Ministério Público denuncia Paulo Preto, Tacla Durán e outros 4 por lavagem de dinheiro
Crimes de lavagem de dinheiro realizados em território nacional são o foco da nova denúncia envolvendo Paulo Vieira de Souza, elaborada pela Força-Tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal. Usando diversos artifícios para ocultar a origem ilícita de milhões de reais, o ex-diretor da estatal paulista Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) envolveu, segundo apurado, a ex-mulher, Ruth Arana de Souza, e também, em parte dos atos, as duas filhas, Priscila Arana de Souza e Tatiana Arana Souza Cremoni, no esquema criminoso. O arranjo contou ainda com a participação dos operadores Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, além de Afrânio de Paula Barbosa, gerente do hotel de propriedade da família Souza em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.
Como ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza participou ativamente, conforme já explicado em denúncias oferecidas anteriormente, da prática de crimes de peculato e de corrupção passiva e da formação de um cartel composto por várias construtoras. Vieira comandou esquema que desviou mais de R$ 7 milhões que deveriam ter sido utilizados para o pagamento de indenizações a moradores impactados por obras da estatal, entre as quais as obras do Rodoanel Sul. Além disso, coordenou cartel de construtoras em obras da Dersa e recebeu propina de diversas empresas, em montantes que somam quase R$ 20 milhões. Parte desses valores foi alvo de operações de lavagem transnacional realizadas via offshore, também já alvo de denúncia anterior da Lava Jato.
A outra parte desses valores, mantida no Brasil, começou a ser investigada mais detalhadamente a partir da Operação Pasalimani, realizada em outubro do ano passado. A análise do material apreendido, aliada às evidências obtidas anteriormente, indicou que Paulo Vieira de Souza utilizava duas empresas da família – o hotel Giprita e a P3T Empreendimentos e Participações – para ocultar a origem de valores e bens ilícitos por ele angariados em razão de seu cargo na Dersa.
A pedido do MPF, foram bloqueados na Operação Pasalimani diversos bens de Paulo Vieira de Souza mantidos em nome de pessoas interpostas, a fim de viabilizar a futura reparação dos crimes pelos quais foi denunciado.
Operações de lavagem no Brasil
A lavagem de dinheiro ocorria em camadas variadas. O eixo principal passava pela incorporação dos recursos ilícitos ao faturamento do hotel, por meio de depósitos em espécie amparados em hospedagens fictícias, inclusive indicando o próprio estabelecimento como hóspede. Ainda recursos ilícitos oriundos de empresas de operadores – inclusive com lastro em falsos contratos de prestação de serviços de hospedagem – eram usados para inflar o caixa do hotel.
Nas camadas finais, o dinheiro voltava a ser utilizado por Paulo Vieira de Souza – ou seu núcleo familiar – por variadas formas, incluindo compra de veículo de luxo e custeio, pelo hotel, de despesas diversas da família. Além disso, parte desses valores passou a ser repassada à P3T com lastro em supostos pagamentos de aluguéis, tendo sido ainda transferidos à empresa bens obtidos por Paulo Vieira de Souza com produto de crime, como uma mansão no Guarujá que permaneceu sendo usada por ele.
Algumas operações de lavagem chegaram a ser feitas após o MPF ter denunciado Vieira por crimes de peculato, cartel, corrupção e lavagem de dinheiro, demonstrando o empenho do ex-diretor da Dersa, com a adesão de seus familiares, para blindar o patrimônio obtido de forma ilegal. “Denúncias como essa, que expõem sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, exigem grande esforço investigatório, a partir de um grande conjunto de dados e informações, o que muitas vezes só é possível com o trabalho simultâneo de vários procuradores, dedicados especialmente a casos complexos. É essencial que as instituições sejam dotadas de estruturas de trabalho que permitam que resultados assim sejam entregues à sociedade”, afirma a procuradora regional da República Janice Ascari, coordenadora da Força-Tarefa Lava Jato em São Paulo.
Portal Novo Norte
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