Recife fará busca por quem ainda não tomou segunda dose de vacina contra a Covid-19
Serão enviadas mensagens pelo Conecta Recife para os faltosos sinalizarem o motivo do não comparecimento
Apesar do mutirão realizado no fim de semana para vacinar pessoas com atraso na aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19, no Recife a procura foi muito abaixo do esperado.
Das 7.001 pessoas que ainda não voltaram a um dos postos para finalizar o esquema vacinal, somente 166 participaram da ação no sábado (19) e no domingo (20).
Levando em consideração apenas o imunizante CoronaVac, do Instituto Butantan, que foi o foco principal do mutirão, quase cinco mil indivíduos ainda precisam tomar a dose restante. Diante deste cenário, a Prefeitura do Recife pretende fazer uma busca ativa para que essas pessoas compareçam aos locais de vacinação.
De acordo com a secretária-executiva de Planejamento da Secretaria de Saúde do Recife, Yluska Reis, a tecnologia será uma importante aliada nessa missão.
"Nos próximos dias, as pessoas vão receber mensagens pelo Conecta Recife para que possam sinalizar o motivo do não comparecimento para fazer a segunda dose, para a gente ter uma noção sobre esse cenário e poder pensar estratégias mais precisas", disse a secretária.
Yluska Reis reforçou que a segunda dose é importante para completar o esquema vacinal e garantir a imunização efetiva contra a Covid-19. Ela explicou ainda que parte do público faltoso tem agendamento previsto até o mês de julho.
Por outro lado, outras cidades da Região Metropolitana tiveram resultados mais positivos com o mutirão. Em Paulista, por exemplo, foram aplicadas 3.266 doses da CoronaVac.
Ainda assim, 1.704 pessoas ainda precisam tomar a segunda dose. Em Jaboatão dos Guararapes, foram aplicadas 3.509 doses do Instituto Butantan, mas ainda faltam 3.521 pessoas.
O infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Cleiton Ramos, ressalta que a quantidade de doses das vacinas é baseada em estudos que determinam o melhor momento para a tomada da segunda dose e, assim, promover uma melhor qualidade na resposta imune.
"Para as vacinas que necessitam de duas doses, tomar somente a primeira não garante o estímulo ideal para produção da imunidade. Então, o risco principal é que a proteção seja parcial ou mais baixa. De todo modo, mesmo que tardiamente, recomenda-se a tomada da segunda dose assim que possível", afirma o especialista.
Segundo o pesquisador da Fiocruz Pernambuco e doutor em biologia molecular Rafael Dhália, os estudos de fase três das vacinas mostraram que a resposta imunológica contra quase todos os imunizantes desenvolvidos contra o Sars-CoV-2 não se sustentava com apenas uma dose.
Assim, a pessoa não fica protegida contra as formas graves da doença. As exceções são as vacinas da Janssen e da CanSinoBIO, que são aplicadas em dose única.
"É como se não tivesse tomado nada. É um desperdício tanto para quem tomou, que não terá o benefício da proteção individual, como para o Programa Nacional de Imunização, pois é uma dose que pode se considerar desperdiçada", disse.
O intervalo varia de acordo com o imunizante aplicado. No caso da CoronaVac, o tempo sugerido entre a primeira e a segunda dose é de 28 dias. Já com as vacinas da AstraZeneca/Fiocruz e Pfizer/BioNTech, o período de espera é de três meses.
O pesquisador da Fiocruz afirma que, a priori, não é preciso recomeçar o esquema vacinal do zero e que, mesmo que em atraso, é fundamental tomar a segunda dose.
Para aquelas pessoas que perderam o prazo, recomenda-se fazer isto o quanto antes, pois não há estudos concretos em relação à redução, ou não, da eficácia em intervalos muito maiores.
"É importante reforçar que a vacinação é uma medida de proteção populacional. Cada um que se vacina não apenas se protege como também ajuda a proteger o próximo. As vacinas salvam cerca de seis milhões de pessoas todos os anos. Em relação à Covid-19, os países onde as vacinações estão em estágios mais avançados vêm experimentando uma redução drástica nas internações, casos graves, circulação do vírus e no número de óbitos", concluiu Rafae, Dhália.
Por Wellington Silva
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