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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

NÁUTICO - EXECUTIVO DE FUTEBOL

Trajetória, críticas e ajustes no futebol: Ítalo Rodrigues fala sobre sua saída do Náutico

Ítalo chegou ao departamento de futebol alvirrubro em 2018 (Foto: Léo Lemos/CNC)



Ex-executivo Timbu deixou claro que não guarda mágoas da diretoria e aponta que segue na torcida por acesso do alvirrubro na Série B


Após nove anos no clube passando por diversas funções, o agora ex-executivo de futebol do Náutico, Ítalo Rodrigues, teve sua passagem pelo clube alvirrubro encerrada. Após muita pressão proveniente do desempenho ruim da equipe comandada por Gilson Kleina durante a disputa da Série B, o departamento de futebol optou por fazer uma reformulação visando voltar ao trilho das vitórias. Assim, com empréstimos e dispensas de jogadores, o profissional remunerado acabou sendo desligado do clube. 

Pouco menos de uma semana após sua demissão, Ítalo concedeu entrevista ao Diario de Pernambuco, onde avaliou sua passagem pelo cargo profissional mais alto do futebol do Timbu e comentou temas como o planejamento durante a pandemia, a demissão de Gilmar Dal Pozzo, a necessidade de mudança de rumo no clube para voltar ao caminho das vitórias na Série B, sua demissão e as relações com o vice-presidente Diógenes Braga e o presidente Edno Melo. 

Confira os principais pontos da conversa com Ítalo:

Balanço da passagem pelo futebol alvirrubro
"Efetivamente, eu, de fato, vim trabalhando na gerência de futebol e dando suporte desde 2016 com a saída de Alexandre Farias. Com a entrada de Edno e Diógenes foi que eu passei a ter uma voz ativa. Então, é ali que eu considero que começa a minha trajetória como executivo. Dentro disso, acho que tivemos muito mais acertos do que erros, nós quisermos implementar protocolos dentro do futebol profissional que não é fácil. Posso falar com certeza que não há 5 clubes desde a Série A até a Série D que não tem processos e protocolos tão definidos quanto ao futebol do Náutico. O torcedor do CNC pode bater no peito e dizer que todo o departamento é profissionalizado, tem processo para se contratar e eu digo a contratação desde o momento da negociação, há um processo  muito claro o que pode fazer e não fazer,tudo isso foi implementado por mim e analisado por Diógenes. Tivemos os títulos, acessos e o Náutico nunca vendeu tanto atleta desde que nós assumimos e isso fez uma tremenda diferença ao clube. Inclusive, na gestão que tanto elogia tanto o presidente Edno e critica o futebol, como se não estivéssemos andando na linha e gerando recursos."

Período da Covid-19
"Quando a gente tem um corpo profissional e uma visão também profissionalizada do negócio, isso facilita a implementar e superar essas dificuldades. A primeira coisa que se falou desde o início da pandemia, quais receitas poderiam ser cortadas e vários clubes fazendo acordos, a primeira coisa que eu falei a Diógenes foi essa: antes da gente tomar qualquer atitude, precisamos saber a resolução disso, quais prejuízos disso. Não adianta fazer, com todo respeito aos clubes que fizeram, mas eu discordo totalmente sobre o ato da  demissão em massa, a redução em 50% dos salários dos jogadores porque isso simplesmente soa como uma desculpa para se aproveitar da situação. Então, reduzimos na prática 12,5% dos salários dos jogadores que ganhavam acima de R$ 5 mil durante 4 meses. Foi bem irrisório, mas ajudou ao clube."

"Quanto ao futebol em si, nós fazíamos reuniões semanais, os atletas, após 15 dias de inatividade, começaram a ser acompanhados por nós. Fomos um dos primeiros clubes, de fato, a implementar os treinos online. É importante falar para torcida do Náutico que às vezes a gente não externa muito porque não é questão de vaidade e nem nada, é óbvio que erramos e nós conversamos muito sobre isso e revisamos. Então, acho que a pandemia trouxe de ruim foi isso: perdemos a nossa margem de tempo para consertar aqueles erros que são normais", explicou.

Críticas no retorno do futebol
"Eu acho que antes de mais nada tudo que fazemos é para torcida e ao sócio, o futebol é entretenimento então produzimos um conteúdo semanalmente, às vezes duas vezes durante a semana, que é o jogo. A torcida, é de fato, a dona do clube. É importante ouvir a torcida porque ela faz parte. É óbvio que muitas das críticas são infundadas e nós que estamos no comando devemos seguir com nossas convicções. Sobre as críticas, elas sempre foram vistas da maneira mais construtiva possível, nem sempre dá para atender aos pedidos porque a gente que está dentro sabe da realidade do clube. Um termo que dentro do futebol, é ser mais assertivo e minimizar os erros, quando falamos em minimizar erros  assumimos que há erros. Então, isso é o primeiro ponto de tudo, não adianta varrer a poeira debaixo do tapete."

Mudança de rumo
"O que posso dizer sobre o processo é que sempre tentamos um projeto de longo prazo e continuidade. Nós tivemos a pandemia e a comissão que tínhamos se debateu muito em alguns ajustes e decidimos mudar sobre a plataforma de jogo. Então era óbvio que pós-pandemia, nós precisávamos de tempo para que isso ocorresse. Foi dado esse tempo, vale a reflexão se o tempo foi curto ou longo, mas isso não temos como saber. Não tínhamos como saber se Gilmar ficasse mais tempo o time encaixaria melhor, ou se tirasse antes seria uma decisão melhor. A verdade é que como tentamos prezar pela continuidade, porque acreditamos nisso e cada um precisa disso. Então, a questão das mudanças e saídas, por mais que sejam críticas da torcida, se deram muito mais para abrir folha invés de um não aproveitamento técnico desses jogadores. Para evoluir, precisamos abrir folha para injetar peças importantes."

Semana de indefinição

"Como eu falei, sempre tentei focar muito no meu trabalho. Depois do último jogo, na segunda-feira, que o resultado não veio, começou toda essa especulação e muitas vezes víamos a indefinição, digamos assim, ou a preocupação do Diógenes (Braga) em tentar manter minha continuidade porque antes de mais nada, é um amigo pessoal e é um cara muito sério no futebol. A torcida do Náutico não sabe metade do que aquele cara faz pelo clube, porque se soubesse jamais deveria tecer uma crítica sequer a ele. De terça a sexta, não dormi mais que três horas por noite e nós conseguimos em conjunto a comissão técnica e centro de inteligência avançar em muita coisa bacana. Minha preocupação sempre foi fazer o meu trabalho. tecer agora a crítica, falar que poderia ser feito de uma forma diferente ou não, é óbvio que poderia ser diferente uma coisa ou outra, mas prefiro não tocar nesse assunto, pois estou do lado de fora."

A demissão
"Não, eu imaginava devido às notícias e aos bastidores. Fui comunicado apenas na sexta-feira, vendo muito a preocupação de Diógenes e de toda diretoria. Com todo respeito, quem tem que julgar se eu fiz um bom trabalho ou não é o presidente Edno e Diógenes. Não adianta jogar confetes, pois posso pensar que sim e eles não concordarem. Quem tem a caneta de fato é o presidente. Apesar de ter sido comunicado pelo Dr. Bruno (Becker) - vice-presidente jurídico do clube -, isso faz parte de um processo normal, e sei que todo mundo ali me respeita."

Ficou alguma rusga entre você e a direção?
"Não tenho uma proximidade pessoal com Edno e, sinceramente, criei um vínculo de amizade com Diógenes, porque é impossível não criar.Nos falávamos mais de 20 vezes por dia e, muitas vezes, é difícil de dissociar, afinal acontecem problemas pessoais e a gente compartilha no dia a dia. Mas sem nenhuma rusga, se um era a favor ou era contra, a decisão era deles e não cabe a mim dizer se era certo ou errado, se concordo ou discordo. Minha consciência está limpa por tudo aquilo que tentei fazer, que busquei e por toda a minha dedicação ao clube."

Futuro
"Com o trabalho que fiz no Náutico desde o final de 2018 recebi algumas propostas. Optei por não sair porque eu acredito na continuidade e em projetos a longo prazo. Confesso, que meu maior sonho era colocar o clube na Série A, pois só na Série A que conseguiremos concretizar todo projeto e pensamento que tínhamos ao clube. Porém, agora tentarei aproveitar a família, esvaziar a mente, me desligar um pouco do clube e futebol, e somente a partir daí ir para novos projetos."

Recado para a torcida
"É díficil, tentar minimizar o pesar porque são 9 anos e eu travo um pouco pelo carinho que tenho pelo clube. Contudo, sem dúvida alguma, o projeto sempre foi feito da forma mais honesta e profissional possível. Todas as críticas são entendidas  porque o Náutico é um clube gigante e a torcida tem sempre que querer mais, mas no futebol às vezes as coisas não acontecem das formas como queremos. A folha do Náutico é a 15ª ou 14ª da Série B, então, precisa compreender que não adianta dar um passo maior que as pernas e voltar a ser como o clube era. O maior recado que posso falar é que a torcida apoie e reconheça o grande dirigente que é Diógenes é, porque quem tapa o buraco e segura a onda é ele. Tenho certeza que o clube fará uma grande Série B. Acredito que o discurso tem que ser mais contido, baseado no jogo a jogo, porém a partir dessa ideia, o Náutico vai buscar estar acima da tabela e se Deus quiser conseguirá o acesso", concluiu.

DP

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