Pesquisas estão manipuladas?
Na semana passada, uma pesquisa apontou uma queda de dez pontos na distância que separava até então Bolsonaro de Lula na corrida ao Planalto em 2022. Colunista polêmico e atento aos fatos, Claudio Humberto levantou uma lebre: uma possível cartelização dos institutos em consórcio para “bombar” Lula. Alguns chegaram a apontar até quase 20 pontos de vantagem, mas a diferença cai dez pontos sem nenhum fato aparente que possa ter repercussão? Estranho, muito estranho.
Para o colunista, pode estar ocorrendo um forte temor de passarem mais adiante. É que a partir de 1º de janeiro do ano da eleição, as pesquisas devem constar do Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle). Nesse registro, o instituto é obrigado a entregar cadernos de pesquisa e toda a documentação que comprova os seus percentuais. “A 63 dias do fim do ano, os institutos começaram a 'encurtar' a distância entre Lula e Bolsonaro já em outubro, para evitar acusação de 'erro'”, destaca Humberto.
A obrigatoriedade de registro das pesquisas está definida na Resolução 23.600, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem força de lei. Na prática, muda tudo e quem manipular pesquisas está correndo o risco de sofrer duras penalidades, chegando a multas astronômicas e até o fechamento do instituto. O cerco aos malfeitores e manipuladores está chegando tarde, mas antes tarde do que nunca. Nas eleições presidenciais de 2018, vários institutos famosos, como DataFolha e Ibope, cometeram erros grosseiros.
Temendo repercussão negativa, chegaram a evitar pesquisas de boca de urna no dia da eleição em algumas capitais, entre elas Recife, que viveu uma disputa de segundo turno bastante acirrada. Existe na sociedade algo conhecido como “comportamento de manada”, que é quando as pessoas veem outras atuando sob determinado comportamento e querem repetir aquele feito. Quando percebem que os resultados das eleições estão de acordo com as pesquisas eleitorais, com um candidato já aparecendo como vencedor por sua crescente, a tendência é a definir pelo voto de quem está na frente.
Nesse caso, os resultados das eleições são determinados pelos indecisos, já que eles estão mais propícios a ter um comportamento condizente com o da maioria. Se um candidato X aparece em primeiro lugar nas pesquisas com uma margem substancial de diferença para o segundo colocado, os indecisos que não definiram seu voto por não entender ou conhecer a plataforma política de ambos tendem a achar que o candidato X é melhor, pois tem mais pessoas votando nele.
Exemplo clássico
Recentemente, os resultados das eleições no Brasil e no mundo foram bem diferentes do que os institutos de pesquisa diziam que o pleito seria. Um exemplo clássico e bem recente foi a disputa, nos Estados Unidos, entre Hillary Clinton e Donald Trump: a maioria absoluta das pesquisas eleitorais conduzidas por institutos especializados ou veículos da imprensa mostravam a democrata com uma boa margem de preferência frente ao republicano. Contudo, quando os eleitores foram a voto, o resultado foi exatamente o oposto.
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