Casos suspeitos de chikungunya têm aumento de 135% em Pernambuco
Notificações de zika vírus também cresceram entre 2020 e 2021. Problema pode agravar colapso no sistema de saúde, já pressionado pela Covid-19.
Os números de casos suspeitos de chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti assim como a dengue, apresentaram um aumento muito grande em Pernambuco desde o ano passado. O crescimento foi de 135,8% para a primeira infecção e de 61,8% para a segunda.
O registro dos dados ocorre no pior momento da pandemia de Covid-19, o que pode agravar o colapso no sistema de saúde, já bastante pressionado pelo avanço do novo coronavírus.
As informações constam do último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). De acordo com a pasta, entre 3 de janeiro e 15 de maio deste ano, foram notificados 3.417 casos suspeitos de chikungunya em 89 municípios. No mesmo período de 2020, foram 1.449.
Em relação à zika, o órgão contabilizou 1.176 pacientes com suspeita da doença em 2021 e 727 no ano anterior. Também de janeiro até este mês, foram confirmados 717 casos de chikungunya e nove de zika vírus.
Pandemia desviou o foco
Consultora em biossegurança da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sylvia Lemos diz que esse cenário é uma realidade não só de Pernambuco, mas de todo o País. Na avaliação dela, a pandemia tomou o foco de todos os setores, o que desviou a atenção que antes era dada a outras doenças.A chegada do período de chuvas no Litoral e na Zona da Mata de Pernambuco, que facilita o acúmulo de água nas residências, é outro fator que contribui para o aumento.
“Há um ano nós só estamos vendo Covid. As pessoas esqueceram esse problema dentro das suas próprias casas e comunidades, e tivemos um declínio das campanhas e das vistorias dos agentes sanitários por causa dos riscos de pegar Covid”, afirma. “E agora todo aquele processo que faz os mosquitos permanecerem, como água parada nos quintais, pneus e vasos de planta, propiciou [o crescimento]”.
Em meio à maior crise sanitária do século, com uma pandemia que matou mais de 450 mil brasileiros em pouco mais de um ano, o crescimento das epidemias das arboviroses torna ainda complexo o diagnóstico dos casos, já que a fase inicial da Covid-19 tem sintomas parecidos com os da dengue, zika e chikungunya, além de se confundir com o resfriado e a gripe comum.
“Hoje, se eu tenho um caso suspeito, seja lá de dengue ou de chikungunya, tenho que investigar a Covid. E tenho que deixar essa pessoa isolada. Isso pesa sobre o sistema de saúde porque são mais exames diferentes que nós temos que fazer”, conta a especialista.
Diante disso, é preciso que a população, além de seguir as medidas de prevenção à Covid-19, incluindo o distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos, mantenha os cuidados com as arboviroses.
“Não acumular água, fazer uma varredura no quintal, tirar os entulhos”, orienta a infectologista.
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