França tem novos protestos contra passaporte vacinal, incluindo bombeiros que se dizem “injustiçados”
Milhares de pessoas voltaram às ruas de toda a França neste sábado (28), pelo sétimo fim de semana consecutivo, para protestar contra a imposição de um passaporte vacinal da Covid-19 para a realização de diversas atividades no país. Presença constante nas manifestações, bombeiros se dizem “injustiçados” pela medida.
Em Paris, quatro marchas partiram de diferentes pontos da capital, aos gritos de “liberdade” e “resistência”. “Não sou contra a vacina, mas contra o passaporte vacinal”, declarou à AFP David Vidal Ponsard, integrante do movimento Patriotas, formado por dissidentes do partido de extrema direita Frente Nacional, em meio a dezenas de bandeiras da França. “A vacina não é a solução. Teriam de parar de fechar leitos de hospitais e manter os gestos de proteção”, argumentou a aposentada Hélène Vierondeels.
Em outro cortejo, povoado por integrantes do movimento dos “coletes amarelos”, os alvos eram a “propaganda da imprensa” sobre o imunizante contra o coronavírus e o “passaporte nazitário” – um trocadilho com as palavras “nazista” e “sanitário”.
Segundo projeções, os protestos poderiam reunir entre 140 e 180 mil manifestantes neste sábado, dos quais até 20 mil na capital francesa. Desde julho, dezenas de milhares de pessoas participam dos atos contra a instauração do documento, que atesta um ciclo completo de vacinação contra a Covid-19 ou um teste PCR recente e negativo para a doença. Dados oficiais indicam que as manifestações têm reunido mais participantes nas regiões onde o índice de vacinação é menor.
Bombeiros contra a obrigatoriedade da vacina
Entre os frequentadores assíduos, estão os bombeiros, que protestam – de farda ou à paisana – contra a obrigação de estarem vacinados para continuar a exercer a partir de 15 e setembro. A categoria está entre profissões cujo contato frequente com o público frágil vai levar à exigência da imunização.
Para eles, tratam-se de uma “injustiça “ e uma “falta de consideração” com o engajamento que os bombeiros tiveram com a população francesa desde o começo da pandemia. “Nós respondemos a todas as suas urgências. Não nos privem a nossa liberdade”, dizia uma faixa de um grupo nas ruas de Nice, nesta tarde.
“Não compreendemos essa obrigação. Faz um ano e meio que trabalhamos nos protegendo e protegendo os outros. Nunca tivemos focos de Covid nas casernas”, argumentou um dos participantes. “Nos vacinar não vai mudar nada, além do fato de que teremos ausências por causa dos efeitos indesejáveis (do imunizante)”, continuou.
Não há dados sobre a quantidade de bombeiros que não têm a intenção de se vacinar contra o coronavírus, entre os 253 mil que exercem na França. Mas o Sindicato Nacional de Bombeiros Voluntários disse estar “preocupado com o número de ligações”, a pouco mais de duas semanas do prazo estabelecido pelo governo francês.
“É a primeira vez que a nossa organização é tão solicitada por bombeiros que dizem que não vão se vacinar, pelo menos não desta forma. Eles querem saber se terão de pedir demissão ou se serão declarados inaptos para o trabalho”, explicou Samuel Mathis, secretário-geral da entidade, à AFP. “Nós somos favoráveis à vacina, mas o fato de nos colocarem um prazo, de imporem medidas coercitivas, é a gota d’água para voluntários que sacrificam muito do seu tempo e das suas vidas” no dia a dia, ressaltou.
“A maioria dos bombeiros se vacinou antes mesmo da obrigação”, indicou o presidente de outro sindicato, FA SPP-PATS. “Mas a imposição é um atentado às liberdades e uma falta de reconhecimento”, disse Xavier Boy.
Segundo números do Ministério da Saúde, mais de 48 milhões de franceses (71% da população) receberam pelo menos uma injeção e 42,7 tomaram as duas doses necessárias para completar a imunização.
Com informações da AFP
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