Um cerzidor para o Santa Cruz
Carlos Alberto Oliveira, ex-presidente da FPF, gostava de uma metáfora. Certa vez, ao analisar o momento dos três grandes clubes do Recife, foi enfático: "O Santa Cruz está se esgarçando". Roupa que se esgarça dificilmente se conserta.
A briga dos tricolores, com os próprios tricolores, manteve o clube no século passado. A discussão de ideias, que poderia ter sido salutar, caso o crescimento do clube estivesse em primeiro lugar, foi transformada em brigas pessoais que ganharam ramificações e corroeram uma das maiores estruturas socioesportiva do Nordeste, construída num período onde a unidade foi transformada numa força motriz para alavancar o crescimento da agremiação mais popular do Estado.
Com um patrimônio humano de causar inveja, uma das torcidas mais fieis do futebol brasileiro, cujo comportamento foi elogiado pela mídia internacional, num momento de dificuldade na história do clube, os gestores que estiveram à frente do Santa Cruz, não conseguiram potencializar este "exército" que daria sustentação aos esporádicos "saltos" dados pelo Clube do Povo.
A hora é de unir esforços!
Eis a palavra de ordem dada pelos "salvadores da pátria". As ações: formar um conselho consultivo com os ex-presidentes; levar um padre para benzer todas as dependências do clube com o intuito de afastar as mazelas... Retrocesso! Esta a melhor tradução para essas e outras pérolas que emergiram recentemente no Arruda.
Não vamos nos deter na vexatória campanha que o time vem descrevendo na Série C, onde disputou dez partidas e não contabilizou uma vitória sequer. Os números do futebol são o legado deixado por inúmeras gestões desastrosas.
Qual o último bom jogador revelado pelo Santa Cruz?
Este é o ponto de partida para se avaliar as inúmeras gestões de um clube cuja vocação é ser formador. Como formar se não havia sequer lugar para treinar? O CT que está sendo construído em Aldeia é fruto da insistência e perseverança de um abnegado chamado, João Caixero de Vasconcelos, que apesar da rica folha de serviços prestados ao Santa Cruz, foi execrado por neófitos que desconhecem a história do Clube das Multidões.
O Santa Cruz precisa de um projeto exequível, que tenha princípio, meio e fim. Ficar explorando a boa vontade de empresários para pagamentos de folhas e bichos não é solução de problema. É sim, uma gambiarra que se acende para uma festa, mas que não tira o clube da escuridão em que está mergulhado.
O vai e vem de treinadores e jogadores, fato que provocou um inquestionável ciclo vicioso nas Repúblicas Independentes do Arruda, é outro sinal da incompetência de um pelotão de dirigentes que por anos chamou o clube de seu.
Quando o pano se esgarça, não adianta remendo. O conserto tem que ser feito por um bom cerzidor.
Procura-se!
Por Claudemir Gomes
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