Abono cego à Lava Jato
A Assembleia Legislativa deu mais uma demonstração, ontem, da subserviência incorrigível ao Governo do Estado ao votar três prestações de contas da era PSB sem ter a menor noção do que realmente estava validando. A única explicação do presidente da Casa, Eriberto Medeiros (PP), fiel seguidor do estilo lagartixa do ex-presidente Guilherme Uchôa, também não convence ninguém: a aprovação das tríplices contas é de responsabilidade do Tribunal de Contas do Estado (TCE), instituição igualmente caudatária dos interesses do Executivo.
Estranha que os nobres parlamentares não tenham tido a mínima curiosidade de saber o que estavam votando e, nem se ligaram também que entre as contas, no bolo 2014, 2015 e 2016, ainda havia um exercício, o de 14, de responsabilidade do ex-governador Eduardo Campos, pivô de denúncias e investigações na mesma contabilidade fiscal envolvendo a operação Lava Jato, que botou muita gente grã-fina para ver o sol nascer quadrado.
Conversei com vários deputados e nenhum sequer sabia informar o valor do abacaxi de 2014 deixado por Eduardo. Nela, certamente devem estar incluídas as contas envolvendo o que foi questionado na Lava Jato na construção da Arena, na refinaria de Suape e outras coisitas mais superfaturadas. “Mas o TCE aprovou”, justificou um deles, para argumentar que o Legislativo é mero referendador das maluquices dos conselheiros, todos, com raras exceções, nomeados por critérios políticos.
Outra gravidade envolvendo o comportamento do Legislativo: como votar uma matéria da maior importância a toque de caixa, através de videoconferência, sem o menor critério nem abertura para o debate ao contraditório, o que é de suma importância. Mais grave, ainda, é que a sessão ser marcada de uma hora para outra, sendo avisada aos representantes do povo por mensagem de celular entre o final da noite e a madrugada. O ineditismo está fazendo história no parlamento pernambucano.
Voto equivocado
Líder da oposição na Assembleia, o deputado Marco Aurélio (PRTB) votou contra as contas de Governo referentes a 2015 e 2016, mas referendou justamente a da gestão Eduardo, continuada pelo então vice-governador João Lyra Neto, que fez a travessia do PSB para o PSDB. “Dei meu sim porque sou amigo e confio na seriedade de João”, argumentou. Já o deputado Alberto Feitosa e a deputada Priscila Krause votaram contra todo o pacote, sem distinção. Isso é, na verdade, a postura mais correta, até pelo desconhecimento do que estava sendo posto em votação.
por Magno Martins
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