Praia do Sueste, em Fernando de Noronha, é fechada após criança ser atacada por tubarão
A Praia do Sueste, localizada no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, foi interditada, nesta sexta-feira (28), após uma criança de 8 anos ser atacada por um tubarão. O caso aconteceu durante a manhã, por volta das 10h30, e a restrição segue até que a investigação seja concluída.
O Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), órgão federal que administra o parque, informou que ainda não há confirmação sobre qual a espécie do animal. Em nota, a instituição se solidarizou com a menina e a família e afirmou que ataques desse tipo são raros na ilha.
A criança, natural do estado de São Paulo, foi socorrida em estado grave para o Hospital São Lucas, no arquipélago, onde precisou de transfusão sanguínea, após ser mordida na perna direita. Ela estava na praia, acompanhada pelo pai, quando ocorreu o acidente.
Durante a tarde, foi transferida para o Real Hospital Português (RHP), no Recife, onde foi internada. A assessoria de comunicação do RHP informou que não poderia divulgar boletim médico sobre o estado de saúde da criança até receber a autorização da família.
De acordo com o professor Paulo Oliveira, do Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), é provável que se trate de um animal de médio ou grande porte.
“A gente sabe que foi um animal de médio para grande porte pela proporção da mordida, do ferimento feito na criança. Foi algo muito grave que aconteceu. Eu acho que a gente precisa sentar e conversar para poder compreender e entender, de uma maneira muito lúcida, o que realmente aconteceu, quais foram os fatores que levaram a acontecer o incidente”, disse.
Segundo o pesquisador, as espécies mais comuns de tubarão na Ilha de Fernando de Noronha são as seguintes: tubarão-limão, lixa, tigre e bico-fino. “O tubarão-tigre, que é uma espécie considerada muito agressiva, é comum nos ataques na Região Metropolitana do Recife, e já aconteceram outros incidentes com ele em Fernando de Noronha.
Como explica Oliveira, o incidente na Ilha pode não ter as mesmas motivações dos que já ocorreram no Grande Recife.
“Trabalhos com incidentes envolvendo ataques de tubarões em seres humanos, especificamente na Ilha de Fernando de Noronha, não existem. Nós temos uma expertise aqui do continente, nas praias do Recife e Região Metropolitana, mas aí são coisas distintas. As causas que levaram aos incidentes aqui são distintas porque o ambiente é outro. Em Fernando de Noronha nós estamos falando de uma unidade de conservação, de uma região insular, onde a ação antrópica acaba sendo menor do que aqui, apesar de em Fernando de Noronha, nos últimos anos, a questão do turismo ter sido amplificada e você ter um número grande de turismo crescendo ano a ano.”
De acordo com o pesquisador, é pouco comum que o animal ataque em busca de alimentação. “Geralmente quando os tubarões atacam, fazem isso muito mais por uma questão de território. Tivemos o caso do mergulhador ocorrido há alguns anos, na mesma praia, mas em uma região mais afastada. Ao contrário desse caso de hoje, que o pai estava com a filha em uma região relativamente rasa”, analisou.
O professor também orientou para medidas que podem ser tomadas a fim de diminuir os riscos de ataque. “Existem algumas normas e regras, que são consideradas para o mundo inteiro, que é você evitar de entrar dentro da água no crepúsculo, ou seja, de manhã cedinho e no entardecer e à noite. Evitar de entrar na água quando ela estiver muito turva, ou quando você estiver com algum ferimento ou sangrando. Evitar entrar na água em regiões mais profundas e também de maneira solitária. Essas precauções existem, não são específicas para Fernando de Noronha, mas acabam valendo, de certa forma, para as praias em geral”, disse.
Em nota, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), responsável pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), informou que o órgão está monitorando as informações sobre o incidente e que se reunirá nos próximos dias para avaliar o caso. De acordo com a SDS, apenas após a análise de documentos será possível identificar a espécie do tubarão.
Ainda segundo a SDS, o Comitê identificou, até o momento, seis incidentes no arquipélago, nenhum com morte. “O primeiro ocorreu em 21 de dezembro de 2015 na Baía de Sueste, mesma praia da ocorrência desta sexta-feira. A vítima era um banhista de 32 anos, do sexo masculino, que teve lesão no braço direito. As demais estavam nas Praias do Leão, de Conceição, do Bode e da Cacimba (dois casos). Das seis vítimas, todas eram adultas, sendo dois banhistas e quatro surfistas. Todos os casos aconteceram entre dezembro e março”, informa o texto.
De acordo com o órgão, as vítimas mais jovens envolvidas em incidentes com tubarão registrados em todo o Estado tinham, até então, 14 anos de idade.
Por Jaqueline Fraga
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