O beijo roubado
Como se não bastasse, a brutal e inaceitável guerra da Ucrânia dar um acabamento de sangue num cenário inimaginável nos dias de hoje. Coisa da Besta Fera!
Uma Besta Fera que tem nome e domicílio. Tem sede de sangue, e sua maldade é maior que as gélidas estepes russas. Evoco Beth Carvalho: “Tristeza por favor vai embora...”.
Como um presente dos céus recebo a visita do meu neto, Guilherme da Fonte Medeiros, que após um afetuoso abraço, me faz a pergunta mais doce e maravilhosa do dia: “Vovô como se rouba um beijo?”
Antes de responder lhe roubei um abraço. E disparei: “É mais ou menos assim”.
Rimos juntos. Pronto! A tristeza foi embora. Afinal, estamos vivenciando o carnaval. E não existe festa mais apropriada para se roubar um beijo do que o carnaval.
Não estou falando daquelas “agressões grotescas”, que as galeras fazem nas ladeiras de Olinda. O beijo roubado tem que ter ternura. Na verdade, acho até que, na maioria das vezes o “ladrão” sai no prejuízo, pois ele rouba um beijo e tem o coração subtraído.
Comecei a fazer uma lista de amigos carnavalescos, grandes ladrões de beijos com estórias mil de amores de carnavais: Arthur Carvalho, Sílvio Ferreira, Gustavo Krause, Romualdo Veras, Ricardo Brito Maranhão, Pedro Luís... A lista é imensa.
Com certeza, cada um, citaria um exemplo de beijo roubado para Guilherme, que, aos 11 anos, nos mostra o interesse da turma que se debruça nas histórias de Koyoharu Gotouge – Caçador de Demônio – e passa horas se divertindo com as aventuras do ninja Naruto.
A arte do beijo roubado é milenar. Ponto de partida para grandes conquistas. Não conquistas selvagens, covardes e sangrentas como esta que testemunhamos na Ucrânia.
O beijo roubado pode protagonizar grandes histórias de amor. Mas também pode traduzir apenas a intensidade do momento, coisa rápida, como as tuitadas da meninada nas redes sociais.
Neste sábado de carnaval não teremos o desfile do Homem da Meia Noite, o calunga mais famoso de Olinda. No sobe e desce das ladeiras ele não beija ninguém, mas é impossível mensurar a quantidade de beijos roubados por onde passa.
Por Claudemir Gomes*
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