Mandetta não é flor que se cheire
Em toda regra há exceções, mas o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, afastado do Ministério da Saúde trombado com o presidente Bolsonaro, não se inclui entre os políticos probos. No exercício do cargo com tamanho holofote proporcionado pela pandemia do coronavírus deu uma de bom moço, com fala mansa, educada e dono da verdade, vestal da moralidade e da honradez.
Como todo político deve-se olhar pelo retrovisor, espiar Mandetta é se deparar com baita telhado de vidro. É ficha suja, nada do que pintou da falta seriedade exibida. Sujou sua ficha quando ocupou a Secretaria de Saúde de Campo Grande, capital do seu Estado, o Mato Grosso, acusado de envolvimento em alguns escândalos, entre eles a contratação de uma empresa para gestão de informações na área de saúde, no valor de R$ 8,16 milhões.
Em troca, ele teria recebido favores em campanha eleitoral. O Ministério da Saúde repassou o referido valor ao contrato e a Prefeitura, R$ 1,81 milhão. Segundo uma ação de 2015, movida pela Procuradoria de Campo Grande, o serviço não foi entregue. O mesmo documento afirma que o município teve de devolver à União R$ 14,8 milhões. Mandetta sempre contestou a acusação.
Mesmo com perfil discreto, Mandetta é conhecido por amigos por não esconder “a real” situação dos fatos. Quando foi convidado para ingressar no ministério, ele avisou Bolsonaro de que era investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois. O presidente não fez qualquer reparo e observou, à época, que o médico “sequer” era réu. O caso estava no Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi remetido à Justiça Federal do Estado depois da decisão da Corte que restringiu o foro privilegiado a parlamentares a crimes cometidos no exercício do mandato.
Outra ação contra Mandetta trata de supostas fraudes em convênios com o Sindicato dos Policiais Civis, também no período em que era secretário de saúde em Campo Grande. De acordo com a denúncia, houve um repasse irregular e sem licitação da pasta de R$ 128 mil ao Sindicato. Já o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) denunciou, durante sessão na Câmara, terça-feira passada, que o presidente da Câmara Municipal de Imperatriz, Jose Carlos Soares, está envolvido num desvio de mais de R$ 43 milhões do Ministério da Saúde.
Os valores foram repassados para o município de Imperatriz, no Maranhão, diretamente do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal da cidade em 2019. O deputado solicitou ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que faça a instalação urgente das comissões permanentes a fim de que essa denúncia possa ser investigada o mais rápido possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário