SOBRE TORCIDA ÚNICA EM PERNAMBUCO

Questão financeira e de segurança: dirigentes repercutem 'torcida-única' em Pernambuco

Yuri Romão, Diógenes Braga e Abdias Venceslau comentaram a decisão (Foto: DP Foto)

Medida da FPF visa evitar confronto entre torcedores nos clássicos e jogos diante clubes nordestinos; presidentes repercutem decisão

A confusão entre torcedores nas imediações do estádio dos Aflitos, durante o pré-jogo do embate entre Náutico e Campinense, culminou na proibição da entrada de torcedores visitantes nos estádios de Pernambuco. Com a medida válida a partir do Clássico dos Clássicos deste sábado (29), dirigentes de Sport, Santa Cruz e Náutico repercutiram a decisão do presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho. 

Com o seu time envolvido diretamente no ‘estopim’ da medida, o presidente do Náutico, Diógenes Braga, revelou que a decisão tem que ser tratada de maneira racional. Na sua opinião, embora avalie negativamente a proibição da torcida visitante, o mandatário alvirrubro revelou que concorda com a resolução da FPF.

“Entrar em campo com as duas torcidas é importante. Não diria que gosto (da decisão), mas concordo. Infelizmente, neste momento, acho que é necessário. O que aconteceu, terça-feira, é inaceitável. Um jogo nosso, de Copa do Nordeste, que teve restrição de público e toda questão de protocolo. Torcida visitante, do Campinense, sequer solicitou venda de ingresso”. 

“Claro que não era a torcida do Campinense. Usa-se o pretexto dos jogos de se encontrarem na rua e brigar. Infelizmente, eu acho que a decisão do presidente Evandro está correta. O clube não tem força para lidar com esse problema. E eu acho que a atitude da FPF está correta”, disse Diógenes Braga. 

A decisão tomada pelo presidente Evandro Carvalho vem sendo maturada nos bastidores do futebol pernambucano há meses. Em novembro do ano passado, após confusão entre torcedores de Sport e Bahia, o manda-chuva da FPF revelou que projetava estabelecer torcida única em partidas com equipes nordestinas. À época, seu desejo não se materializou - dois meses depois, a medida se valida, também, para clássicos entre clubes do Trio de Ferro 

YURI ROMÃO: “QUESTÃO FINANCEIRA”

No início desta semana, os mandatários de Sport, Santa Cruz, Náutico e os clubes intermediários do estado se reuniram na sede da FPF para tratar do assunto. Segundo Yuri Romão, a decisão foi acertada unanimemente não somente pelo viés da segurança pública, mas por questões financeiras que acometem a logística de cada jogo.

“Na segunda-feira, na reunião que tivemos com o presidente, ao lado dos outros clubes, havia o desejo do presidente em colocar a torcida única. Nós, dos clubes, nos manifestamos que era interessante. Não por questão de violência, que é lamentável e um ponto fora da curva. Mas por questão financeira. A partir do momento que nós temos mil e poucos torcedores e você tem que colocar uma segurança maior, isso é custo”. 

“Então, você coloca uma equipe que é muito cara. É preferível não ter a torcida adversária porque você diminui o número de seguranças particulares, que é o maior custo, hoje, de uma partida. Não fui notificado ainda em relação a essa decisão, mas, dessa forma, acho acertado tendo em vista o que vimos no confronto entre Náutico e Campinense”, concluiu o rubro-negro.

 

ABDIAS VENCESLAU: “SEGURANÇA PÚBLICA”

CEO do Santa Cruz, Abdias Venceslau, assim como Diógenes Braga e Yuri Romão, enalteceu a decisão da FPF. Segundo o coral, a medida é importante por se tratar de segurança pública - e, por isso, a preservação da vida dos torcedores tem que ser levada em primeiro lugar. 

“A gente não pode falar por tudo que acontece no futebol pernambucano. É uma decisão do presidente, que, neste momento, acha acertada. Ele vai ter um teste, agora, para o jogo na Copa do Nordeste, entre Sport e Náutico. É uma questão de segurança pública. Não acho que seja de futebol. Nós, enquanto entes do estado, vamos acatar a decisão do presidente Evandro a partir do momento que ele achar conveniente ter uma torcida só. Vamos ajudar para que nada de ruim não aconteça aos nossos torcedores”, disse.