Bolsonaro admite que ainda não tem o apoio popular para determinar agora a reabertura do comércio
Jair BolsonaroFoto: Carolina Antunes/PR
Em entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente disse que pode tomar una decisão 'de canetada'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reconheceu nesta quinta-feira (2) que ainda não tem apoio popular suficiente para determinar uma reabertura da atividade comercial no país.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, ele disse que pode tomar una decisão "de canetada", mas que precisa estar amparado por um apoio maior da sociedade.
"Eu estou esperando o povo pedir mais, porque o que eu tenho de base de apoio são alguns parlamentares. Tudo bem, não é maioria, mas tenho o povo do nosso lado. Eu só posso posso tomar certas decisões com o povo estando comigo", afirmou.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, ele disse que pode tomar una decisão "de canetada", mas que precisa estar amparado por um apoio maior da sociedade.
"Eu estou esperando o povo pedir mais, porque o que eu tenho de base de apoio são alguns parlamentares. Tudo bem, não é maioria, mas tenho o povo do nosso lado. Eu só posso posso tomar certas decisões com o povo estando comigo", afirmou.
O presidente defendeu que, a partir da próxima segunda-feira (6), estados e municípios determinem uma reabertura gradual da atividade comercial, evitando um aumento no desemprego.
Mais cedo nesta quinta-feira, ao falar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a criticar governadores por medidas de restrição à circulação e disse que o governador João Doria (PSDB) "acabou com o comércio em São Paulo".
Segundo o presidente, as ações tomadas por Doria, por serem excessivas, se converteram num "veneno".
"Acabou ICMS, vai ter dificuldade para pagar a folha agora, com toda certeza, nos próximos um ou dois meses. E [Doria] quer agora vir pra cima de mim. Tem que se responsabilizar pelo que fez. Ele tem que ter uma fórmula agora de começar a desfazer o que ele fez de excesso há pouco tempo. Não vai cair no meu colo essa responsabilidade. Desde o começo, eu estou apanhando dele e mais alguns exatamente por falar isso."
A nova rodada de críticas ocorre apenas dois dias depois de Bolsonaro ter feito um apelo por união em rede nacional de rádio e televisão, com o objetivo de coordenar esforços no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
"Tem uma ponte que foi destruída, que é a roda da economia, o desemprego proporcionado por alguns governadores. Deixar bem claro: alguns governadores. Porque daqui a pouco vai a imprensa falar que eu estou atacando governador. Em especial [o] de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Se eu não me engano, Rio Grande do Sul prorrogou [isolamento social] por mais 30 dias", queixou-se o presidente na tarde desta quinta.
Doria e o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), foram os principais destinatários dos ataques do presidente nesta quinta.
"Esse Carlos Moisés, pelo amor de Deus! Mais um que se elegeu com meu nome", disse Bolsonaro, numa crítica a medidas de fechamento do comércio e de isolamento social.
O governador catarinense rebateu dizendo que "não é hora de discurso político".
"Estamos falando da preservação de vidas. Estamos falando de retomada de atividades com critérios técnicos e colocando a vida em primeiro lugar, a exemplo do que fizemos ontem [quarta, 1°]", disse. "Liberamos com regras rígidas o segmento da construção civil. É isso que estamos fazendo."
Na manhã desta quinta-feira, Bolsonaro já havia divulgado um vídeo em suas redes sociais no qual uma bolsonarista critica os governadores e a imprensa.
A mulher, que se apresentou como professora particular, apela para que o mandatário ponha "militares na rua" para encerrar medidas restritivas adotadas por governadores.
"Não tem condições de a gente viver nessa situação. Vai faltar coisa para os meus filhos dentro da minha casa. Estou aqui pedindo para o senhor: põe esses militares na rua, põe para esse governador [do Distrito Federal], [que] já decretou de novo mais um mês sem aula, sem nada."
Ela se referiu ao governador Ibaneis Rocha (MDB), que, nesta segunda-feira (1), prorrogou medidas de isolamento social no DF. Em seu depoimento, a mulher também criticou os governadores que adotaram ações restritivas.
"Esses governadores querem o quê? Todo mundo tem a casa deles, o dinheiro deles. E eu não tenho nada. A gente tem o senhor. É isso que a gente tem. Acordo cedo, não durmo, preocupada com a minha vida. E milhares de pessoas estão assim".
Ela também atacou a imprensa: "Eu sou mãe de família, sou separada, tenho meus filhos. Vim ontem [quarta], estou aqui hoje e venho pedir para o sr. Porque a imprensa não ajuda a gente, a imprensa faz é acabar com a nossa vida. Eles não passam necessidade, estão aí só para falar mentira, para acabar com a vida do povo. Não sabem a necessidade de cada um", declarou.
Ao final da declaração da simpatizante, Bolsonaro disse que ela fala "por milhões de pessoas".
Nesta semana, o presidente havia sinalizado moderação com um discurso que falava em pacto nacional frente ao "maior desafio da nossa geração".
"Agradeço e reafirmo a importância da colaboração e a necessária união de todos num grande pacto pela preservação da vida e dos empregos: Parlamento, Judiciário, governadores, prefeitos e sociedade", declarou na terça-feira (31).
Uma semana antes, o presidente foi alvo de pesadas críticas após um pronunciamento em que menosprezou a gravidade da pandemia, atacou governadores pelas medidas de isolamento social, às quais chamou de "política de terra arrasada", e culpou a imprensa pela crise do coronavírus.
A moderação sinalizada no discurso de terça-feira, no entanto, durou pouco. Já na manhã de quarta-feira (1º) Bolsonaro voltou a criticar governadores e medidas de isolamento.
O presidente chegou a compartilhar um vídeo em que um homem aparece na Ceasa (Central de Abastecimento) de Belo Horizonte e relata uma situação de desabastecimento. Isso foi desmentido pela Ceasa, e Bolsonaro teve de pedir desculpas por ter feito a publicação sem checar.
"Foi publicado em minhas redes sociais um vídeo que não condiz com a realidade para com o Ceasa/MG. Minhas sinceras desculpas pelo erro", escreveu.
Depois que o desmentido começou a circular nas redes sociais, o presidente também apagou a publicação original que havia feito no Twitter, no Instagram e Facebook.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o histórico de radicalização de Bolsonaro e publicações feitas por ele em suas redes com ataques a governadores fizeram com que líderes políticos nos estados e no Legislativo encarassem com ceticismo o chamado por união feito pelo presidente em seu último pronunciamento.
Bolsonaro também foi criticado após fazer um passeio no domingo (29) pelo comércio de Brasília, contrariando orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do próprio Ministério da Saúde, que defendem o isolamento social como forma de barrar o avanço da Covid-19.
Em Ceilândia (DF), Bolsonaro conversou com vendedores como um assador de churrasco em espetinhos e defendeu sua visão de o comércio ficar aberto. "Eu defendo que você trabalhe, que todo mundo trabalhe. Lógico, quem é de idade fica em casa", afirmou o presidente. "Às vezes, o remédio demais vira veneno", disse em referência à restrição de circulação e os reflexos para a economia.
Segundo o presidente, as ações tomadas por Doria, por serem excessivas, se converteram num "veneno".
"Acabou ICMS, vai ter dificuldade para pagar a folha agora, com toda certeza, nos próximos um ou dois meses. E [Doria] quer agora vir pra cima de mim. Tem que se responsabilizar pelo que fez. Ele tem que ter uma fórmula agora de começar a desfazer o que ele fez de excesso há pouco tempo. Não vai cair no meu colo essa responsabilidade. Desde o começo, eu estou apanhando dele e mais alguns exatamente por falar isso."
A nova rodada de críticas ocorre apenas dois dias depois de Bolsonaro ter feito um apelo por união em rede nacional de rádio e televisão, com o objetivo de coordenar esforços no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
"Tem uma ponte que foi destruída, que é a roda da economia, o desemprego proporcionado por alguns governadores. Deixar bem claro: alguns governadores. Porque daqui a pouco vai a imprensa falar que eu estou atacando governador. Em especial [o] de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Se eu não me engano, Rio Grande do Sul prorrogou [isolamento social] por mais 30 dias", queixou-se o presidente na tarde desta quinta.
Doria e o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), foram os principais destinatários dos ataques do presidente nesta quinta.
"Esse Carlos Moisés, pelo amor de Deus! Mais um que se elegeu com meu nome", disse Bolsonaro, numa crítica a medidas de fechamento do comércio e de isolamento social.
O governador catarinense rebateu dizendo que "não é hora de discurso político".
"Estamos falando da preservação de vidas. Estamos falando de retomada de atividades com critérios técnicos e colocando a vida em primeiro lugar, a exemplo do que fizemos ontem [quarta, 1°]", disse. "Liberamos com regras rígidas o segmento da construção civil. É isso que estamos fazendo."
Na manhã desta quinta-feira, Bolsonaro já havia divulgado um vídeo em suas redes sociais no qual uma bolsonarista critica os governadores e a imprensa.
A mulher, que se apresentou como professora particular, apela para que o mandatário ponha "militares na rua" para encerrar medidas restritivas adotadas por governadores.
"Não tem condições de a gente viver nessa situação. Vai faltar coisa para os meus filhos dentro da minha casa. Estou aqui pedindo para o senhor: põe esses militares na rua, põe para esse governador [do Distrito Federal], [que] já decretou de novo mais um mês sem aula, sem nada."
Ela se referiu ao governador Ibaneis Rocha (MDB), que, nesta segunda-feira (1), prorrogou medidas de isolamento social no DF. Em seu depoimento, a mulher também criticou os governadores que adotaram ações restritivas.
"Esses governadores querem o quê? Todo mundo tem a casa deles, o dinheiro deles. E eu não tenho nada. A gente tem o senhor. É isso que a gente tem. Acordo cedo, não durmo, preocupada com a minha vida. E milhares de pessoas estão assim".
Ela também atacou a imprensa: "Eu sou mãe de família, sou separada, tenho meus filhos. Vim ontem [quarta], estou aqui hoje e venho pedir para o sr. Porque a imprensa não ajuda a gente, a imprensa faz é acabar com a nossa vida. Eles não passam necessidade, estão aí só para falar mentira, para acabar com a vida do povo. Não sabem a necessidade de cada um", declarou.
Ao final da declaração da simpatizante, Bolsonaro disse que ela fala "por milhões de pessoas".
Nesta semana, o presidente havia sinalizado moderação com um discurso que falava em pacto nacional frente ao "maior desafio da nossa geração".
"Agradeço e reafirmo a importância da colaboração e a necessária união de todos num grande pacto pela preservação da vida e dos empregos: Parlamento, Judiciário, governadores, prefeitos e sociedade", declarou na terça-feira (31).
Uma semana antes, o presidente foi alvo de pesadas críticas após um pronunciamento em que menosprezou a gravidade da pandemia, atacou governadores pelas medidas de isolamento social, às quais chamou de "política de terra arrasada", e culpou a imprensa pela crise do coronavírus.
A moderação sinalizada no discurso de terça-feira, no entanto, durou pouco. Já na manhã de quarta-feira (1º) Bolsonaro voltou a criticar governadores e medidas de isolamento.
O presidente chegou a compartilhar um vídeo em que um homem aparece na Ceasa (Central de Abastecimento) de Belo Horizonte e relata uma situação de desabastecimento. Isso foi desmentido pela Ceasa, e Bolsonaro teve de pedir desculpas por ter feito a publicação sem checar.
"Foi publicado em minhas redes sociais um vídeo que não condiz com a realidade para com o Ceasa/MG. Minhas sinceras desculpas pelo erro", escreveu.
Depois que o desmentido começou a circular nas redes sociais, o presidente também apagou a publicação original que havia feito no Twitter, no Instagram e Facebook.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o histórico de radicalização de Bolsonaro e publicações feitas por ele em suas redes com ataques a governadores fizeram com que líderes políticos nos estados e no Legislativo encarassem com ceticismo o chamado por união feito pelo presidente em seu último pronunciamento.
Bolsonaro também foi criticado após fazer um passeio no domingo (29) pelo comércio de Brasília, contrariando orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do próprio Ministério da Saúde, que defendem o isolamento social como forma de barrar o avanço da Covid-19.
Em Ceilândia (DF), Bolsonaro conversou com vendedores como um assador de churrasco em espetinhos e defendeu sua visão de o comércio ficar aberto. "Eu defendo que você trabalhe, que todo mundo trabalhe. Lógico, quem é de idade fica em casa", afirmou o presidente. "Às vezes, o remédio demais vira veneno", disse em referência à restrição de circulação e os reflexos para a economia.
Folhapress
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