados. O jogo tinha terminado em Doha quando a placa dos acréscimos neste duelo somava oito minutos de jogo após os 45.
O tempo de compensação testou os cardíacos uruguaios. Sobretudo quando Daniel Siebert, mais uma vez, deixou de marcar uma penalidade a favor dos latinos em contato de Alidu Seidu em Edinson Cavani, aos 46. Aos 49, Maximiliano Gómez testou forte de fora da área, mas Ati-Zigi salvou o terceiro tento contra seu arco.
Aos 54, atrasados pela última substituição de Gana, o Uruguai teve falta para tentar o gol salvador. Porém, Nicolás de La Cruz preferiu finalizar diretamente, no meio da meta, fácil para o goleiro. Difícil de crer para os charrúas, primeiro sul-americano a se despedir do Mundial.
Ficha técnica:
Gana
Ati-Zigi; Seidu, Amartey, Salisu e Rahman; Partey, Samed (Kyereh) e André Ayew (Bukari); Kudus (Fatawu), Jordan Ayew (Sulemana) e Williams (Semenyo)
Técnico: Otto Addo
Uruguai
Rochet; Varela, Gimenez, Coate e Olivera; Bentancur (Vecino), Valverde, Pellistri (de La Cruz) e Arrascaeta (Gómez); Suárez (Cavani) e Núñez (Canobbio)
Técnico: Diego Alonso
Gols: Arrascaeta, aos 25 e aos 31 minutos do 1º tempo
Cartões amarelos: Núñez, Suárez e Coates (Uruguai); Sulemana e Seidu (Gana)
Arbitragem: Daniel Siebert (Alemanha)
Correio Braziliense
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