Morre Miró da Muribeca, uma das mais poderosas vozes poéticas do Recife
Miró da Muribeca partiu aos 61 anos, deixando um imenso legado artístico (Wesley D'Almeida/PCR/Divulgação)
Miró da Muribeca, uma das mais poderosas vozes da poesia pernambucana e nacional, faleceu neste domingo, aos 61 anos. A morte foi anunciada em seu perfil nas redes sociais e não teve causa divulgada.
“Comunicamos a todos os amigos, fãs e seguidores, que nosso poeta Miró da Muribeca encantou-se nesta manhã de domingo. Em breve, daremos mais informações sobre a cerimônia de despedida. Pedimos desculpas se não conseguirmos responder às manifestações de pesar. Não responderemos, neste momento, a mensagens inbox/direct”. diz o comunicado divulgado nas redes.
Miró vinha enfrentando problemas de saúde e foi internado em maio, sob cuidados intensivos. Durante o período, foram realizadas campanhas de ajuda aos custos dos cuidados e para a realização de exames. Pouco antes, em novembro, ele havia lançado seu último livro, O Céu é no 6º Andar.
Miró da Muribeca é o nome adotado por João Flávio Cordeiro da Silva, inspirado no jogador de futebol Mirobaldo e dado pelo artista plástico Maurício Silva nos anos 1980, década esta na qual o Recife começa a descobrir a intensidade poética de Miró, sendo também a cidade uma de suas principais personagens, entre suas ruas, becos, bares e pontos de encontro.
Seu primeiro livro, “Quem descobriu o azul anil?” foi lançado em 1985, quando ainda trabalhava como servente. Mas, para além do papel, Miró usava seu corpo e sua voz para dar vazão ao seu trabalho, sempre circulando pela cidade e pelo mundo. Seu fazer artístico serviu de inspiração para tantos outros poetas das próximas gerações, que viam no trabalho de Miró uma nova possibilidade de se viver artisticamente os espaços urbanos.
Travou diversas batalhas em vida desde a infância, incluindo os desafios de se viver de arte no Brasil e uma luta contra o alcoolismo, sempre contando com uma rede de apoio de amigos e admiradores até o último momento. Hoje, após seu “encantamento”, estão plantadas as suas sementes poéticas que nos fazem olhar para a urbe recifense sem pudores em confrontar suas mazelas e reconhecer seus encantos.
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