Entrevista palanqueira e vergonhosa
Vergonhosa, assim foi a condução da entrevista de William Bonner e Renata Vasconcelos, da bancada do JN, ontem, com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no espaço reservado de 40 minutos aos candidatos ao Planalto. Lula mentiu descaradamente na frente deles. Disse, por exemplo, que nunca nomeou amigos em seu Governo.
Bonner e Renata aceitaram passivamente, mas poderiam ter dito a ele que, dentre outros amigos, Lula nomeou José Dias Toffoli, advogado do PT, ministro do Supremo Tribunal Federal em 2009. Para a mesma corte, por indicação dele, a ex-presidente Dilma nomeou Luiz Edson Fachin, ex-filiado ao PCdoB e eleitor declarado de Dilma.
Dilma também nomeou para o STF, por indicação de Lula, Luís Roberto Barroso. Quando advogado militante da esquerda, defendeu Cesare Battisti, condenado por assassinato e terrorismo na Itália, num caso de grande projeção internacional. Lula mentiu ainda quando disse que por conta da Lava Jato o País deixou de receber investimentos da ordem de R$ 270 bilhões.
Na verdade, o valor desviado pela quadrilha da Lava Jato, da qual fez parte, tanto que foi preso, superou a casa dos trilhões, tendo sido devolvidos só aos cofres da Petrobras mais de R$ 7 bilhões pelos que fizeram delações premiadas. Lula só foi verdadeiro – até porque não dava para mentir também – quando confirmou que houve um verdadeiro assalto aos cofres da Petrobras.
“Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram (os crimes)”, disse. Lula, então, atacou a delação premiada. “As pessoas confessaram e, por conta das pessoas confessarem, ficaram ricas por confessar”, afirmou. “Por conta da Lava Jato, tivemos R$ 270 bilhões que foram perdidos nesse País”.
Entre essas pessoas, que Lula não citou, nem tampouco Bonner e Renata refrescaram a memória dele, está o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que devolveu mais de R$ 100 milhões em sua delação premiada. Bonner disse que Lula nada devia à justiça. Que vergonha! Como não deve? O processo da roubalheira da quadrilha não foi encerrado. Lula está solto por uma manobra ardilosa do STF.
A bancada do JN deu palanque a Lula e não o enquadrou como o principal responsável pelo maior escândalo da história do Brasil, a Lava Jato, cujo montante calculado pela força-tarefa a ser ressarcido aos cofres públicos é de R$ 44,4 bilhões. Só os pedidos judiciais de reparação de danos que em Curitiba somam R$ 38,1 bilhões e, no Rio, R$ 2,34 bilhões.
Pedra, não vidraça
Lula não é o presidente instalado no Planalto em busca de reeleição. Na pele de desafiante, viveu o doce sabor de ser pedra – não vidraça – na entrevista do JN nesta noite, avaliou o site de Veja. Segundo a revista, o conforto da conversa com Bonner e Renata Vasconcellos ficou evidente quando o tempo acabou. “Nunca vi 40 minutos passarem tão rápido”, disse Lula. O tempo teria passado mais devagar se o petista tivesse sido questionado sobre as obras das empreiteiras do governo no Sítio de Atibaia ou sobre o elevador que a OAS instalou no tríplex para que ele usasse o imóvel.
Lula ladrão
A entrevista do ex-presidente Lula (PT) ao Jornal Nacional, da TV Globo, provocou panelaços em várias capitais, inclusive no Recife. O movimento foi menor do que o registrado na segunda-feira passada, durante a entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) à emissora. Também ocorreram buzinaços e gritos de apoio ao petista. Na cidade de São Paulo, os protestos aconteceram nas sacadas de edifícios de bairros como Santana (zona norte) e Vila Leopoldina (zona oeste). Houve ainda gritos de “fora, Lula” e “ladrão”. No Recife, na zona sul e norte, moradores gritavam Lula ladrão das suas varandas.
As mentiras
Depois de se oferecer para sabatinar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil-PR) disse que vai indicar “o que é mentira” durante a participação do petista no Jornal Nacional. “Muito longe de ser fã (pelo contrário), mas acompanharei a entrevista do LL no Jornal Nacional mais tarde. Apontarei o que é mentira e destacarei as perguntas que poderiam ser feitas. Comentários exclusivos aqui no twitter”, publicou Moro em seu perfil no Twitter. Ele é candidato ao Senado pelo Paraná.
Postura suspeita
Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP), preso em abril de 2018 e passou a cumprir pena em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Foi solto um ano e sete meses depois, beneficiado por decisão do Supremo Tribunal Federal que derrubou a possibilidade de execução de pena após sentenciado em segunda instância. Mas, para o JN, isso é página virada. A entrevista, está mais do que evidente, foi acertada para levantar a bola do ex-presidiário.
Bonner absolve Lula
Logo de saída, Bonner inocentou Lula, de forma vergonhosa, com a seguinte pergunta: “O Supremo Tribunal Federal lhe deu razão, considerou o então juiz Sergio Moro parcial, anulou a condenação do caso do triplex e anulou também outras condenações por ter considerado a vara de Curitiba incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à Justiça. Mas, houve corrupção na Petrobras e, segundo a Justiça, com pagamentos a executivos da empresa a políticos de partidos como o PT, como o então PMDB e o PP. Candidato, como o senhor vai convencer os eleitores de que esses escândalos não vão se repetir?”.
- Por Magno Martins
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