COPA DO MUNDO

Croácia não sai do zero com a Bélgica e fecha o Grupo F em segundo; belgas dão adeus ao Catar

Croatas comemoraram muito a vaga nas oitavas de final da Copa (Foto: Chandan Khanna/AFP)

Eslavos perdem chances no ataque, sofrem na defesa, mas despacham a Geração Belga para sua casa e seguem na Copa do Mundo

Um time com casca e experiência sabe duelar em uma partida decisiva. Em choque de duas formações com essa configuração, o empate se apresenta como lógica. Entretanto, o resultado serviu à Croácia, ao passar em branco diante da Bélgica, na manhã desta quinta-feira (1), no Estádio Ahmad Bin Ali, em Al-Rayyan, pelo compromisso final da fase grupal da Copa do Mundo do Catar 2022.

A exaustão de ambos ao soar do apito final mostra bastante sobre a pouca força física destes selecionados técnicos, em um aspecto defasado desde a edição Rússia-2018. Pelo marcador e pelas circunstâncias cruas, em 90 minutos, dentro das quatro linhas, o retrospecto na campanha foi fundamental para determinar o time a avançar de etapa, cabendo à liderança de Marrocos como mais uma surpresa deste Mundial.

Os balcânicos agora esperam o vencedor do Grupo E, para conhecer seu rival na partida das oitavas de final na próxima terça-feira (6), a partir do meio-dia. O duelo está marcado para ser realizado no Estádio Cidade da Educação, na capital catari, Doha.

O jogo

O ímpeto aguardado pelos croatas na prévia não se fez esperar: Ivan Perisic recebeu lançamento desde o pontapé inicial, cortou o marcador e chutou perigosamente aos oito segundos do duelo. A proposta estava clara para o técnico Roberto Martínez, que encheu o meio de campo de jogadores em meio à situação adversa na tabela e cedeu a bola aos croatas.

A paciência e o resultado favorável dava melhor capacidade de jogo aos comandados de Zlatko Dalic, não permitindo longas posses ao rival. Entretanto, a Geração Belga sempre usa do perigo quando leva muita gente ao ataque e assim o fez em sua primeira oportunidade clara do jogo, aos 10 minutos, em chute de Yannick Carrasco defendido pelo goleiro Dominik Livakovic. O contra-ataque também se mostrou uma opção, como na chance perdida por Dries Mertens, em finalização precoce no ritmo do lance, aos 12.

Aos 14, após falta cobrada na área, Carrasco acertou Andrej Kramaric e o árbitro inglês Anthony Taylor apontou pênalti. Antes de Luka Modric bater o pênalti, o britânico foi chamado ao monitor do VAR e enxergou interferência de Dejan Lovren na origem da jogada. Como o zagueiro estava (contestavelmente) impedido no lance, o tiro penal foi anulado.

A sequência do confronto teve os balcânicos com a bola e com mais dificuldades para adentrar o campo rival. Inclusive, o excesso de passes errados para equipes tão qualificadas surpreendia negativamente na criação e positivamente no quesito de marcação. A partida voltou a ganhar emoção apenas em um toque fraco, porém perigoso de Kramaric, próximo à meta, aos 32.

As equipes se mostraram paupérrimas em contragolpes, com a recomposição pronta e imediata da defesa suficiente para inibir a criação desde a intermediária. A configuração bastava aos eslavos e preocupava aos Diabos Vermelhos, enxergando cada vez mais próximos a sua eliminação.

Perto do intervalo, os belgas ainda tentaram investir em cruzamentos de média altura e rasteiros ao chegar dos lados da linha de fundo, sempre rechaçados pela defesa croata. Nem tensão nem futebol encheram a primeira parte de um dos jogos mais esperados deste Mundial, com o vice-campeão e o terceiro colocado da última edição da Copa do Mundo.

Na etapa complementar, Roberto Martínez apelou pelo não perfeitamente condicionado Romelu Lukaku para tentar sua salvação nesta Copa do Mundo. Com três minutos, o centroavante já cabeceou para a meta em sua primeira chance em campo, com seu selecionado pressionando no instante inicial.

A resposta dos jogadores de camisa xadrez veio em seguida, com Mateo Kovacic exigindo boa reação de Thibaut Courtois ao chutar dentro de sua área. Aos oito, de fora, Marcelo Brozovic foi mais um a experimentar, desta vez, desde a meia-lua, para mais uma contestação do arqueiro, em ação repetida na sequência com mais uma finalização de Modric.

Aos 14, um lance que poderia mudar os destinos foi inacreditavelmente desperdiçado. Carrasco recebeu bom passe dentro da área, bateu contra o corpo de Livakovic e, no rebote, Lukaku teve o gol praticamente vazio, mas acertou a trave à sua direita, deixando incrédulo todo o mundo do futebol, desacostumado a vê-lo perder oportunidades como esta.

No lance seguinte, em cruzamento vindo da esquerda, executado por Kevin De Bruyne, Lovren desviou a parábola, a bola escapou do goleiro e o camisa nove belga errou o cabeceio, enviando-a por cima. Era uma escrita de azar dos Diabos Vermelhos que se negava a romper.

Os eslavos, por sua vez, ministravam a bola e se sentiam com capacidade para chegar ao arco adversário quando bem pudesse. Entretanto, tais chances não eram expressamente concretizadas, mesmo com igualdade numérica em espaço aberto de campo. O nervosismo aparecera no sentido dos jogadores aos 15 minutos finais, quando já não se podia mais estudar minuciosamente o rival.

A velocidade e a pressa trouxeram as finalizações que o jogo precisava, com a permanência dos estranhos erros de passe. Mais atípico ainda era o predomínio do esférico para os eslavos quando os belgas precisavam ganhar, sequer apertando na marcação e sem correr o risco de cometer faltas.

Também pela falta de sorte chegava ao fim a antes temida Geração Belga, sobretudo na finalização desperdiçada aos 36. Thomas Meunier bateu cruzado e o desvio em Lukaku passou perto da meta, sem balançar as redes. Aos 39, a bola bateu acidentalmente no atacante da Inter de Milão e ia vagarosamente para o gol, sendo salva e segura por Livakovic. Aos 46, o empecilho foi Josko Gvardiol, quem tirou o esférico do goleador na hora do chute derradeiro.

Ficha técnica:

Croácia

Livakovic; Juranovic, Lovren, Gvardiol e Sosa; Brozovic, Kovacic (Majer) e Modric; Kramaric (Pasalic), Livaja (Petkovic) e Perisic

Técnico: Zlatko Dalic

Bélgica

Courtois; Castagne, Alderweireld, Vertonghen e Meunier; Dendoncker (Tielemans), Witsel (Eden Hazard), De Bruyne, Trossard (Thorgan Hazard) e Carrasco (Doku); Mertens (Lukaku)

Técnico: Roberto Martínez

Correio Braziliense