Vice-presidente do Sport revela planejamento para categorias de base, futebol feminino e esportes olímpicos e amadores do clube
Essa é a terceira matéria que fecha a sequência da entrevista com Yuri Romão (Foto: Arnaldo Sete/DP Foto)
Yuri Romão concedeu entrevista para o Esportes DP e revelou os primeiros passos dados pela diretoria para melhorar alguns pontos dentro do clube
Entrevista realizada com o vice-presidente executivo e financeiro do Sport, Yuri Romão, falando sobre o que foi feito no primeiro mês da gestão de Leonardo Lopes a frente do clube e agora vamos publicar última parte da entrevista em que foi abordado assuntos voltados para categoria de base, futebol feminino e esportes olímpicos e amadores.
Yuri Romão detalhou que a gestão integrou o futsal junto à categoria de base de campo, revelou projetos iniciais para fortalecer o futebol femino e planejamento para voltar a fortalecer os esportes amadores e olímpicos fazendo parcerias com o Governo ou escolas e faculdades do Recife.
CONFIRA A ENTREVISTA:
CATEGORIAS DE BASE
Dentro do nosso planejamento e promessas de campanha, a base tem uma importância vital, inclusive para o futuro do Sport. A atenção que precisa ser dada à base precisa ser muito maior do que já foi dada até hoje. Eu particularmente que a maior fonte de renda pro clube no futuro seria a base. Isso é tão importante que hoje há uma integração entre o futebol profissional, a base e o futsal, eu inclusive quando fui vice-presidente pedi muito por isso. Se você for olhar os grandes atletas que estão hoje na Europa, eles nasceram dentro do futsal. Lembro que quando eu fui VP de esportes amadores, os pais dos atletas me procuravam para eu procurar o pessoal da base para os meninos fazerem teste, e deveria ser o contrário. O pessoal da base é que deveria ir no departamento de futsal pedir para que o garoto do futsal fosse lá fazer o teste. Na época eu pedia ajuda ao finado Coronel Adelson uma ajuda para isso. Aí chegava aqui o Santos, que é por isso que tem uma equipe de futsal aqui, chegava aqui e oferecia um salário mínimo para o menino, mais um pra mãe e um pro pai e levava. Enfim, a importância que vai ser dada nessa gestão à base vai ser realmente muito diferente do que já foi dado. Eu tenho uma reunião marcada com todos os diretores, inclusive com Augusto Moreira, no sentido de irmos em busca de parcerias. Falo de parcerias no sentido de que a maioria dos clube do Sudeste (Corinthians, Fluminense, Flamengo, Santos, etc) têm parcerias que bancam a base e que ficam com percentuais de atletas caso o ele ‘estoure’(no sentido de vingar, dar certo). Aqui no nosso esporte, nós temos um preconceito em relação a isso. Aí nem faz a base como deveria ser, nem investe. ‘Ah, mas a base é 100% do Sport’, 100% de nada, até onde eu sei, é nada. É melhor ter 65% de algo bom, grande, um número maravilhoso de atletas, do que 100% de 3 ou 4 que não vão render absolutamente nada. Você não está estruturando o clube. O que eu ouço é que o menino faz 15, 16 anos, começa a despontar, quando vai procurar, já foi e a gente perdeu. Vamos estruturar, vamos arrumar um parceiro financeiro para um período, não precisa ser sempre, pode ser um período onde a gente estiver ‘mal das pernas’, vamos buscar isso aí. Eu sou partidário disto. Mas eu preciso ouvir quem está à frente do projeto. Se me mostrarem que vale a pena, me convencerem do contrário… Mas se for possível ir atrás dos parceiros, vamos.
O Santos fez uma parceria com uma rede de supermercados, revelou Robinho, Neymar, Diego, Elano, Ganso. Os caras donos de supermercado, investidores. Por que a gente não arruma aqui uns 10 investidores, faz um fundo e faz isso? Eu fui do BMG por dez anos, sou amigo da família. Hoje, praticamente 80% dos atletas que são negociados para fora (do país) são do fundo deles. Porque eles bancam as bases dos clubes, ninguém nunca me procurou para fazer isso.
Converso bastante com o presidente Leonardo e a gente comunga dessa estratégia de ter algumas parcerias. Se o clube tem dinheiro e tem condições de montar uma estrutura só, por que não monta uma parceria? Mas não tem. Então, vamos arrumar quem possa (investir). A lógica é a mesma de uma 'startup'. O que adianta você ter uma 'startup' de tecnologia se você não tem o dinheiro para colocá-la para frente? Aí você é dono de 100% da 'startup', vem um cara e põe um caminhão de dinheiro nela. Daí a 'startup' vai lá para frente. O investidor fica com 50% do negócio. É melhor ter 50 aqui ou sem ali? A lógica é essa. Mas eu preciso convencer ou ser convencido do contrário.
FUTEBOL FEMININO DO CLUBE
O futebol feminino, hoje, tem importância no cenário nacional. A gente produziu atletas maravilhosas, entre elas Marta e Formiga. Nós não poderíamos de forma alguma estar de fora disso. A legislação até exige. Na minha época, lá atrás, não tinha. Mas como eu recebia muito material, o feminino ia pedir a mim material para viajar. A goleira foi várias vezes na minha sala. Porque a gente guardava tudo organizado.
O futebol feminino do Sport estava parado e foi retomado com uma diretoria nova. Ontem, estive reunido na sala da vice-presidência com Roberto Zaidan e Gabriel. E a gente está prevendo algumas questões financeiras que não podemos ajudar muito porque não temos recursos. Mas o pouquinho que está se arrumando, vou garantir que vou levar a promessa de que o dinheiro que elas conquistarem é delas. Para que possam fazer a gestão. E aquilo que eu puder ajudar, de relacionamento ou outra coisa, vou ajudar. O Sport tem um papel importante no cenário do futebol feminino. É um clube tão grande que abrange outras áreas.
ESPORTES OLÍMPICOS E AMADORES
Até antes de começar a entrevista eu falei sobre isso. A importância que o Parque Olímpico do Sport tem no cenário esportivo do Recife e de Pernambuco. Com o empenho de Renato Santos nesta área, com o apoio do presidente Leonardo, voltaremos para ter um protagonismo dentro do desporto amador. Que não é mais amador, é olímpico. Eu estava falando sobre a questão das escolas que, hoje, não têm mais espaço físico para desenvolver atividades esportivas. Os clubes pernambucanos, a exemplo dos três de futebol, como também o Country, Cabanga, Caxangá Golfe Clube e outros tantos, têm uma importância na vida do jovem, da criança, no aprendizado de alguma modalidade. E o Sport não pode ficar fora disso. A estrutura do Sport é belíssima, maravilhosa. Ela está degradada, isso é verdade, mas a gente tem que pensar fora da caixa. De ver como podemos fazer mais coisas com o que temos. Lembro de quando fui vice-presidente de esportes amadores, o Sport foi o primeiro clube de Pernambuco a ter dois projetos sociais com a Lei de Incentivo ao Esporte. Fui a Brasília e conseguimos aprovar. Eram garotos de comunidades, que a gente trazia para o clube. Para que no contraturno da escola, a gente fez uma parceria com a Prefeitura do Recife, eles praticassem esportes aqui. Natação, basquete, vôlei. Esse tipo de ação, a gente oportuniza pessoas que não têm condições de estar nos clubes. Que normalmente estão à serviço do tráfico de drogas. Então, a gente dava alimentação, material. Oportunizamos pessoas que saíram da faculdade de educação física a dar aulas. Hoje, você entra numa faculdade de educação física e vai ser personal trainer. Você não será treinador. Então, o que a gente precisa fazer e estamos no caminho certo, é o equilíbrio financeiro do clube. Mais para frente, iremos fazer parcerias, com a Lei de Incentivo ao Esporte ou com empresas privadas, para que possamos fazer convênios comuns.
Lembro quando cheguei aqui, que estudei com Jânyo Diniz, que é o CEO da Nassau. A primeira coisa que a gente fez, foi a parceira Sport-Uninassau. Fui bater na sala dele, na Ponte da Capunga. Cheguei e fiz uma proposta de projeto. Onde ele seria o patrocinador de todos os esportes olímpicos. Todo mês ele me pagava. É preciso a gente pensar fora da caixa em tudo. A gestão não é diferente em nada do passado. Se continuarmos do mesmo jeito, não haverá mudança.
DP
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